Tese Sobre o Prazer - Capítulo 5
A mensagem chegou às 3:17 da manhã.
"Você sonhou comigo hoje?"
Ela acordou com o som da notificação, o celular iluminando seu quarto escuro. O coração disparou antes mesmo de ler. Não precisava checar o remetente. Ninguém mais mandava mensagens nesse horário. Ninguém mais falava com ela daquele jeito.
Ela digitou uma resposta antes que o sono a deixasse pensar direito.
"Sim."
Três pontinhos apareceram. Sumiram. Voltaram.
"O que eu fiz com você no sonho?"
Seus dedos congelaram sobre a tela. Porque ele sabia. Claro que sabia. No sonho, ele a tinha encurralado na sala de arquivos da biblioteca, a mão dele tapando sua boca enquanto a outra—
O celular vibrou novamente.
"Amanhã. Sala de arquivos. Meia-noite."
Ela não respondeu. Não precisava.
O dia seguinte passou em um borrão. Ela atravessou as aulas como um fantasma, a pele sensível onde ele a tinha marcado na véspera. Quando o professor de Literatura mencionou Crime e Castigo, ela quase derrubou a cadeira ao se levantar rápido demais.
Às 23:55, o campus já estava deserto.
A biblioteca fechava às 10, mas ele tinha deixado a porta dos fundos destrancada. Sempre deixava. Ela entrou em silêncio, o coração batendo tão forte que doía.
A sala de arquivos ficava no subsolo, um labirinto de estantes metálicas e pastas empoeiradas. A luz de emergência pintava tudo de vermelho-sangue.
Ele estava esperando no centro da sala, sentado em uma mesa de madeira escura, os óculos refletindo a luz fraca.
— Atrasada — ele disse, sem olhar para o relógio.
Ela parou a dois passos de distância.
— São exatamente meia-noite.
Ele finalmente ergueu os olhos, e o sorriso que fez a deixou sem ar.
— Tira a roupa.
Ela usava a saia como ele tinha pedido—preta, justa, com um zíper lateral. Suas mãos tremeram ao puxá-lo.
— Devagar — ele ordenou, tirando os óculos e limpando as lentes no tecido da camisa. — Quero ver você se arrastar.
Ela respirou fundo e obedeceu, deixando a saia escorregar pelos quadris até o chão. A calcinha era a mesma que ele tinha devolvido—a que ela tinha levado embora no bolso dele.
Ele observou cada movimento, os olhos escuros como facas.
— Agora a blusa.
Os botões demoraram mais do que deveriam. Quando o tecido caiu, ela ficou só de sutiã, a pele arrepiada no ar gelado do subsolo.
Ele se levantou então, fechando a distância entre eles em dois passos largos. Seus dedos traçaram a linha do sutiã, parando no meio dos seios.
— Você usou preto. Bom garota.
O elogio queimou mais que qualquer toque.
Ele girou ela de costas de um puxão brusco, pressionando seu torso contra a mesa. O metal gelado colou na sua pele nua.
— Conta até dez.
Ela engoliou.
— Um.
O primeiro tapa veio sem aviso—duro, preciso, na curva direita das suas nádegas. Ela gritou, os dedos se agarrando na beirada da mesa.
— Dois.
O segundo foi mais forte. Ela sentiu a pele esquentar, a dor deliciosa se espalhando.
Quando chegou em dez, suas pernas tremiam, e ela estava molhada demais para fingir que não queria mais.
Ele a virou de novo, os olhos escaneando seu rosto inchado de prazer.
— No sonho, eu te comi por trás — ele sussurrou, mão enroscando em seus cabelos. — Mas agora...
A mesa rangiu quando ele a sentou na beirada, abrindo suas pernas com os joelhos.
— Agora você vai me ver.
Ele entrou nela de um golpe só, e ela arqueou, os dedos dele marcando seus quadris. Cada movimento era calculado para doer—para deixar lembranças.
Quando ela começou a se contorcer, ele a puxou para a beirada da mesa, forçando-a a se ajoelhar no chão áspero.
