Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

SEIS

Noan

— E essa é a história da minha vida Noan, e também são os motivos que me fizeram chegar até aqui, e as razões no qual me fizeram ficar. - ela me diz e uma lágrima solitária desce do seu olho.

— Ester...  eu...  eu sinto muito. - meio que balbucio as palavras sem saber muito bem o que dizer.

— Tudo bem Noan, e meio que eu realmente me comportei como uma garota de programa, fez sentido você ter pensado assim. - ela diz meio sem jeito.

Eu me aproximo dela e com delicadeza passo o polegar em seu rosto, secando a lágrima, ela me olha intensamente e eu me perco dentro dos seus lindos olhos.

E nesse momento eu me sinto o maior lixo de todos os homens, eu deveria ter me tocado que uma mulher do nada não iria tirar a roupa e sair andando nua ao lado de um maluco peladão no meio da floresta, era lógico que por algum tipo de surto ou trauma essa mulher deveria estar passando, até por que nem mesmo eu estava no meu juízo cem por cento, eu me encantei com a vida alternativa na natureza e me entreguei ao momento, foi maravilhoso para curar minhas feridas e dores, mas cara, uma chifrada nem chega aos pés do que a Ester passou e continua passando, eu deveria ter racionado, deveria ter me tocado que algo não estava bem, e agora eu me sinto o pior homem do mundo.

— Noan, por que você está tão calado? Não precisa ficar com vergonha de me mandar embora, eu vou entender, não precisa se preocupar com isso. - ela diz e nesse momento eu me arrisco a fazer ainda apenas mais uma loucura.

Aproximo nossos rostos e lhe dou um selinho casto nos lábios carnudos e macios, mesmo sendo um gesto simples, eu consigo passar pra ela todo o carinho e amor contido em mim.

— Ester, antes de mais nada saiba que pra mim isso tudo foi real, e que o meu coração é seu, não sei como estará sua mente após isso tudo, mas gostaria que soubesse que eu realmente me apaixonei. - eu disse da maneira mais sincera que já fui na minha vida.

— Noan, por que você está dizendo isso? Porque está falando assim? - ela me pergunta um pouco confusa.

— Ester você não está mais sozinha. - é a minha vez de fitá-la intensamente. — A partir de agora eu vou cuidar de você.

Eu a pego no colo, e vou seguindo com a mesma em direção ao nosso chalé, pois acabei de me decidir que irei comprar todo esse espaço, ele é muito especial para mim.

Entro com ela na cabana e a levo direto pro banheiro, ligo o chuveiro e deixo a água morna cair em cima da mesma, pego o sabonete e lhe entrego, eu estou praticamente sem coragem de tocar nela, mesmo ela estando receptiva eu sinto que isso não está certo, então deixo-a no banho sozinha e vou para o outro cômodo buscando me controlar, pois não é fácil para um homem resistir à tentação de ter a Hinata pelada perto de você, mas eu respiro fundo e vou até os pertences dela, que realmente são apenas uma roupa que ela trouxe no corpo e uma bolsa, que acredito conter seu celular e documentos pessoais.

Pego uma toalha e suas roupas e deixo na pia do banheiro, depois de uns cinco minutos ela sai do banheiro completamente vestida e com uma expressão claramente duvidosa no rosto, ao mesmo tempo em que penteia seus lindos cabelos de sereia.

— Me empresta um pouco essa toalha? - eu peço e vou direto pra o banheiro, tomo o meu banho e tiro todo o cheiro da mata, me olho no espelho e dou risada ao ver o tamanho da minha barba, preciso tirá-la, ou pelo menos aparar um pouco, pois gostei da mesma assim, mas isso não é assunto pra agora, eu tenho outra prioridade, muito mais importante.

Saio do banheiro e a Ester está sentada em uma espreguiçadeira, já com a bolsa a tira colo, e me olhando meio triste.

— Então eu vou mesmo embora né? - ela me pergunta triste, porém com um tom que denota compreensão.

— Sim Ester. - digo sério e ela apenas assenti com a cabeça. — Mas eu também vou com você. - eu digo e termino de me secar, depois faço algo que há muito dias não fazia, que é vestir uma calça jeans e uma camiseta polo, pego minha mochila, carteira, que pareciam séculos abandonados, calço meus tênis e volto pra sala.

