Capítulo 01
Capítulo 01
Isis Melo.
Depois de passar a manhã e boa parte da tarde em um SPA, fazendo unha, cabelo, hidratação, banho de chocolate, massagem e tantas outras coisas que eu nem sabia para que serviriam. Quando entrei em uma suíte pude entender qual foi o motivo de Jaime ter me mandado para cá. Olhei maravilhada para alguns vestidos de noiva que estavam na manequim, quando meus olhos bateram em um determinado vestido que estava um pouco mais atrás eu soube que escolheria este.
Meus olhos ficaram marejados quando me vi vestida naquele vestido tomara que caia, com as costas à mostra e com uma pequena calda arrastando no chão. Era um vestido estilo sereia muito bonito.
- Mulher, tu és muito sortuda. – Cláudio o estilista que me ajudou com o vestido, falou. Ele é todo espevitado, falando que é gamado em Jaime. Eu sorrio com a sua espontaneidade.
Fiquei pensativa e meus olhos marejaram e me dei conta que não podia se casar com Jaime escondendo algo dele.
- Não chora, vai bora toda a maquiagem. – Murmurou.
- Não posso me casar. – Falei e as lágrimas caíram pelo meu rosto.
- Como não? – Quase gritou no meu ouvido.
Alguns soluços saíram involuntariamente.
- Meu bem, o que houve? – Cláudio sussurrou preocupado.
- Fiz uma besteira. – Falei fungando. Ele vendo o desespero nos meus olhos, e como estava ficando nervosa. Ajudou-me a sentar na cama e sentir um alívio enorme por desabafar com alguém. Eu precisava por um pouco disto para fora, se não iria explodir a qualquer momento. Antes de conhecer Jaime.... Quando terminei de contar um resumo de toda a história, ele falou.
- Meu bem, tu está fodida. – Falou, e me fez rir. Mas foi um riso de desespero e nervoso.
- Eu sei. – Falei desanimada.
- Olha só, vamos começar arrumando essa maquiagem, pois você vai se casar.
- Mas...
- Mas nada, Isis. Como você mesma disse, isso aconteceu no seu passado e você tem que esquecer isso. Não pode ficar se remoendo por algo assim. Tem pouco tempo que você soube que o ele é cunhado de Jaime, já devia ter contado a ele, mas não contou. Agora é bola para frente, o que você não pode fazer é deixar Jaime dando sopa por aí. Olha tudo que esse homem preparou para você. – Falou.
- Eu o amo tanto, Cláudio. – Murmurei.
- E ele também, te ama tanto que preparou o casamento de vocês, e o bofe está te esperando. Levanta essa bunda da cama, esquece o passado e vai ser feliz mulher, deixe de sofrencia.
- Deixe de quê? Perguntei com um sorriso no rosto.
- Esqueça. – Falou e voltou a me maquiar. Céus! Sabia que teria que contar a Jaime algum dia, mas Cláudio tinha razão, não podia fazer isso hoje.
Jody e eu estávamos no carro, tínhamos acabado de chegar à casa de campo. Daqui do carro podia ver o tapete vermelho e colunas de flores fazendo um corredor para que eu passasse. Respirei fundo, tomando coragem para sair do carro. Porém, as pernas estavam bambas e não conseguia me mexer. De longe, pude ver Jaime andando de um lado para o outro. Sorrir ao perceber que ele está nervoso.
- A senhora precisa ir. – Jody falou.
- Estou nervosa. – Murmurei.
- Nunca tinha o visto tão feliz antes. – Jody falou enquanto digitava algo no celular
Respirando profundamente, criei coragem e sair do carro. Estava andando em direção a Jaime, mas ele parecia não ter notado a minha presença. Ele estava de cabeça baixa, olhos fechados e com a respiração pesada. Seu Celular estava no chão, o olhei confusa sem entender o que estava acontecendo. Ergueu a cabeça e fitou meus olhos, seu olhar na minha direção era assustador e desprovido de bons sentimentos. Sentir o baque na mesma hora, não conseguir mais dar um passo. Congelei em frente ao altar...
Jaime Gandy.
Sentir a presença de Isis antes mesmo de suspender a cabeça para vê-la andando em minha direção. No momento em que fechei os olhos pensei em todos os planos que fiz para este momento, e todos os momentos que passamos juntos. Em tudo que fiz e abrir mão por uma única mulher, e tudo que ela precisava fazer era ser honesta comigo. O baque que sentir ao vê-la dançando para Conrad e os dois se pegando em um corredor de hotel. Logo em seguida eles entraram no quarto, e imaginava as coisas que aconteceram após a porta ser fechada. Foi exatamente no dia do aniversário de Conrad, em que ele chegou só pela manhã. Então a vagabunda que me referi no passado, é Isis.
Ela escondeu tudo isso de mim, eles podem até ter transado na minha casa, embaixo do meu teto. Ela é uma mentirosa! Olhei-a de cima a baixo, mais linda do que nunca, o vestido desenhando cada parte do seu corpo. Fitei seus olhos demonstrando toda a raiva e desprezo que sinto por ela neste momento, o amor machucando-me da forma mais crua. Andei feito um leão na sua direção e minha vontade foi de destroçá-la com minhas próprias mãos, assim como estou destroçado, queria lhe causar a mesma dor que estou sentido neste momento. Queria ouvir a confirmação dos seus lábios do que aconteceu, quero ouvir da sua boca.
- Você transou com Conrad. – Vi o choque no seu rosto. As lágrimas começaram a descer pelo seu rosto descontroladamente, poucos segundos depois ela já estava soluçando. Não podia me importar menos com suas lágrimas. Peguei-a pelo braço com força sem me importar se a machucava.
