Capítulo 2
Mas a verdade é que Ronaldo havia ignorado completamente a situação, fingindo que ela não existia. Eles já tinham tantos problemas, sua cabeça já estava transbordando de pensamentos, acrescentar mais um à lista só pioraria as coisas. E eles não precisavam de mais complicações nesse período delicado. Naquele momento, porém, todos aqueles sinais que ele aparentemente havia eliminado pareciam ter voltado mais vivos do que nunca.
- Foi o que pensei", comentou ele, balançando a cabeça. - Se você quer tentar novamente, por que não começa a tomar alguma atitude concreta em vez de ficar aqui me acusando de coisas absurdas? - perguntou ele retoricamente, antes de continuar a subir a escada até o topo. Dessa vez, Adelaide ficou parada, não o seguiu.
Ronaldo fechou a porta de seu escritório atrás de si e sentou-se na beirada do sofá-cama. Ele passou a mão no rosto e respirou fundo. Queria parar de pensar, não queria mais se atormentar com seu passado. Tirou o celular do bolso da calça, abriu-o e pegou a mensagem da garota.
-Você não deveria estar dormindo? -
Ele respondeu, colocou o telefone no colchão e se levantou. Chegou à escrivaninha, pegou outro cigarro e o acendeu. Pensou nela, nas noites que passaram juntos, enquanto a fumaça saía de sua boca, dando-lhe uma sensação de alívio.
Ember havia retornado recentemente ao hotel quando ele decidiu enviar-lhe aquela mensagem. Já era tarde, Hailey, deitada ao lado dele naquela cama, parecia estar dormindo. Ela não estava com sono, havia tentado fechar os olhos várias vezes, mas nada. Então ele ficou de costas para ela, pegou o celular no criado-mudo e mandou uma mensagem para ela.
Ele não havia pensado muito sobre isso, simplesmente o fez. Ela passaria o tempo e garantiria que ele pensasse nela mesmo na presença da esposa.
Ele estava esperando há vários minutos, olhando para o teto e sua paciência diminuindo lentamente, quando a tela do telefone se iluminou e chamou sua atenção. Ele leu a resposta e deixou seus lábios se curvarem em um sorriso.
- Em uma cama com você? -
- Sim.
Ele disse, envolvendo-se completamente no cobertor.
Muita coisa havia mudado em uma semana. Ele estava tentando se convencer de que seu plano de vingança ainda estava em andamento, mas deveria ser apenas uma noite, e não foi. Ele procurou por ele novamente depois daquela noite em seu quarto e não conseguiu tirá-lo da cabeça. Ele procurou por ela novamente depois daquela noite em seu quarto e não conseguiu tirá-la da cabeça.
Ele continuava dizendo a si mesmo que estava tudo bem, que havia apenas adiado um pouco o fim de toda essa história. Mas ele a encerraria, e o faria logo.
-Foi você quem me forçou a ir embora. -
Damien, com o cigarro entre os lábios, escreveu e enviou aquelas palavras. Pensando no quanto ele realmente queria estar na cama com ela.
- Era a coisa certa a fazer. Você também sabe disso. -
A resposta veio quase imediatamente e Damien finalmente entendeu o motivo de suas ações. As perguntas que Adelaide havia feito a ele antes deram sentido à insistência dela em mandá-lo com ela naquele fim de semana. Qualquer suspeita sobre eles tinha que ser extinta antes mesmo de nascer.
- Agora era. -
Ember leu a mensagem e decidiu que ainda não era hora de encerrar aquela conversa. Ela queria brincar um pouco antes.
- Posso sentir que você está ficando entediado, mesmo aqui. -
Ela disse sorrindo ao imaginar a expressão dela quando leu a mensagem.
- Eu poderia dizer o mesmo para você, sabe? -
Ele argumentou, achando que estava animando-a.
- Se eu estivesse aqui, na sala ao lado, eu saberia como fazer você passar o tempo. -
-Não tenho dúvidas quanto a isso. Mas dado o seu interesse por escrivaninhas, talvez você se divirta mais aqui no meu escritório. -
Ele escreveu e enviou, surpreso consigo mesmo. Ele estava decidindo entrar na brincadeira, provocando-a. Ele estava passando o tempo mandando mensagens para ela, como qualquer garoto apaixonado por uma adolescente. Ele não fazia algo assim desde que estava no ensino médio, já fazia algum tempo.