Ela ainda continua me olhando sem entender, e eu sento ao seu lado e lhe dou um abraço, pelo menos isso eu ainda tenho coragem de fazer com ela.

— Ester nós vamos embora, nós vamos voltar para a vida real, mas não é por isso que você vai ficar sozinha, eu vou estar sempre com você, não a deixarei só em nenhum momento. - tento explicá-la da melhor maneira possível.

— Noan não estávamos bem aqui? - me pergunta toda inocente.

— Maravilhosamente bem, pelo menos eu. - lhe digo sorrindo.

— Então porque não ficamos?

— Ester você não está bem, provavelmente está passando por algum tipo de surto psicológico ou algo assim, você está de luto, provavelmente em negação, e encontra-se frágil mentalmente. - eu escolho as melhores palavras para tentar lhe explicar, mesmo assim o choque é visível em seu rosto. — Eu não entendo muito dessas coisas sobre mentalidades, mas acho que devido a esses diversos acontecimentos na sua vida, você está vulnerável, e eu... eu não percebi isso Ester, eu sinto muito, eu, eu acabei me aproveitando do seu momento de vulnerabilidade.

Ela me abraça forte, pois eu acabo dizendo as últimas palavras com a voz embargada e os olhos marejados, eu estou me sentindo muito culpado.

— Noan, a única coisa que você fez foi me ajudar e... - ela tenta me dizer, mas a minha consciência não me deixa escutar, eu só vou conseguir aceitar suas palavras depois que ela fizer tratamento psicológico.

E é por isso que eu a pego com delicadeza na sua mão, e a levo para fora do xalé, tranco tudo e vamos seguindo a pé a trilha no qual leva a saída, passamos por uma porteira e pegamos uma estrada de chão, sempre de mãos dadas, até chegar embaixo de uma árvore cujo o meu carro está estacionado à sua sombra, ligo o mesmo e seguimos em direção, ao centro da propriedade, onde está localizado o hotel fazenda do meu padrinho e os demais xalés.

Para a minha alegria o mesmo não está lá, pois caso estivesse iria me encher de perguntas indiscretas, no qual eu definitivamente não quero que estas sejam ditas na presença da Ester, eu não quero ninguém dizendo nada desrespeito com ela, então me sentindo satisfeito eu dou baixa na minha estadia e vou embora de uma vez por todas dali.

Seguimos em direção a cidade, e por todo o trajeto vamos ouvindo músicas, "Coldiplay" é uma das minhas bandas favoritas, e pelo visto, da Ester também, pois a mesma vai cantando as músicas comigo, sorrindo e bastante descontraída.

Após finalmente chegarmos na cidade, eu passo diretamente para um restaurante, já é quase meio dia então pedimos o nosso almoço.

— Noan, você não precisa se sentir culpado, e nem pense que tem algum tipo de obrigação comigo, por que você não tem. - ela diz pegando na minha mão enquanto estamos comendo a nossa sobremesa.

— Ester não diga essas coisas meu bem, eu não estou com você por obrigação, eu quero cuidar de você, o seu bem estar se tornou o meu maior objetivo. - digo sincero pra ela.

— Desde quando você soube da minha história? - pergunta meio triste.

— Desde quando você apareceu embrulhada de presente para mim. - eu digo sorrindo, mas não sorrindo de uma maneira sem vergonha, é de uma forma afetuosa, que eu nem consigo explicar.

E isso parece convencê-la por agora, pois a mesma me devolve um sorriso, muito lindo por sinal, como tudo nela, e depois em paz terminamos a nossa sobremesa.

E depois nós vamos pra o lugar no qual sempre foi o meu intuito desde quando decidi deixar a cabana, e no qual eu não demorarei nem mais um segundo para ir, nem mesmo passarei no meu apartamento antes.

Eu vou direto para uma clínica psiquiátrica, e é lá que vamos começar o tratamento da Ester, e eu irei receber todas as recomendações para ajudá-la a passar por esse momento difícil em sua vida da melhor maneira possível.

Pois quem ama cuida, e eu cuidarei muito bem dela.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.