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2

Ao sair, encontrei Stacy me esperando.

- O que aconteceu lá dentro? O Juan saiu irritado.

- O professor fez algo injusto. Como seu namorado não entregou o trabalho, eu fui escolhida para ser tutora dele, e ele só tem tempo no sábado.

- Então não o ajude e pronto.

- O problema é que minha nota depende disso. Você sabe onde está o pai dele?

- Ele trabalha num revendedor de carros chamado "O Louco Luis".

- Acho que vou fazer uma visita a ele hoje.

- O que você vai fazer?

- Você verá.

Saí da universidade, peguei um táxi e, em poucos minutos, estava em frente à loja de carros. Enquanto olhava os modelos, sonhava em ter meu próprio carro algum dia.

- Tem bom gosto para carros! Esse aí é um clássico. Sou o Louco Luis.

- Desculpe, na verdade, não vim comprar um carro. Vim procurar o senhor.

- Fico surpreso de uma moça vir atrás de mim.

- É sobre seu filho, Juan. Mas, se possível, gostaria de falar num lugar mais reservado.

- Desculpe, mas esta é minha "oficina"; pode falar.

- Seu filho não entregou o trabalho final hoje. Parece que ele não tem nada pronto e o professor me colocou como tutora dele. Mas, pelo visto, ele não está nem aí.

- Deixe-o pra lá e pronto.

- Eu deixaria, se fosse fácil. Mas minha nota depende disso. Não quero ser prejudicada pela irresponsabilidade dele.

- Você quer que eu converse com ele, para que cumpra as tarefas?

- Exatamente. Ele quer que eu faça tudo. Trabalhei várias noites para terminar o meu projeto e pensei que hoje finalmente ia descansar. Mas parece que os sacrifícios vão continuar.

- Bom, se é isso, vou ver o que posso fazer, mas não prometo nada. Agora preciso entrar, então nos vemos.

Agora entendo por que o Juan é assim; se o pai é igual, nenhum dos dois se importa com o impacto de suas ações nos outros. Fui para casa decepcionada, sentindo que todo o esforço só me renderia uma nota medíocre. Caí na cama e dormi, até minha mãe me chamar para o almoço. Ao acordar, vi várias chamadas perdidas da Stacy e um recado de voz.

"Amiga, não sei o que você fez, mas o Juan está furioso e quer falar com você. Por favor, me liga!"

Liguei de volta rapidamente.

- Até que enfim, hein? O que você fez? O Juan está bravo comigo, mas não sei por quê.

- Só fui falar com o pai dele. Não vou perder meu tempo com esse inútil, e parece que o pai é igual.

- Acho que não, porque ele quer falar contigo faz duas horas. Parece que o pai o ameaçou: se não passar, perde o dinheiro e terá que arranjar um emprego.

- Bom, o senhor foi bem rude comigo.

- Vou te passar o número do Juan; por favor, liga pra ele logo. Na verdade, vou colocar você na chamada. Quero ouvir o que ele tem a dizer.

Ativei a gravação do meu celular. Qualquer ameaça ou insulto, eu registraria.

- O que você quer? - ele atendeu Stacy.

- Kelly está na linha.

- Kelly, não sei o que disse ou fez, mas agora você terá uma dor de cabeça. Tem cinco dias para me ajudar. Então, nesses cinco dias, vem até minha casa. Meu pai quer ver que estou focado nos estudos.

- Sabe, Juan, prefiro ficar com uma nota baixa a te ajudar. Desde que o professor mencionou a tutoria, você só me trata como se fosse um brinquedo. Arranje outra pessoa.

Houve um silêncio, e depois ouvi o mesmo barulho de antes.

- Desculpe pelo jeito que te tratei. Você pode me ajudar com o trabalho? Se puder começar hoje à tarde, seria melhor.

Fiquei surpresa de ouvir aquilo.

- Assim é diferente. Estarei aí às duas da tarde. Espero que realmente esteja disposto a colaborar.

- Stacy, por favor, passe a ela o endereço. Estarei esperando.

Ele desligou sem se despedir.

- Desde que estou com o Juan, nunca o vi pedindo desculpas.

- Claro, ele sempre consegue o que quer. Se ninguém lhe ensina valores, ele vai se achar o rei do mundo. Bom, vou almoçar e depois vou à casa dele. Me manda o endereço.

- Já te envio. Depois me conta como foi.

- Combinado.

Finalizei a ligação e, pelo menos, fiquei com uma pequena esperança. São só sete dias de sofrimento. Tirei o que não precisava da bolsa, levei só um caderno e uma caneta, e desci para o almoço.

- Filha, demorou para descer. Aconteceu alguma coisa?

- O professor me colocou como tutora do pior aluno da turma. Tenho que garantir que ele entregue o trabalho, e isso vale 30% da minha nota final.

- Sei que você consegue, querida. Ele, ao menos, está interessado?

- No começo, não estava. Tive que falar com o pai dele, que é o dono do revendedor "O Louco Luis".

- Conheço esse homem. Nunca simpatizei com ele. Mas ele te ajudou?

- Sim. Vou à casa do Juan esta tarde para começarmos. Parece que ele apresentou um esboço há três semanas. Vou verificar as notas do professor e ver por onde começo. Tenho só uma semana.

- Bom, então almoce e se cuide. Preciso sair; nos vemos à noite.

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