— Abre.
Ela obedeceu, a língua estendida, e ele gemeu quando derramou-se nela, salgado e quente.
Ele a puxou de volta para cima, limpando sua boca com o polegar antes de beijá-la profundamente.
— Sua vez.
Seus dedos encontraram-na quente e pronta, e foi preciso apenas três toques para que ela caísse, abraçando-o como se ele fosse o único ponto sólido no universo.
Quando ele a ajudou a se vestir depois, suas mãos eram surpreendentemente gentis.
— Amanhã — ele disse, colocando os óculos de volta, já o professor perfeito de novo.
Ela sabia que não era um convite.
Era uma ordem.
E como sempre, ela já estava ansiosa para obedecer.
A luz do corredor a cegou quando saiu do subsolo. Seus passos ecoavam no silêncio do campus, cada batida de seus saltos no asfalto parecia marcar o ritmo acelerado do seu coração. A saia agora estava levemente amarrotada, e o zíper puxado até o fim – como se quisesse esconder o que acontecera lá embaixo.
Mas ela sabia que nada poderia esconder.
O ar da noite estava fresco, contrastando com o calor que ainda queimava sob sua pele. Ela levou os dedos ao pescoço, onde os lábios dele haviam deixado marcas que certamente escureceriam até o amanhã.
"Você vai usar um lenço no pescoço amanhã."
A ordem não tinha sido dita em voz alta, mas ela sabia que era o que ele esperava. Assim como sabia que, se não usasse, ele notaria. E então…
Um sorriso involuntário curvou seus lábios.
E então ele puniria.
O celular vibrou no bolso, e ela não precisou olhar para saber o que estava escrito.
"Quero ver as marcas amanhã."
Ela parou no meio do caminho, os dedos tremendo levemente ao digitar:
"Você vai."
Os três pontinhos apareceram e desapareceram. Ele não responderia mais. Nunca respondia depois que ela obedecia.
O apartamento dela ficava a quinze minutos do campus, um estúdio pequeno e silencioso, onde nada interrompia seus pensamentos – ou a ausência deles. Ela trancou a porta atrás de si, deixando a bolsa cair no chão antes de se encostar na parede.
A respiração ainda estava acelerada.
Fechou os olhos e reviu cada momento: as mãos dele prendendo seus pulsos, a mesa fria contra sua pele nua, a voz rouca sussurrando ordens que ela seguiria sem hesitar.
Quando abriu os olhos novamente, seu reflexo no espelho a encarou – cabelos desalinhados, lábios inchados, olhos escuros de desejo ainda não saciado.
Ela deslizou as mãos pela saia, sentindo o leve tremor nas coxas.
"Amanhã."
A palavra ecoou em sua mente como uma promessa.
Mas o que ele planejava? Sala de aula? Biblioteca? O escritório dele, depois que todos fossem embora?
O celular vibrou novamente.
Dessa vez, era uma foto.
Apenas uma imagem escura, indistinta… até ela perceber o que era.
O chão do subsolo.
Onde ele a tinha feito ajoelhar.
Onde ela tinha engolido ele inteiro.
E então, uma mensagem:
"Você deixou suas meias lá. Vai ter que voltar para buscar."
Ela olhou para os próprios pés – descalços agora, as meias pretas realmente faltando.
Quando ele as tinha tirado?
O coração acelerou novamente.
Ele sempre fazia isso. Sempre a deixava com algo faltando, algo que a faria voltar. Um livro esquecido. Uma peça de roupa. Um pedaço de si mesma.
Ela respondeu antes que pudesse pensar melhor:
"Quando?"
A resposta foi imediata.
"Quando eu quiser."
Ela soltou um arzinho tremido, os dedos apertando o tecido da saia.
Porque ela sabia o que isso significava.
Ele não a chamaria amanhã.
Ou depois.
Ele a faria esperar.
Até que a saudade doesse demais.
Até que ela implorasse.
E então, só então…
Ele a deixaria voltar.
