Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo V

ANOS ATRÁS

Tempo... era tudo o que precisava ultimamente.

As aulas do cursinho, junto com o começo das aulas e todo estresse de "o que eu vou cursar na faculdade", estavam acabando comigo. Então me desculpem todos, mas eu iria ter um bom momento esse final de semana.

Há meses eu não ia a uma festa, mas hoje sim! Com meus pais fora da cidade e Fernando na faculdade tudo ficava mais fácil.

— Olha só, eu vou ficar com Maicon essa noite, então o Vitor é todo seu. — Bete gritou, para ser ouvida por cima da música alta.

Os meninos tinham ido buscar as bebidas e olhando para Vitor ele não era alguém que me chamava a atenção, mas não era de se jogar fora.

Enquanto eu dançava e bebia não pensei em mais nada, só sentia toda a energia da música e me deixei levar bebendo tudo o que me davam. Vitor pegou minha mão e começou a me puxar escada acima, não fazia ideia de para onde estávamos indo, mas Bete ao menos estava junto.

A música no segundo andar estava bem mais baixa, só comecei a ter mais noção do que estávamos fazendo ali quando vi vários casais se pegando e com certeza transando nos quartos.

Eu não estava indo realmente fazer isso com Vitor, ele poderia ser até gatinho, mas eu ainda estava estupidamente balançada por Marcos. Mesmo tendo passado meses atolada em estudos eu ainda pensava nele.

— Ei gatinha, vem aqui. — Vitor disse, já me prendendo entre ele e a parede.

— Vitor... não... — Ele já estava enfiando a língua na minha boca antes que eu conseguisse formar uma frase com nexo. Suas mãos pareciam estar em todo lugar enquanto eu tentava empurrá-lo. — Não! — eu gritei, quando arranquei meus lábios dele.

— Qual é, você vai gostar gatinha. — ele falou, vindo novamente sobre mim.

— Se você encostar mais um dedo nela eu vou ter de arrebentar sua cara. — Soou a voz grossa que eu não tinha ouvido há semanas. Vitor se afastou devagar e com tédio nos olhos, mas ele não seria estúpido de brigar com Marcos, então simplesmente se afastou. — Vamos embora, Emily. — Lá estava ele novamente agindo como irmão protetor.

— Eu vou esperar pela Bete. — resmunguei, cruzando meus braços.

Eu iria fazer uma cena se preciso, ele não ia me deixar com cara de criança que é arrastada pelos adultos das festas.

Qual é, eu já tinha dezessete, ele não podia continuar me tratando assim.

— Argh, Carlos da conta de tirar a maluca daqui? — ele perguntou para seu amigo.

Melhor amigo na verdade, Carlos era o cowboy da cidade. Ele morava em uma fazenda nas redondezas e insistia em se vestir como um cowboy, com aqueles chapéus e calças apertadas, sem falar nas botas.

— Agora mesmo. — Carlos, com seus quase dois metros de altura, emburacou no banheiro que Bete tinha entrado e saiu de lá com ela sobre os ombros aos gritos.

Quanto tempo eles estavam nos observando para saber onde ela estava?

— E então? Vai querer sair daquele jeito ou vêm numa boa? — Ele não estava brincando quanto a me carregar, ele já havia feito isso quando me meti em uma briga no final do ano passado.

Passei por ele batendo os pés e corri para fora da casa. Antes que conseguisse correr para longe ele pegou minha mão e me levou até sua velha picape, me irritando ainda mais.

Encarei a paisagem enquanto me contorcia de vontade de gritar com ele, se Bianca estivesse aqui ela o convenceria a me deixar ficar até o final da festa, mais que diabos ela tinha que estar viajando justo nesse fim de semana!

— Você tem que parar com isso. — comecei, tentando manter minha voz baixa.

— Você deveria estar em casa. — ele murmurou, com sua voz de pai aparecendo. — O que acha que seus pais estariam pensando se soubessem o que estava fazendo? É óbvio que eles não estão na cidade ou você estaria em casa como uma boa menina.

— Pro inferno você com essa história de boa menina. Eu não sou como Bianca! — eu já estava gritando, ele conseguia me tirar do sério em dois minutos, no bom ou no mal sentido.

— Nem como Elizabete! — ele gritou de volta. — Realmente não sei como vocês podem ser amigas, ela não te faz bem.

— E você? Porque não para de dar uma de bom moço? Sua irmã não está aqui então não precisa manter as aparências! — gritei de volta, ele não iria ofender Bete sem olhar para o próprio umbigo.

— De que merda você está falando? — Ele estava irritado, mas no segundo seguinte seu semblante mudou de raiva para constrangido. Foi aí que fiquei confusa por inteiro. — Eu não cuido de você por aparência ou para parecer bom para minha irmã, pelo amor de Deus Emy!

— Eu sei o que vai dizer, que me vê como sua irmã e estou cansada disso. Não sou sua irmã Marcos, então supera isso! — Ele respirou fundo tentando manter a calma enquanto parava na entrada da minha casa, mas antes que ele estacionasse eu pulei da picape e corri para a porta. O que eu não esperava era que ele viesse atrás de mim e entrasse comigo em casa. Marcos nunca tinha entrado na minha casa, nem mesmo quando mamãe o chamava para almoçar, ele sempre inventava algum compromisso. — Já estou em casa guarda costas, pode ir.

— Se você não se importar eu vou ficar. — Eu estanquei assim que ele terminou a frase.

Universo! Que brincadeira é essa agora?

Eu não podia continuar com isso, foi o que percebi assim que ele se jogou no sofá ao meu lado e tirou a jaqueta de couro.

Ele ficaria todo à vontade enquanto eu estaria lá calculando cada passo, cada coisa que ia falar, para não parecer infantil perto dele.

Emily você precisa dar um basta nisso!

— Não Marcos! Você não pode ficar aqui! — exclamei, pulando para longe dele. — Eu não aguento mais isso, a gente precisa de espaço. É isso! — Eu parecia uma verdadeira maluca gritando coisas sem sentido e abanando as mãos no ar. Ele se levantou ficando cada vez mais próximo. — Você não escutou nada do que disse? Espaço...— eu sussurrei, até que ele pegou minhas mãos e me puxou.

— Eu não consigo ficar longe de você. Por mais que eu queira não consigo. Então não Emy, não posso te dar espaço.

A primeira vez que ele ficou tão perto de mim foi quando me beijou na testa, mas hoje não parecia que ia apenas beijar minha testa como sempre fazia.

E ele fez, simplesmente grudou seus lábios nos meu, me deixando ali com a cabeça rodando. Isso estava errado de tantas formas e mesmo assim eu queria mais.

Assim que ele ergueu a mão para segurar meu rosto eu me segurei em seu tronco, para garantir que ele não fugiria.

Seus lábios passeavam macios e firmes sobre os meus, e eu estava mais ferrada do que já estive qualquer dia!

— Você não pode fazer isso e... depois fingir que nada aconteceu. — murmurei contra seus lábios.

— Nem se eu quisesse. — sussurrou, e voltou a me beijar. Sua língua brincava com a minha, ele sugou meu lábio inferior com os seus e eu gemi contra sua boca. Os beijos foram ficando cada vez mais exigentes e afobados, até que acabamos caindo no sofá. Mas mesmo que ele tivesse fama de badboy eu sabia que podia confiar nele. — Tudo bem para você se continuarmos assim?

Ele me encarou com tanta sinceridade nos olhos, e eu poderia até estar errada, mas dava para ver que ele sentia algo por mim.

Então eu percebi que estava realmente apaixonada por Marcos Almeida. Acenei que sim com a cabeça e o puxei para mim.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.