- Você seria tão imprudente a ponto de transar comigo na mesma casa que sua esposa? -
Eu sabia que seria uma loucura. Ela era louca, mas não a esse ponto. No entanto, ele ainda se pegava pensando em como teria sido estar em seu escritório, em sua casa, com sua esposa em um dos quartos, enquanto ele a fodia na escrivaninha ou contra a parede. Ele ficou excitado só de pensar nisso, sentindo sua intimidade ficar úmida.
- Nesse caso, não seria imprudência, seria loucura e uma forma de autocondenação. -
Ele apontou isso para ela.
- Embora a fantasia não seja proibida. -
Ela respondeu, fazendo com que ele entendesse o que ela queria dizer.
- Se você estivesse lá, o que faria? -
Damien leu a segunda mensagem e se viu realmente pensando no que poderia ter feito. E ele se sentia cada vez mais como um garoto tentando conquistar a pessoa de quem gostava desde o ensino médio. Mas era exatamente o que ele precisava. Ele era um adulto que precisava se sentir jovem novamente. Ele precisava saber que nem todo o seu tempo foi desperdiçado.
- Você sabe, aqui no meu escritório há uma janela octogonal com vista para o jardim e você também pode ver um pedaço do Regent's Park, o último, que vai até Primrose Hill. Eu pediria para você colocar as mãos na borda superior e abrir as pernas. Eu pegaria você por trás, até que nossas respirações embaçassem o vidro. Até você tremer e tensionar os músculos. Eu apertaria suas coxas, fazendo você gemer. Porque eu gosto de saber sobre você. Embora ultimamente eu não tenha conseguido aproveitar seus gemidos. -
Ember prendeu a respiração, lendo o que ele havia escrito para ela.
Ela já havia trocado mensagens como essa com Carter e com outros rapazes também. Mas Ronaldo havia conseguido acertar em cheio, sem ser direto ao ponto, nem vulgar nem rápido. Ele havia criado um cenário, havia lhe proporcionado sensações que alimentavam e tornavam sua imaginação mais real.
Quem era esse homem com quem ela tinha vivido por trinta e nove anos ou mais? Para onde tinha ido esse homem taciturno, calmo e cumpridor de regras em todas as situações?
Quando ele estava com ela, esse lado dele parecia desaparecer completamente. Era como se você estivesse se redescobrindo e se conhecendo novamente.
- Eu me arrependo de ter mandado você embora no fim de semana. -
Ela escreveu, tentando ignorar o fato de que agora estava bastante excitada e que na cama ao lado dela estava Hailey, que naquele momento havia gemido alguma coisa e depois rolado nos lençóis.
- Faz parte do jogo. -
- Boa noite, Ember. -
Ele lhe respondeu encerrando aquela conversa, mais uma vez usando uma frase que ela havia dirigido a ele.
Ele não continuaria a pressioná-la, não porque não gostasse dela, mas porque não queria dar a ela a satisfação de vencer novamente.
Ember congelou a tela do telefone, colocando-o na mesa de cabeceira e bufando ruidosamente. Ela tentou dormir, tentando ignorar a emoção, mas depois de alguns minutos ela se viu indo para o banheiro. - Que se dane", ele sussurrou, fechando e trancando a porta atrás de si.
Ele deslizou com as costas contra a superfície, até ficar sentado no chão. Movendo lentamente o tecido da calcinha, ela passou os dedos sobre sua intimidade, molhando-os com seu próprio suco. Ela começou a se tocar, apertando o lábio inferior entre os dentes para não emitir nenhum som. Ela fez isso pensando nele, no que ele havia escrito naquela mensagem.
Ronaldo também havia abandonado o celular sobre a cama. Tinha um cigarro novo entre os lábios enquanto seu olhar se voltava para a janela. Mentalmente, ele imaginou como seria fazer sexo com ela, com a vista daquele parque. Ele precisava descansar, desligar o cérebro por um momento e se preparar para enfrentar o dia seguinte, mas a essa altura o sono parecia tê-lo abandonado completamente.
E então, um relâmpago dividiu o céu, iluminando a noite sombria e sua mente. Ele se virou para a escrivaninha, atravessou-a, pegou o computador e abriu o arquivo no qual estava escrevendo o livro. O livro estava parado há semanas, mas ele acabara de receber uma inspiração repentina. Ele decidiu não desperdiçá-la e começar a trabalhar imediatamente.