Mal-entendido
Scarlett
Acordei com leves batidas na porta. Eu olhei para o lado e Lucy estava dormindo profundamente. Eu me levantei apressada e meio tonta. Olhei através do olho mágico da porta e vi que Matteo estava do outro lado.
Eu me xinguei mentalmente. Claro, eu estava atrasada. Adormeci com os pensamentos confusos e acabei esquecendo de colocar o relógio para despertar.
Rapidamente afastei a cadeira destranquei e abria a porta. Eu agi com tanta pressa que acabei ignorando o tecido transparente da lingerie que eu usava.
Matteo sorriu para mim, mas seu sorriso diminuiu quando ele passou seu olhar pelo meu corpo e voltou para o meu rosto.
Atrapalhada tentei me justificar:
_Me desculpe. Eu fui relapsa e não coloquei o alarme para despertar. Eu vou...
_Calma. Temos tempo. Se arrume, eu vou te esperar no saguão. _ele falou, enquanto a sua mão alisava gentilmente o meu ombro.
Os seus dedos se moveram lentamente em minha pele. E isto me causou um arrepio imediato. Eu me afastei rapidamente antes que ele pudesse perceber o que o seu toque me causava.
_Obrigada Matteo, e me desculpe por fazer você me esperar.
_Eu não vejo problema nisto. Te esperarei o tempo que for preciso. _ quando eu calmamente, mas o seu olhar tinha um brilho selvagem.
Ele realmente estava falando sobre a espera do saguão? _ Pensei.
Ele piscou e se afastou lentamente. Eu fechei a porta, ignorei o pensamento.
Corri para o banheiro e me arrumei o mais rápido que eu podia. escolhi um vestido preto, acinturado e com decote discreto, scarpins médios. Maquiagem discreta, peguei minha bolsa e fui caminhando para o hall de saída. alcancei o cartão reserva do quarto sobre o móvel de entrada e tranquei a porta ao sair. Seria desnecessário acordar Lucy, ela precisava descansar.
Enquanto o elevador descia, eu olhava o meu reflexo no espelho. acho que o vestido realmente valorizava as minhas curvas, mesmo sendo discreto. Ajeitei os fios dos meus cabelos. O corte Chanel longo valorizava as minhas madeixas negras e facilitava na hora de pentear.
Quando as portas do elevador se abriram, eu. Caminhei a passos firmes para o saguão, encontrando o Matteo falando em seu celular. ele ainda não tinha notado a minha presença, e parecia sério e concentrado na conversa. Eu decidi manter distância para dar privacidade para ele. Assim que me viu, ele falou algumas palavras para o interlocutor do outro lado e sorriu para mim. Ele desligou o celular e caminhou em minha direção. Eu observei os seus passos imponentes e seguro. Ele realmente era um homem muito bonito e sedutor. Aquele tipo de sedução que atrai naturalmente. Que a pessoa nem precisa se esforçar para chamar atenção dos demais.
_Vamos?
_Sim. _ tentei manter o meu olhar em seu rosto, e não em seu corpo.
_Por aqui. _ ele fez um gesto me apontando a direção.
Caminhamos lado a lado até ele apertar o telecomando e destravar as portas de um carro à nossa frente. Uma Rover preta, vidros escuros, tão imponente como ele. Ele se apressou e abriu a porta para mim. Realmente a companhia tratava bem os seus comandantes. _ pensei comigo.
Ele esperou que eu me acomodasse e fechou a porta ao meu lado, elegantemente ele fez o giro e entrou do outro lado.
Eu observava enquanto ele dava partida no carro. Ele usava calça jeans e uma camiseta preta justa em seu corpo, deixando assim seus músculos em evidência no tecido. Ele usava óculos aviador e ele era malditamente sexy e selvagem.
Espero que ele seja fiel a sua esposa, pois com certeza ele é o tipo de homem que recebe muitas cantadas. _ pensei.
O carro avançava lentamente pelas estradas movimentadas, e eu me sentia cada vez mais sem graça por estar a sós com ele.
_Tem muito tempo que você está na companhia?
Ele quebrou o silêncio, mas sem tirar os olhos da estrada o que facilitou a minha vida quando abria boca.
_Três anos, e você?
_Faz dez anos.
_Alguém da família na aviação? _ eu perguntei, curiosa.
Ele esboçou um Sorriso fraco e respondeu.
_Eu já tive alguns entes queridos que fizeram parte da aviação.
Pelo tom triste, melancólico de sua voz e a forma é que referiu as pessoas como se estivessem no passado. Eu intuo que elas tinham partido de sua vida, de alguma forma dolorosa. Eu mantive o silêncio após isto, sem saber o que dizer. E então, novamente, ele falou.
_E você tem algum parente na aviação?
_Sim. O meu pai foi piloto. Agora ele está aposentado. E a minha mãe trabalhava no escritório de uma companhia no aeroporto.
_Desde pequena teve contato com aviação? Quando foi o seu primeiro voo?
_Sim. Papai sempre me contava belas histórias quando ele chegava de viagem. O meu primeiro voo aconteceu quando eu tinha dois anos. Fomos para uma pequena ilha na Indonésia. O papai foi o piloto do voo. Eu não lembro de quase nada, mas tenho fotos e vídeos deste momento.
_Estas são as melhores lembranças.
Sorrimos um para o outro e o silêncio se estabeleceu uma outra vez. Mas desta vez, eu quem o quebrei.
