Capítulo 5
Bianca Almeida
— Não sei os seus planos, mas por enquanto tem carta-branca para continuar. — Sra. Molloy diz quando entramos na cozinha. — Desde que os pequenos Brewer não sejam prejudicados e machucados, tudo bem.
Faz pouco tempo que havia chagado com as crianças. Christopher está trabalhando de casa. Mesmo que sejam crianças atentadas, não faria mal nenhum a elas. Claro que precisamos chamar atenção, mas não sou pai e mãe de ninguém para usar outras formas que acredita dar certo na educação. Essas crianças precisam de limites e darei o meu melhor para ajudá-los. Christopher está na sala de cinema com seus filhos e por hora não preciso fazer nada já que a minha única função é cuidar das crianças, então aproveito esse momento para me inteirar sobre a vida delas. Não fiquei surpresa quando a Sra. Molloy me entregou outro dossiê, ela deve ter várias cópias guardadas para cada funcionário novo que chegar.
Coloquei o dossiê em cima da mesa da cozinha e me sentei para poder estudar aquelas crianças. Parece que meu problema principal é a Danielle, a pequena Lilia é a mais calma e fácil de conversar. Pedro tem o temperamento do pai, mesmo que siga os passos da irmã. Tem que começar a conquistar da pequena para a maior, tentando desestabilizar a mais velha. Até porque se a Danielle começar a cooperar teremos paz nessa casa. Perdi meu tempo ali sentada lendo o máximo que podia sobre as crianças, parando um pouco para descansar, troquei algumas mensagens com a Claire avisando que consegui o emprego.
— Espero que não esteja passando informações sobre os meus filhos. — Christopher fala entrando na cozinha.
Acabei me assustando e deixando o celular cair em cima da mesa, coloquei a mão contra o peito e respirei fundo.
— Você me assustou! Não podia ter feito algum barulho…
— A casa é minha. — Christopher passa por mim indo até a geladeira. — E os meus filhos são minhas prioridades, espero que esteja ciente.
De costas para mim, suas palavras soam como uma ameaça. Engoli em seco.
— Eu… não…
— É apenas um aviso. — Sr. Brewer pega a água na geladeira e pega um copo no armário. — Preciso de uma babá competente e se você machucar meus filhos…
Ele me lembrou que a Sra. Molloy falou mais cedo. E já havíamos conversado sobre esse assunto na sua visita inesperada a minha casa.
— Meu Deus, gente! — Jogo minhas mãos no ar. — Tenho cara de machuco crianças? — Christopher franziu levemente a testa, achando meus gestos exagerados. — Preciso do emprego. — Sou sincera com ele. — Não vou fazer mal algum com seus filhos, sou uma pessoa boa e não duvido que você já tenha investigado até meus antepassados…
— Você é sempre tão bocuda assim? — Christopher massageou as têmporas.
Me calei, olhei para ele preocupada.
— Você está bem? Posso ajudar?
Christopher me olha estranhando minha pergunta. Será que fiz algo errado?
— Você é sempre tão prestativa? — Não gosto do deboche em sua voz.
— E você é tão…
Christopher aponta o copo em minha direção, estreitando os olhos.
— Cuidado com as suas palavras mocinhas.
Agora sou eu que estranho as suas palavras comigo. Christopher acabou de falar comigo como se fosse uma criança. Ele também percebe o jeito que falou comigo e nem com a cabeça, pronto para sair da cozinha, mas ainda acredito que não esteja bem e me levanto para perguntar novamente. Péssima decisão, me levanto no justo momento que Christopher passa por mim e acabei batendo em seu copo que vira fazendo a água cair em seu corpo, assustada me afastou e tropeço em meus pés. Christopher rapidamente passa seu braço pela minha cintura, trazendo meu corpo para perto do seu.
Com as minhas mãos em seu peito, ergo meu rosto olhando em seus olhos. Sua respiração está pesada e Christopher aperta seus dedos em minha pele por cima da minha blusa, seu olhar desce para minha boca. Oh, droga! O que está acontecendo? Olhei para sua boca e um sentimento estranho desperta em mim. Ai. Meu. Deus. Ele é meu chefe!
Christopher respirou tão fundo, mas tão fundo que fiquei tonta por ele.
— Sai.
E não precisa dizer duas vezes, sai de seus braços e peguei o dossiê, saindo correndo da cozinha. O combinado é que ficasse até às 18 horas da noite, as crianças não queriam me ver nem pintada de ouro e a qualquer oportunidade estavam com o pai. O que acabou de acontecer com Christopher foi coisa de momento e esquecerei! Andando pela casa me perdi quatro vezes, mas sempre aparecia um funcionário para me salvar. A casa é muito grande e fácil de se perder, um dos funcionários me confessou que nessa casa tem mais de 20 empregados. Área externa da casa encontrei com a família Brewer, fiquei escondida na entrada vendo severo Sr. Brewer ser uma manteiga derretida com seus filhos. As crianças nem pareciam minis terroristas.
O celular de Christopher tocou e ele precisou se afastar das crianças para atender o telefone. Automaticamente o rosto das crianças se tornaram tristes e cada um se levantou para fazer alguma coisa do seu interesse. Resolvi aparecer, estranhando essa mudança de humor.
— Ei, por que está assim? — Olho na direção que Sr. Brewer foi. — Não vão esperar o pai de vocês?
Danielle passa por mim sem dizer nada, não antes de bater seu ombro no meu. Achei que Pedro teria a mesma reação, mas parou na minha frente com Lilia.
— Sempre que papai atende o celular significa que o nosso tempo com ele acabou. — O seu rostinho triste parte meu coração.
— Papai trabalha muito, Pedro. — Lilia coloca a mão no ombro do irmão. — Mas ele ama a gente…
Pedro afastou a mão da irmã e o sorriso triste virou raiva em seu rosto.
— Será mesmo? — Pedro sai em passos firmes.
Lilia abaixou a cabeça, se segurando para não chorar. Me abaixei na sua frente segurando seu queixo com delicadeza, fazendo a pequena olhar para mim.
— Ei, não chora, princesa…
— Papai ama eu e meus irmãos, não é tia Bi? — Tia Bi, ela me chamando assim, é tão fofo e engraçado ao mesmo tempo. Porém, na frente dos seus irmãos, Lilia fingia nem saber meu nome.
— É claro que ama. — Faço cócegas nela e Lilia rir. — O pai de vocês ama demais vocês.
— Então por que ele trabalha muito? Quando a minha mamãe era viva a gente viajava um montão. — Lilia abriu os braços o máximo que podia. — E agora… papai só sabe trabalhar.
A carinha de choro veio novamente. Abracei Lilia, pedindo que não chorasse enquanto massageava suas costas. Parece que o grande bilionário Sr. Brewer não é tão presente na vida dos filhos, escolhendo o trabalho como prioridade. Isso explica muito. Seus filhos estão revoltados desse jeito sem deixar que parasse nenhuma babá, porque querem chamar atenção do pai. Talvez, garantir o meu emprego e selar a paz com essas crianças seja ajudá-la a ter a atenção do pai novamente.
Ah, não vai ser nada fácil.