- Responde PORRA!
- Me desculpe, me perdoa... – Começou a se lamentar. Não tinha como negar... Só passava pela minha cabeça Isis e Conrad juntos.... Desgraçados.
Joguei-a no chão com força, antes que fizesse uma besteira. Urrei de raiva e sair destruindo tudo o que havia mandado preparar para o que seria o melhor momento das nossas vidas.
A dor que sentia no peito se tornando agonizante e quase me fazendo sufocar. Eu nunca sentir tanta vontade de machucar alguém como quero fazer com Isis neste momento. Oliver que havia se afastado com Cintia e o padre veio correndo na minha direção.
- Jaime o que houve? – Perguntou. Ele olhou para Isis que estava jogada no chão.
- Essa vagabunda transou com Conrad. – Cuspir as palavras para fora. Nunca pensei que iria me referir a Isis desta forma. Os soluços de Isis se tornaram mais profundos. Sentir que meu coração sangrava por dentro, e tudo que planejei construir ao lado dela se arruinou.
Por um momento eu quis que ela negasse e me dissesse que tudo isso é mentira, que ela jamais faria isso. Passou pela minha cabeça as suas conversas, dizendo-me que jamais dormiria com homem casado. Desgraçada! Com quantos mais ela foi para cama sem que eu soubesse? E com o papo de moça decente, que não transava com nenhum homem no trabalho. Cachorra!
- Eu ia te contar Jaime, mas estava com medo. Por favor, me perdoa. Foi antes de te conhecer. Fui dançar em um aniversário e fiquei atraída por ele, e acabou acontecendo... Jaime eu te amo. - A voz que mais amava ouvir, nesse momento me causou repulsa. Sentiu-se atraída por aquele canalha, não sabia nada dele e mesmo assim transou com ele. Quantas vezes mais eles devem ter se encontrado? A imagem dos dois se pegando veio com força na minha mente, e sem conseguir pensar direito, a peguei pelo braço, colocando-a de pé.
- Tire o vestido. – Gritei furioso.
- Jaime vai com calma. – Oliver tentou me acalmar. Eu o ignorei totalmente. – Melhor você ir embora. – Falei com Oliver, mas ele apenas se afastou.
Isis tremia, ela estava pálida como nunca a vi antes. Seus olhos estavam vermelhos pelo choro, seu olhar temeroso e assustado. Pensei em todos os momentos que tivermos junto, na sua entrega e na sua paixão. Como saber se tudo que me contou e vivemos é verdade. Pois, aos meus olhos ela não passa de uma mentirosa e traidora.
- Eu te amo... Tentou falar, mas eu sorrir com sarcasmo.
- Demorou tanto para me dar essa buceta, mas entregou a Conrad na primeira noite. Você diz que foi antes de me conhecer, e como vou saber se não aconteceu na minha casa. Eu dava as costas e você se transformava na amante de Conrad – Falei com ódio. Suspendeu a mão para me bater, mas a peguei antes. - Nunca faria isso. – Falou com fúria. As lágrimas não paravam de descer.
- Tire esse vestido, agora. Você não merece nem a metade do que fiz por você. Sentir raiva de mim mesmo, por ter sido enganado por essa menina. Um homem de 42 anos!
- Jaime... Sussurrou como uma súplica e tentou acariciar meu rosto.
Peguei seu pulso rapidamente, e o torci para trás. - Ah... Gemeu de dor. Céus! Eu queria matá-la com minhas próprias mãos. Todo o amor que sentia por Isis, se tornou um ódio latente tento me convencer.
Quem quero enganar!
- Jaime solte-a, o que você está fazendo. – Oliver tentou me afastar dela.
- Nunca mais toque em mim, ou juro que vou acabar te matando. – Murmurei. Isis gemeu mais forte, não sei se pelas minhas palavras ou pela dor física. O tempo que estava tão bonito, com o sol se pondo deu lugar a um céu nublado e cinzento, tudo ficando tão obscuro quanto me sentia por dentro.
- Jaime meu braço está doendo. – Falou com as lágrimas rolando dos seus olhos.
- Solte-a Jaime. – Oliver falou novamente. Ele sabe que a situação é grave e que não conseguiria me parar nem se quisesse. Uma força descomunal tomando conta do meu ser. Sentir a chuva caindo sobre mim, e foi isso que me despertou. Por mais que eu quisesse destrui-la, não conseguiria fazer isso, não sou capaz de bater em mulher, mas tem uma pessoa que pretendo destruir com as minhas próprias mãos.
- A partir deste dia nunca mais vou encostar em você. – Soltei-a, ela quase caiu no chão. - Agora é a vez daquele desgraçado.... Sair pisando duro. Ouvir Oliver me chamar, mas não dei importância.
Estava cego de raiva!
- Jody cuide para que ela não saia de casa, ainda não terminei com ela. – Fui curto e grosso.
- Não faça uma besteira. – Ele me aconselhou, mas nada nesse mundo me deteria de acabar com aquele filho da puta. Ouvir Isis gritando meu nome, só percebi que ela estava atrás de mim, quando entrei no carro. Ela se colocou na frente do carro, tentando evitar que eu saísse.
- Não me teste, Isis. – Gritei.
- Por favor, não vá. Precisamos conversar. – Implorou.
Pisei na embreagem e no acelerador. – Saia da minha frente. – Gritei. Se soltasse a embreagem o carro passaria por cima dela.... Respire fundo! Fechei os olhos por um momento, quando abrir vi Oliver puxando Isis, ela ficou gritando meu nome, mas não esperei mais nada. Sair sem olhar para trás.