Capítulo 7
- Vejo que essa conversa está demorando muito, sigam-me - desisti, inclinando-me para a sala de estar e percebendo que meus irmãos estavam concentrados demais no filme para notar a mim e ao garoto irritante. Corri pelo corredor, cheguei às escadas na frente dele e fiz sinal para que Atlas se apressasse. Em pouco tempo, eu o encontrei no primeiro degrau da escada. Foi rápido e, felizmente, essa qualidade permitiu que eu não fosse descoberto.
- Já está me levando para o seu quarto? Você é uma garota direta - ele zombou de mim, ganhando um soco no braço que machucou mais a minha mão do que a dele.
- Cale a boca ou você vai me avisar”, rosnei, sem fôlego.
- Você é quem vai ter que se conter para não gritar. -
Abri minha boca. Eu não quis dizer isso. Não podia estar falando sério. Talvez levá-lo para o meu quarto não tenha sido uma boa ideia. Mas eu não podia fazer mais nada. Eu teria sido vista imediatamente se tivéssemos ficado em frente à entrada ou no andar de baixo.
Decidi não responder a ele, pois incentivá-lo só o encorajaria a continuar com suas frases estúpidas e sugestivas. Abri a porta do meu quarto, entrei e deixei o garoto entrar também, depois fechei a porta atrás de mim.
- Pare de ser um idiota e me diga o que você quer - insisti para que ele falasse, sentando-me na cadeira perto da minha mesa. Ele ficou de pé e começou a andar pelo meu quarto, até que encontrou uma bola de tênis em uma prateleira e começou a jogá-la no chão. Imediatamente dei um pulo e a arranquei de suas mãos.
- Quer parar de fazer barulho? - bufei, exasperado. Atlas se inclinou em minha direção, seu nariz estava a centímetros do meu, estávamos muito próximos.... Seus olhos escuros me encaravam e eu me afastei quando senti os nós de seus dedos em minha bochecha. Voltei a me sentar e esperei que ele começasse a falar.
- Acho que você conhece minha situação na escola”, ele começou, finalmente, ainda andando de um lado para o outro da sala. - O time de futebol me odeia porque acha que sou um espião do meu antigo time e preciso fazer com que minha reputação mude. -
- E o que eu tenho a ver com isso? - Franzi a testa para a fonte, sem entender a conexão entre sua reputação e eu.
- Preciso que você seja minha namorada”, disse a bomba, fazendo com que eu abrisse a boca sem restrições. - Analisei a situação na escola, e você é a garota mais bonita de lá, e está fora de cogitação, uma boa garota, em suma, que melhoraria minha reputação - explicou ele. Isso era um problema. Caras como ele não desistiam e eu não podia me dar ao luxo de ser arrastada de volta para toda a bagunça que a popularidade trazia consigo.
- Claro que não - sorri falsamente.
- Não sou só eu que ganho dinheiro. Minha reputação vai melhorar e, em troca, você se tornará popular”, piscou o homem de cabelos pretos. Não, não estávamos nem falando sobre isso. Eu ri para mim mesmo, ele não sabia nada sobre mim. Se ele me conhecesse, saberia que eu não estava interessado em popularidade.
- Não estou interessado em me tornar popular. -
- Todo mundo está interessado em se tornar popular. Além disso, este é seu último ano, certo Karina? - ele perguntou para confirmar. Ele sabia meu nome. Eu assenti com a cabeça. - Você também quer passar seu último ano nas sombras? Embora eu não entenda como isso foi possível, olhando para você - ele continuou passando o olhar por todo o meu corpo, e eu não reprimi uma expressão de nojo.
- Eu não quero nada, muito menos popularidade. Estou bem com isso, mantive minha opinião firme.
- Você está dizendo isso agora. Vou descobrir mais sobre você e verá que encontrarei algo que a convença”, disse ele com extrema confiança. Balancei a cabeça.
- Isso nunca vai acontecer. Agora que você já falou, pode ir - eu o afastei, apontando para a janela.
- O quê, eu deveria sair pela janela? - ele deu uma risadinha, como se fosse uma piada. Quando percebeu minha expressão séria, parou de rir. “Não é disso que estamos falando”, anunciou em um tom firme.
- Sr. Músculos, quem tem medo de sair pela janela? - Brinquei com ele, levantando-me da cadeira e me aproximando dele, apenas para mudar de direção no último momento e abrir a janela, deixando entrar o ar fresco da tarde.
- E veja, lá está sua casa, com um grande salto você pode chegar lá”, brinquei, ainda mantendo o tom mais sério que pude. - Na pior das hipóteses, você vai se matar. Que pena - concluí minha zombaria, olhando para o garoto. Sua expressão era ilegível, mas logo se transformou em bravata.
- E eu não vim aqui só para isso - ele parecia se lembrar de outra coisa.
- O que você quer dizer...? - Eu o forcei a falar.
- Vou esperar por você na minha festa - ele piscou esplendidamente.
- Não se iluda, eu não estarei lá. Eu odeio festas. -
“Veremos”, disse ele com um ar misterioso.
- Agora você pode ir - mostrei a ele a saída.
- Acho que é importante que você saiba que eu sempre ganho”, decretou ele, sentando-se à janela. Coloquei uma mão em seu ombro, encostei minha boca em seu ouvido e sussurrei “não contra mim”, depois me afastei e esperei que ele fosse embora de vez. Ele se levantou e fechou a janela.
Deitei-me na cama, minha cabeça estava explodindo. Eu conhecia o tipo de homem. Ele não teria desistido por nenhum motivo no mundo. E logo eu me veria em apuros. Problemas que eu vinha tentando evitar desde aquela maldita noite e que pareciam ter finalmente me deixado em paz.
Só havia uma pessoa para quem eu poderia ligar nessa situação: a única que apenas me ouviria, sem me fazer perguntas sobre o passado: Jenna. Peguei meu celular, procurei o número dela em meus contatos e fiz a ligação, esperando ansiosamente que a garota atendesse. Felizmente, ela atendeu depois de alguns toques.
- Olá. -
- Ei, o que está fazendo? - perguntei, para ver se ela tinha tempo para me ouvir.
- Ele estava apenas entediado, por quê? - Ele imediatamente ficou alarmado, percebi pela voz dele.
- Algo louco acabou de acontecer comigo e preciso de sua ajuda - confessei, ficando mais confortável na cama e torturando minhas unhas.