Capítulo 6
Lucius Nightshade
"Não sabe quem ela é?"
Selena soltou uma risada irônica ao ver o homem à sua frente sem reação.
"Lucius Nightshade, depois de tantos anos, você perdeu totalmente o faro para seres sobrenaturais? Essa mulher deitada em sua cama é algo que não vejo a muito tempo. Essa espécie sobrenatural foi dizimada a centenas de anos, mas pensei que você reconheceria. Como não percebeu, olhe para ela. A cor de seus cabelos, não te lembra alguém?"
Lucius arregalou os olhos, finalmente compreendendo a magnitude da descoberta. "Uma banshee? Mas pensei que elas tivessem sido extintas há séculos. Como ela ainda está viva?"
Selena balançou a cabeça, ainda incrédula. "Parece que pelo menos uma sobreviveu. Talvez eu tenha ajudado, uma ou outra. As Banshees eram temidas e perseguidas, principalmente durante os tempos de caça às bruxas, juntamente com as minhas ancestrais de Salem. Eu pensei que elas não existissem mais"
Lucius olhou para a banshee deitada em sua cama, repleto de curiosidade e uma nova chama de esperança, ela sabia muito bem sobre a espécie.
"Então, ela pode ser uma aliada poderosa em nossa vingança. Seus poderes podem ser o elemento que precisamos para enfrentar Sebastian Blackwood" Selena assentiu, ainda um tanto perplexa.
"Sim, é possível. Mas precisamos entender mais sobre ela e como controlar seus poderes. Banshees são criaturas antigas e imprevisíveis. Não podemos subestimá-la."
Enquanto observavam a banshee repousar, Selena e Lucius sabiam que essa descoberta poderia mudar o rumo de suas vidas. Uma oportunidade única de vingança se apresentava diante deles, mas também um desafio desconhecido. Eles teriam que se unir, explorar as habilidades da banshee e descobrir como usar seus poderes para alcançar o objetivo almejado: colocar um fim na matilha de Sebastian Blackwood e fazê-lo sofrer.
Selena fixa o olhar na mulher ruiva deitada na cama, sentindo uma energia intrigante emanando dela. Ela se vira para Lucius, os olhos cheios de curiosidade e surpresa. "Lucius, sinto uma presença incomum vindo dessa mulher. É como se houvesse algo especial acontecendo dentro dela", diz ela, com a voz carregada de intriga.
Lucius se aproxima da cama, observando atentamente a mulher ruiva. Seus ouvidos aguçados captam um som distintivo.
"Selena, você está certa. Escuto dois batimentos cardíacos, pulsando em ritmos diferentes. É como uma sinfonia harmoniosa e ao mesmo tempo intrigante", responde ele, fascinado com a descoberta.
Movendo-se cautelosamente em direção a Lira, Lucius estende a mão em direção à sua barriga, como se pudesse sentir a presença do novo ser ali dentro. Seus dedos quase tocam a pele, mas ele recua, consciente de não querer invadir o espaço pessoal da mulher.
"Ela espera um bebê", murmura ele, com uma mistura de assombro e fascínio em sua voz.
"Lúcius, se o filho que ela está esperando for realmente uma criança da mistura entre um lobisomem e uma banshee, isso seria algo inédito no mundo sobrenatural", diz ela, sua voz ecoando um misto de fascínio e apreensão.
Lúcius fica momentaneamente perplexo, processando a magnitude dessa revelação. "Você está certa, Selena. Essa combinação de linhagens sobrenaturais nunca foi documentada antes. Seria algo verdadeiramente extraordinário", responde ele, seus olhos fixos em Lira, ponderando sobre as implicações dessa união única.
Enquanto observam Lira deitada na cama, Selena e Lúcius são envoltos por um silêncio carregado de expectativa. Eles percebem que essa criança, fruto da união entre dois seres sobrenaturais tão distintos, poderia ser um marco na história das criaturas místicas. Uma mistura de dons e poderes únicos que poderiam trazer tanto grandes desafios quanto promessas de grandeza. Selena quebra o silêncio, sua voz contendo um misto de reverência e preocupação.
