Capítulo 8
Jones
Chloe só pode estar brincando ou querendo desafiar Maya, o que certamente eu não faria. Seu jeito doce não me engana, ela é capaz de qualquer coisa para se proteger e eu não duvido de nada.
Sinceramente eu não fui avisado sobre a sua entrada e só a vi quando ela invadiu a sala, sem aviso nem nada. Maya nos olhava com fúria nos olhos, enquanto vestia apenas um roupão e esperava alguma explicação.
— Então, Chloe, qual foi a parte que você não entendeu quando eu disse que não compartilho nada que é meu? — Seu tom de voz, por mais baixo que estivesse, estava carregado de ódio e seus olhos não escondem tal coisa, mas por qual motivo ela está brava?
— Quem você acha que é? Acabou de chegar, já casou com o Jones e acha mesmo que ainda pode mandar em mim? Eu ando onde eu quiser e quando eu quiser, e não vai ser você quem vai me impedir ou eu estou errada?
Eu não esperava pelo que estava por vir, mas me assustei quando Maya sacou uma arma e apontou para Chloe e no mesmo instante, ela puxou o gatinho e o tiro passou raspando em seu rosto, fazendo os fios dos seus cabelos voarem. Assim como eu, ela também ficou sem acreditar no que Maya acabara de fazer.
— Você quase me matou, você está louca? O que há de errado com a sua vadia? Por acaso não consegue segurar ela? O Mr. Jones que eu conheço jamais deixaria isso acontecer.
— Ela é a Sra. Jones agora, quem manda é ela e se você não entendeu o que ela disse de primeira, sinto muito por você.
Peguei meu copo com whisky e fui para beira da piscina, até ouvir os gritos de Chloe, enquanto os seguranças a tiravam dali. Esperei que Maya sentasse ao meu lado, mas isso não aconteceu, ela deu meia volta e estava saindo, quando chamei sua atenção.
— Você é bipolar? Você entra aqui, coloca a Chloe para fora, mas antes dá um belo susto nela e depois vai embora como se eu não estivesse aqui? O que você é, afinal?
— Eu só não acredito que você mentiu pra mim, a gente tinha conversado sobre isso hoje e na primeira oportunidade você a traz aqui e ainda me coloca em uma briga idiota.
— Eu não a coloquei em uma briga e muito menos mentir para você. Não me avisaram sobre ela ter entrado, eu não sabia que ela estava aqui até vê-la entrando. A Dina foi rápida em te avisar, estou surpresa com a agilidade daquela senhora.
— Não foge do assunto, Jones. Não fica me fazendo de idiota, por favor. — Seu olhar não negava, ela estava exausta fisicamente e mentalmente imagino que mais ainda.
Finalmente ela baixou a guarda e sentou ao meu lado, pegando o copo da minha mão e bebendo todo o líquido de uma só vez. Somos dois desconhecidos tentando nos encontrar, mesmo não sabendo como isso será possível, já que nada passa de uma grande força.
— Quando você vai colocar homens para localizar o ponto certo do mapa? — Seu único interesse era nesse tesouro, confesso que estou começando a ficar tentando apenas pela forma como ela fala.
— Já enviei alguns deles para o primeiro local onde o mapa indica, mas não acredito que vamos ter sucesso nessas primeiras buscas. Ainda há de vir muitas coisas, é bom que esteja preparada quando esse dia chegar.
— Eu estou sempre preparada, essa é a chance da minha vida e se eu fracassar, não sei o que eu vou fazer da minha vida nem o que vai ser da Mel. Eu tenho medo de que alguma coisa dê errado ou que eu coloque tudo a perder, de alguma forma.
— Marcus nunca errava em nada. Todos os seus planos davam certo, sabe por quê? Porque ele não tinha pressa, ele procurava a perfeição e quando a encontrava, então seus planos começavam a entrar em prática e assim não teve um que não deu certo. Acredito que como filha dele, você não seja diferente, mas está pensando demais e isso acaba precipitando também. Tenha calma, temos tempos e nada que fizemos pode ser em vão, a gente vai conseguir, mas você também precisa ser paciente.
— Eu sei, mas eu… — Seus ombros relaxaram e ela apoiou a cabeça em meu ombro, suspirando e fechando os olhos como se estivesse se desligando.
— Relaxa, Maya. A casa é de vocês, não tenha pressa e vamos viver um dia de cada vez. Eu sei que a gente mal se conhece, mas com o tempo vamos nos conhecendo melhor e assim a gente pode ser amigos, quem sabe?
Quando acabei de falar, ela levantou, tirou o roupão e pulou na piscina. Não hesitei e olhei, ela estava completamente despida e de costas para mim.
— A água está ótima, o que está esperando? — Eu me recuso a acreditar que ela tenha ficado bêbada somente com dois dedos de whisky. — Jones? O que está esperando? Podemos começar a ser amigos agora, um pouco de intimidade nunca é demais, além disso, somos casados, não é?
— Claro! É sempre bom fazer algo inovador para fortalecer a amizade. Você tem razão! — Tirei a roupa e pulei na piscina, ficando do lado oposto em que ela estava. — Então, me diz: o que você vai fazer depois que finalmente colocar as mãos em seu tesouro?
— Sinceramente? Eu não sei! No momento eu só quero ter uma casa segura, onde possa morar com a Mel sem ter que se preocupar com o perigo. Mas, não sei ainda o que vou fazer quando tiver com o dinheiro em mãos. E você, o que vai fazer?
— Vou expandir meus negócios e doar a metade para alguma instituição que ajuda crianças com câncer.
— Não mente pra mim, você está me ajudando porque eu sou filha do Marcus ou porque também tem interesse também? — Não que eu tenha tanto interesse assim, mas não posso dizer o contrário.
— Quem não gosta de dinheiro, Maya? Eu tenho negócios que quanto mais dinheiro eu investir, mais lucro eu terei e eu não estou disposto a perder nada que tenha oportunidade de ter.