Moço gentil
_ Come devagar Safira você vai acabar se engasgando!
__ Barô eu preciso ir à cidade ou vai ficar tarde!
__ Como vai ficar tarde se o dia acabou de nascer?
Volto a encostar minhas costas na cadeira e tento comer mais devagar, olho para Handu e ele mastiga sua comida com os olhos fixos em mim!
Nós ciganos somos um povo unido, mexeu com um mexeu com todos!
Sempre fazemos questão de fazer as refeições juntos e isso nunca vai mudar!
Arrumamos uma grande mesa de madeira ao ar livre próximo aos trailers e assim fazemos nossas refeições.
Além do circo alguns ciganos mais jovens ou mais experientes vão oferecer seus serviços na cidade.
Alguns ciganos vendem seus artesanatos, colares de pedras de signos, perfumes e óleos perfumados com alguns poderes como por exemplo arranjar marido, temos todos os tipos de amuletos da sorte, algumas mulheres fazem bordados maravilhosos e assim nos viramos.
Eu estou aperfeiçoando a arte de ler as mãos com a Barô, cada cigano tem sua própria técnica de leitura e nenhuma é igual a outra.
Vou à cidade com a outra cigana do circo minha amiga e irmã Alba, afinal todos somos irmãos, vou tentar ganhar algumas moedas e também olhar tudo, amo vê as Gají (mulheres não ciganas) e os Gajô (homens não ciganos),
as Gají não sabem se produzir chamar a atenção de um homem, não vestem saias rodadas como as nossas e nem usam tantas joias, nem sequer uma flor nos cabelos usa! As Gají são muito sem graça.
Término de encher minhas mãos de pulseiras de ouro que fazem barulho a cada simples movimento, coloco meu brinco de argola e uso uma pampola em uma das minhas orelhas, além do meu batom vermelho.
Alba também está muito bonita, ela tem a minha idade é já é casada, uma mulher cigana se casa assim que sua menstruação desce, a Barô abriu uma exceção comigo me deixando casar apenas quando fizer 18 anos,
como líder do meu grupo cigano ninguém a contestou,
Handu não gostou nada disso por ele já estaríamos casados, mas ele não pode ficar contra a Carmelita ou ele ficaria contra todo o seu povo.
Alba deixa seus dois filhos com as ciganas que não vão, todas olham as crianças, como falei somos todos uma grande família e sempre nos ajudamos.
__ Vamos Alba, vamos logo!
__ Estou indo safira, já estou indo!
Pego sua mão para arrastá-la comigo quando ouço a voz de Handu a me chamar:
__ Safira!
Me viro e olho ele próximo caminhando até a mim!
__ Sim?
__ Vou com vocês!
__ Não!
Falo mais rápido do que esperava!
Handu está sério com sua cara fechada,
__ Porque não posso ir?
Junto às mãos nervosa e começo a falar,
__ Se eu andar com um homem de 2 metros de altura atrás de mim ninguém vai querer lê a mão, Handu isso é trabalho das mulheres!
__ Safira!
__ Além dos mais, sei que você tem ensaio hoje da sua apresentação com facas! Handu, falatuk (por favor).
__ Não me agrada você sozinha no meio de toda aquela gente com aqueles costumes distorcidos!
__ Eu não estarei sozinha a Alba estará comigo!
Mesmo não satisfeito Handu parece ter concordado, aproveito para me despedir!
__ Asdeulês (até logo)
Saio com a Alba e logo estamos no centro da cidade, são tantas lojas, pessoas transitando por todos os lados e todos aparentemente com pressa.
__ Venham ver sua sorte! Venham!
Começamos a oferecer nossos serviços, muitos nos olham com nojo, outros com caras feias, alguns até desviam de lado para não cruzarem conosco, mas uma boa parte nos olha com curiosidade, principalmente aos mais jovem.
__ Você pode ler minha mão?
__ Claro minha jovem!
Uma adolescente pede curiosa e eu só costumo falar coisas boas.
__ Você vivera uma linda história de amor!
Os olhos da garotinha brilham e ela fica feliz, digo mais algumas coisas e encerro.
__ Quanto devo?
Eu não estipulo um valor, deixo que me deem o que achar que mereço.
A garota foi generosa e me deu um bom valor, notasse que é rica pelas roupas e bolsa que usava, feliz guardo o dinheiro na pochete que uso na cintura.
Acabo tendo sorte e leio mais algumas mãos, perto da hora do almoço Alba e eu paramos.