"Lúcius, essa criança poderá herdar dons e habilidades incomuns, uma combinação singular de poderes da banshee e do lobisomem. Precisaremos estar preparados para as consequências que essa singularidade pode trazer", diz ela, consciente dos possíveis desafios que aguardam o futuro dessa criança e de como eles podem afetar seus planos de vingança.
Lúcius assente, seus olhos fixos na barriga de Lira, onde esse novo ser sobrenatural se desenvolve.
"Sim, Selena, teremos que ser cautelosos, Sebastian não pode saber dessa criança. E Lira pertence a mim."
Quando uma Banshee é reivindicada para proteger uma família, ela assume um
dever sagrado e se torna parte dessa linhagem. Lúcius estava bem ciente dessa responsabilidade e da ligação especial que agora existia entre ele e Lira. Ela pertencia a ele, não apenas pelo tempo que ele desejasse, mas também pelos dons sobrenaturais exclusivos que ela possuía como Banshee.
Os dons da Banshee são intrinsecamente ligados à sua natureza protetora. Ela tem a capacidade de sentir a iminência da morte, de antecipar perigos e de oferecer proteção àqueles que estão sob seu cuidado. Esses dons são uma herança ancestral, passados de geração em geração, e Lúcius sabia que poderia contar com eles para salvaguardar sua família.
Lúcius compreendia que, uma vez que uma Banshee é reivindicada por uma família, essa conexão é válida até a morte. Ele aceitou a responsabilidade de proteger Lira e de garantir que sua linhagem fosse preservada. Essa lealdade mútua era uma parte essencial do acordo estabelecido entre Banshee e família.
Lira abriu os olhos abruptamente, encontrando-se em um quarto desconhecido. Seus sentidos estavam em alerta máximo enquanto ela tentava compreender o que estava acontecendo. O ambiente era estranho, os móveis pareciam fora de lugar e o cheiro do lugar era desconhecido. Uma sensação de medo e confusão tomou conta dela.
Um grito involuntário escapou de seus lábios, ecoando pelo quarto. O som agudo reverberou no espaço, ecoando em seus próprios ouvidos. Os vidros das janelas tremeram violentamente, e estouraram deixando seus pedaços por toda parte.
Lucius foi jogado contra a parede com uma força surpreendente. O impacto fez com que parte da estrutura cedesse, espalhando destroços pelo ambiente. Lira observou a cena com crescente apreensão, sem entender como aquilo era possível.
Enquanto Lúcios tentava se recuperar do choque, Selena, que também foi jogada para o outro lado do quarto, colocou as mãos sobre os ouvidos, tentando abafar o som ensurdecedor. Seus olhos refletiam o mesmo temor e perplexidade que Lira sentia, mas ela parecia ter alguma familiaridade com o evento, como se já tivesse presenciado algo semelhante antes.
Lira sentiu-se perdida, incapaz de controlar o poder que parecia emergir de seu próprio ser. Ela olhou para suas mãos trêmulas, incapaz de reconhecer a si mesma naquele momento. Perguntas inundaram sua mente: Quem era ela? Como havia adquirido essa habilidade aterrorizante?
Lira tentou acalmar sua respiração acelerada, enquanto lutava para entender a situação em que se encontrava. Embora tudo parecesse novo e desconhecido, havia uma vaga sensação de familiaridade em sua mente. Aquele não era o primeiro episódio de poder descontrolado que ela experimentava.
Lembranças fragmentadas começaram a emergir em sua mente, como pedaços de um quebra-cabeça que tentavam se encaixar. Flashbacks de outros momentos em que seu poder se manifestou de forma avassaladora vieram à tona, revelando uma história obscura e complexa.
Ela recordou-se de quando era criança e, em um acesso de raiva, fez as paredes de seu quarto tremerem e objetos voarem pelo ar. Outra memória trouxe à tona o pavor de um incidente em que, ao soltar um grito de frustração, as janelas de uma sala se quebraram em estilhaços perigosos. E ela foi mandada embora mais uma vez, de uma outra casa, onde as pessoas a chamavam bruxa.
O que aquelas pessoas diriam dessa vez?