Capítulo 5
— O que você ainda está fazendo aqui? Quer nos fazer passar mais vergonha? — Salem olhou friamente para mim.
A sua frieza tomou conta do ambiente, e o silêncio predominou o local.
Eu já sabia que o meu irmão me odiava, mas não imaginava que ele pudesse me humilhar assim, na frente de todos.
— Irmão, eu vim até aqui só para poder te ver mais uma vez... — Tentei falar, sem desistir, me engasgando nas palavras.
— Mas eu não quero te ver — respondeu ele, sem qualquer emoção.
Eu fiquei petrificada no mesmo lugar, senti o meu corpo se contorcer de dor e a minha respiração falhar.
Os colegas de turma me olharam com desconfiança e começaram a cochichar:
— Ouvi falar que foi Diana que matou os pais, e é por isso Salem a odeia tanto.
— O quê? Eu sempre pensei que Luana fosse a verdadeira irmã de sangue de Salem.
— Não é surpresa que Salem a deteste. Afinal, ela nunca foi uma garota exemplar no ensino médio.
Ao ouvir vagamente os murmúrios, o meu estômago começou a se contrair de novo.
A expressão facial de Salem ficou ainda mais fria, e ele se aproximou para me arrastar para fora do restaurante sem dizer uma palavra.
O céu estava escuro, e uma chuva torrencial caía.
Salem, de pé nos degraus, me empurrou com força.
Eu já estava bastante debilitada pela doença, e não consegui suportar o empurrão, incontrolavelmente caí para trás.
No momento da queda, percebi um lampejo de preocupação e nervosismo no olhar de Salem. Mas não tive tempo para pensar mais cuidadosamente, e caí na chuva.
As gotas pesadas caíam em mim, me causando dor por todo corpo. Meu cabelo, encharcado da água da chuva e das lágrimas, grudava no meu rosto, o meu corpo magro parecia ainda mais fraco e desamparado.
— Você está feliz agora? Estragou a diversão para todos. — Salem olhou para mim de cima, e disse com uma voz gelada.
Lutando para me levantar, tremendo, peguei o envelope com o laudo médico e o entreguei a ele.
— Irmão, juro que não foi a minha intenção perturbar, eu só queria te ver mais uma vez e mostrar algo que com certeza vai te deixar feliz. — Não consegui segurar as lágrimas, mas ainda assim forcei um sorriso na frente dele.
“Salem, dessa vez você conseguiu o que queria.”, pensei.
Em silêncio, ele hesitou por um momento antes de levantar a mão para pegar o envelope.