03
PIETRO SALVATORE
Não vejo a hora de retorna à Sicília. Odeio o trânsito dessa cidade. Assim que as portas do elevador são abertas, observo os meus dois soldados em suas posições, não achei necessário intensificar a segurança, a bambina mal consegue se levantar. Como tinha alguns assuntos pendentes para serem resolvidos aqui em Manhattan, acabei por ficar na minha cobertura, mas hoje irei retornar para minha mansão que fica no centro de New York.
Seguindo meu caminho até a sala, todo o ambiente estava em silêncio. Algum sinal interno me diz que devo ir ao quarto daquela garota. Continuo andando por algum motivo, o meu coração começa a bater mais forte ao adentra o quarto e tudo para naquele instante. Em um instinto forte, meus olhos focaram na porta aberta do banheiro. Ao me aproximar, Maria estava em posição fetal com uma enorme poça de sangue em sua volta. Uma onda de raiva se espalha pelo meu corpo como uma espiral de fogo. Ela vai se arrepender amargamente do dia que nasceu quando eu encontrá-la.
Após me certificar que Maria ainda respirava, chamei os dois incompetentes que estavam fazendo a guardar do local.
— Que merda aconteceu aqui e onde está a maldita garota, seus irresponsáveis?
Eu estava pronto para matar os dois infelizes, quando Lucca adentra o ambiente.
— Calma Pietro, o que aconteceu com a Maria?
— Está no chão do banheiro, já chamei uma equipe médica.
— Você esqueceu que temos outra entrada de acesso? Com certeza, ela saiu pela cozinha.
— Droga, eu esqueci aquela maldita porta, a Maria não passa de uma imprestável.
Senti a raiva diminuir, a respiração acelerar e o coração falhar em uma série de batidas. A garota fujona pensa que pode se esconder de mim. Ela é minha e precisa aceitar isso.
— Quero que a encontre, caso contrário, vocês não vão escapar da fúria do demônio.
(...)
Depois da maldita fuga daquela garota, eu não sosseguei. Algo mais forte dentro de mim queria encontrá-la de qualquer jeito, seu cadastro estava sem o comprovante de endereço, pois como regra de contração, todo o processo é legalizado após o quinto dia útil de experiência. Os incompetentes prevendo suas mortes, intensificaram as investigações e acabaram por descobrir que uma das funcionárias reside no mesmo local em que a Giovana.
Após ficarem dois dias de plantão próximo ao condomínio, constataram que a infeliz não colocou os pés para fora de casa. Contudo, como sempre, Lucca se mostrou eficiente, após da brilhante ideia de enviar através da Sarah, um possível recado de Cristóvão, o qual dizia precisar que ela viesse até o restaurante, e que devido ao seu ótimo desempenho, resolveram dar uma segunda oportunidade para continuar exercendo o suas atividades junto ao Carmine's. Só em imaginar que logo ela estará tão próxima, já deixa o meu pau completamente duro.
Após horas intermináveis, devido o fluxo de veículos, enfim, chego ao meu destino, estava irritado com tudo e com todos. De cara feia. Feroz como uma cascavel, e assim que meu telefone tocou, um sorriso diabólico veio a minha face.
— Senhor, ela acabou de sair.
— Ok! Eu já estou no local.
Hoje você vai aprender, Giovana, a quem realmente pertence de agora em diante.
GIOVANA VITALLE
Três dias haviam se passado desde aquela manhã que me livrei daquele homem. Após ter chegado em casa, já não aguentava mais a dor em minhas costas. Tomei um banho quente, entrei debaixo das cobertas e fiquei encolhida, esperando que a dor em meu corpo aliviasse. Não retornei ao restaurante, não teria coragem de aparecer depois de cinco dias sem ter dado nenhuma explicação. Tudo estava indo tão bem, pensei que finalmente após todos esses anos, enfim a minha vida teria um rumo diferente. Como tudo que é bom, dura pouco, logo voltei para realidade de antes.
Passei o dia seguinte pesquisando sobre vagas de emprego, o dinheiro que tenho não é muito, embora o aluguel do imóvel tenha sido quitado por um ano, pelo menos terei onde morar até encontrar um novo emprego.
Hoje pela manhã ao acordar, a campainha não parava de tocar, ao ver quem era, dei de cara com a Sarah, fiquei apreensiva quando ela mencionou que durante três dias veio saber o que estava acontecendo, achei prudente não revelar o que de fato aconteceu e acabei dizendo que fiquei doente e passei uns dias no orfanato.
Após colocarmos a conversa em dia, Sarah me informou que o Sr. Cristóvão pediu que eu comparecesse ainda hoje pela manhã, no restaurante, que mesmo tendo me ausentado por esses dias, resolveram que ainda faria parte do quadro de funcionários de lá, pois gostavam muito do meu trabalho.
Segundo ela, eu deveria levar todos os meus documentos, pois iria fazer o contrato de admissão. Após nos despedimos, resolvi tomar logo um banho rápido, não perderia essa oportunidade novamente. Minutos depois, já arrumada, coloquei meus documentos na bolsa e o colar que era da minha mãe, assim que sair do Carmine's, passarei no Angel Guardian Home, vou pedir a tia Cecília que o guarde no pequeno cofre que tem no orfanato.
Às vezes me pergunto quem era aquele homem, não consigo explicar, mas a sensação que tive, era como se no fundo, eu já o tivesse visto antes. Só em pensar nele, meus músculos ficam petrificados, causando-me um arrepio que subiu pela minha espinha. Fecho imediatamente a porta desse pensamento. Não. Não posso pensar nele, jamais quero cruzar seu caminho novamente.
(...)
Após andar quatro quarteirões, cheguei ao restaurante, enquanto vou caminhando até o escritório, sinto um calafrio estranho espalhando-se por todo o meu corpo, trazendo consigo uma sensação de agouro.
Preciso me acalmar, deve ser somente coisa da minha imaginação.
Bati na porta, não houve resposta, resolvi abrir, o segurança falou que ele estava me esperando. Entrei na sala, e ele estava de costas, sentado em sua poltrona, não conseguia vê-lo totalmente.
— Seu Cristóvão, sou eu Giovana. O senhor mandou me chamar?
Fiquei paralisada, olhando enquanto a cadeira começou a ser girada, a última pessoa que sonharia em ver ali, estava na minha frente, olhando fixamente para mim. Seus olhos frios como gelo me analisando de alto a baixo. Meu coração aumentou a frequência de batimentos e um suor gelado molhou minhas têmporas, acompanhado de um arrepio fino que subiu pelas minhas costas.
Ele levantou e seguiu em minha direção, recuei, o pânico me dominando, meu corpo tremeu e eu pude sentir que minhas pernas estavam pesadas. Quando ele já estava próximo, corri até a porta e assim que ia abri-la, senti um pano úmido pressionado contra o meu nariz, comecei me debater, mas logo fui envolvida pela escuridão total.