_Eu estou um pouco nervosa. Principalmente por ter que reportar tudo à companhia.
_Scarlett, eles estão te apoiando. E provavelmente ainda hoje, alguém da empresa vai te ligar para falar com você.
_Eu espero que não me impeçam de embarcar daqui 3 dias. Por causa de um processo que possa se estender...
_Fique tranquila, eles não farão isto.
Quando chegamos no distrito de polícia. Ele estacionou o carro e eu apressadamente desci. Ele fez o giro do carro e sorriu para mim enquanto se aproximava.
_Fique calma, eu estou aqui com você.
Eu não consegui responder. E nem podia, quando senti uma das suas mãos se apoiar em minhas costas e permanecer por lá o tempo todo enquanto caminhávamos.
Assim que entramos, Matteo nos apresentou na recepção e fomos levados para salas separadas.
Ele segurou a minha mão, me dizendo que estaria me esperando. O interrogatório não durou muito, pois Robert, o passageiro, assumiu os seus erros, confessou estar sob o efeito de álcool e outras drogas mais pesadas. Eu fui informada que, em seguida, ele responderia um processo. A companhia me ofereceu um representante para a audiência, que seria dentro de algumas semanas. Eu saí da sala de interrogatório aliviada. Matteo estava encostado na parede, me esperando.
_Agora que estamos liberados, te ofereço para irmos tomar aquele café. Que tal? _ ele sorriu para mim.
_Eu só aceitarei, somente se você me deixar pagar. Como forma de agradecimento por tudo o que você fez por mim.
_Saiba que eu faria muito mais. Não precisa...
_Nada negociável, senhor comandante. _ dou um Sorriso para ele.
Ele sorriu e apenas concordou com um gesto de cabeça. Quando estávamos nos aproximando do carro, ele abriu a porta para mim, mas antes que eu pudesse entrar, ele sussurrou em meu ouvido.
_Você me chamando de “senhor comandante”, me faz ter pensamentos deveras inadequados.
O seu sussurro é quente e uma mão toca levemente a minha enquanto estou entrando no carro. Apenas um pedaço de pele sob o seu toque, apenas algumas palavras sussurradas. Era proibido e contra os meus princípios. Mas o Matteo mexeria comigo, eu não podia negar.
Quando sentei e ele fechou a porta, eu senti as minhas mãos trêmulas. Ele entrou no carro e não comentamos nada sobre o que tinha acontecido. E eu, sinceramente, só consegui enxergar a Aliança em seu dedo. Eu tentava sorrir e deixar tudo aquilo para lá. Mas isto não duraria muito.
Quando chegamos na cafeteria, o telefone dele tocou e ele se afastou um pouco para atender. O enjoou veio em minha garganta. Com certeza deveria ser a esposa dele. Quando ele voltou, eu estava extremamente desconfortável. Mas eu não poderia desistir naquele momento. Eu tinha prometido o café como um agradecimento e assim eu faria. Ele sorriu para mim, e eu me esforcei para sorrir de volta. Entramos e eu pude ver que o lugar era realmente muito lindo. E o cheiro de pães recém assados, era maravilhoso. Sentamo-nos a uma mesa aconchegante no fundo da sala. Logo, uma garçonete se aproximou para anotar os pedidos.
_Bonjour...
Matteo sorriu respondendo bom dia para ela e logo olhou para mim:
_Deseja algo em particular? Ou confia em mim para fazer o seu pedido?
_Tudo bem, você já esteve aqui, vou confiar em você.
Ele sorri, satisfeito e usando o seu francês perfeito. Ele pede dois cappuccinos, dois crepes suzette. A garçonete anotou o pedido, Era impossível não perceber o quanto ela estava interessada nele. Antes de sair, ela sorriu e piscou para ele.
Que ordinária! Será que ela não viu a Aliança no dedo dele? _ Pensei irritada.
Ele ficou um tempo estudando o meu rosto. Antes de dizer:
_Você está bem?
_Sim. Estou apenas ansiosa para provar o café. _ menti.
Ele me olhou desconfiado, mas decidiu não comentar nada a respeito. Ele sorriu e educadamente, continuou a conversa.
_Então você mora em Milão com a Lucy?
_Sim. Ficamos um tempo separadas, ela entrou antes de mim na Oncy Airlines. Eu ainda trabalhava na Arábia Airlines. Depois da minha seleção para a companhia, eu fui morar em Nova Iorque. Mas quando abriu a oportunidade de ir morar em Milão com a luz e eu aceitei de imediato e foi maravilhoso. Pois eu sentia falta dela.
Ele sorriu e abriu a boca para falar algo, mas o nosso pedido chegou. Ele agradeceu e a garçonete se afastou, mas não antes de novamente sorrir e se insinuar para ele.
_Desafio você experimentar este Cappuccino e não gostar.
Eu dei um pequeno gole na bebida quente e ela desceu aveludada em minha garganta.
_Realmente é impossível não gostar, pois é uma delícia.
Ele sorri, satisfeito e depois de beber um pouco do seu café, ele fala.
_Amanhã à noite, poderíamos ir jantar em um pitoresco restaurante que conheço...
_Não posso. _ falo quase desesperada.
Ele franziu a testa e pergunta:
_Compromissos?
_Matteo, eu realmente sou muito grata por tudo que você fez por mim, mas...
_Scarlett é apenas um convite para jantar. E se te deixa confortável, o Henrique estará lá com a Lucy. _ ele sorri, desavergonhado.