__ Venha vamos comer algo!
__ Safira acho melhor voltarmos ao acampamento e comermos junto com todos.
__ Alba olha a hora, eles já devem estar comendo, venha deve haver algo barato por aqui.
Andamos um pouco e achamos um restaurante popular baratinho, a comida é boa e tem várias opções saudáveis de salada, não gostamos de comidas industriais ou frituras, damos sempre preferência ao que vem da natureza.
No caminho de volta vejo uma loja de bijuterias,
__ Olha Alba vamos dar uma olhada?
__ Safira temos que voltar já passamos tempo demais perambulando,
__ Vai ser rapidinho, vem! Depois juro que vamos!
Eu amo essas lojas que vende bijuterias baratas, assim que chegamos na porta uma moça bem-vestida para em nossa frente!
__ O que desejam?
__ Queremos entrar e olhar!
__ Não acho uma boa ideia!
A moça fala nos olhando de cara feia,
__ Só queremos olhar!
__ Vocês vão acabar nos roubando, são ligeiras gostam de algazarra.
__ Não vamos ustabar (roubar)
Falo me sentido ofendida!
__ Ainda fala nesse dialeto que ninguém entende, com certeza está praguejando contra min!
__ Só queremos olhar a loja!
Meus olhos já começam a arder, mas não vou chorar!
__ Vocês gostam de praguejar! Vão em outro lugar, fora!
__ Elas estão comigo! Vamos entrar meninas!
Olho para trás e quase caio no chão desmaiada, o moço bonito bem na minha frente parecendo um príncipe bem-vestido!
Ele é mais alto do que imaginei, deve ter a mesma altura que Handu, também é forte e muito mais belo do que me recordava, seus olhos são de um verde que me fazem admirar, a diferença entre ele e Handu é que o moço bonito é fino e elegante, handu é bicho do mato solto !
__ Não precisa moço, já estávamos indo!
Alaba fala já querendo ir embora.
__ Faço questão!
__ Vamos Alba vai ser rapidinho!
A moça da loja parece que conhece o moço bonito pois não fala mais nada e nos dá passagem!
Alba quando entra na loja acaba se distraindo com os vários brincos e pulseiras.
__ Como se chama ciganinha?
O moço bonito está atrás de mim muito próximo, sinto seu calor.
__ Safira...
Falo sem ter coragem de olhá-lo!
__ Safira!
Ele repete como se estivesse saboreando meu nome,
__ Perfeito para você, preciosa!
Olho para ele com um sorriso bobo, como o moço é bonito e elegante!
__ Eu me chamo Eduardo, Safira, encantado em conhece-lá!
Ele beija a palma da minha mão e o toque dos seus lábios em minha pele é quente, faz meu estômago se contorcer inteiro.
Acabo escolhendo alguns brincos sem nem olhar direito devido ao tamanho do meu nervosismo.
Vou andando até o balcão para pagar minhas compras e Alba já me espera impaciente ela também escolheu algumas coisas!
__ Podem deixar que eu pago!
__ Não precisa!
Falo me sentido corar!
__ Faço questão!
Eduardo paga por nossas compras e vamos saindo da loja,
__ Obrigada moço!
Agradeço e me viro para ir embora,
__ Safira!
Ele me chama e me viro para olhá-lo, sob a luz do sol seu olhar fica ainda mais belo!
__ Hoje vou ao circo só para vê-la dançar novamente!
Tudo dentro de mim se revira, ele vai voltar ao circo por mim!
__ Você é um uma feiticeira menina! Vou voltar todas as noites só para vê-la dançar!
__ Vamos Safira!
__ Vai dançar para mim Safira?
Ele me olha com tanta intensidade, fico rindo feito uma boba enquanto Alba sai me arrastando pelo braço!
__ Safira! O homem só faltou te comer ali mesmo!
__ Alba que exagero ele só estava sendo gentil!
__ Gentil? Você viu a forma que ele estava te olhando? Não tinha gentileza nenhuma...
Alba volta a falar!
__ Se o Handu souber disso!
Só a menção do nome do meu prometido me faz gelar por dentro, como puder ter esquecido dele?
Mas a verdade é que quando estava com Eduardo esqueci completamente que Handu existia!
Porque o moço bonito mexeu comigo assim?
Ele vai vir me ver dançar, só de imaginar que ele vai estar lá me olhando já fico ansiosa,
Vai dançar para mim safira...
Suas palavras soando em minha mente!
Safira isso deve ser apenas porque ele foi gentil com você, talvez o moço bonito nem apareça.
Agora o moço bonito tem um nome: Eduardo! Nome de príncipe...
Sem conseguir evitar volto para o acampamento feliz relembrando nosso encontro.
Postado!
Quem gostou comenta e curte!
Será que Eduardo vai ver safira dançar hoje a noite?
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