Capítulo 1 Vida infeliz
A música que tocava ao fundo era sedutora, atraente e envolvente. A ideia principal era atrair o cliente, fisgá-lo e fazê-lo gastar todo o dinheiro que trouxesse consigo naquela noite. As garotas estavam mais do que dispostas a agradar qualquer homem, desde que ele pagasse a quantia exorbitante de dinheiro que Otto exigia para cada uma delas.
E se alguma delas se recusasse a atender às solicitações do patrão, aquela que resistisse pagaria o preço pela desobediência. Para Otto ou qualquer outro cliente, essas garotas eram meros objetos sexuais a serem usados para transar e dar prazer, e nada mais... elas eram um negócio lucrativo, que enchia as contas bancárias do proprietário.
Um olhar azul feroz recaiu sobre a dança de uma jovem esbelta, de pele cor de canela, que fazia movimentos eróticos a ponto de se tornar obscena em torno de um poste de metal bastante brilhante. A moça estava vestida apenas com uma calcinha de renda que combinava com o sutiã e saltos impressionantes cobertos com centenas de strass brilhantes.
O rapaz que a observava se perguntava como ela conseguia dançar tão bem com saltos tão altos. Ele a observou um pouco mais, esperando que ela terminasse sua dança encantadora. Embora fosse vulgar, não podia deixar de ser emocionante. E bem, a verdade é que ela não era feita de pedra. Apesar do fato de que ela dançava muito bem e que poderia elevar a alma de um homem moribundo, ele manteve sua mente no que ela estava fazendo. Era mais lucrativo para ele.
-Você parece bastante interessado naquela garota, L.C.. Diga-me uma coisa, você a quer? -Um cara se senta sem sua permissão na cadeira vazia de sua mesa, o que o faz cerrar o maxilar com força. Isso realmente o irritou. Vamos lá, cara, não seja tímido. Se você a quer, tudo o que precisa fazer é falar comigo.
De repente, uma nove milímetros foi pressionada sob a papada do homem que falava sem parar, o som da segurança da arma foi acionado, fazendo com que os guarda-costas de Otto ficassem em alerta.
-Calmo, calmo...", diz Otto, engolindo o fôlego, por um momento a música para e com ela a jovem dançando.
-Quando foi que eu lhe disse para se sentar? -A voz alta de LC ecoou pelo local, atraindo olhares dos outros clientes.
-Eu me levantarei, se é isso que você quer.
L.C. retira a arma e acaba liberando Otto. O homem passa a mão em seu pescoço, enquanto engole novamente. Ele recompõe um pouco seu traje e, em seguida, dá ordens para que o show continue.
-Você é muito teimoso, L.C., deveria melhorar esse seu temperamento.
-Eu vou comprar!
-O que está dizendo? -Ele franze a testa para ele.
Para a garota", ele responde, observando-a dançar. Este mês, vou ficar com a de pele cor de canela", Otto sorri largamente, era tudo o que ele queria ouvir.
-Você tem um bom olho, ela só chegou ontem... Eu ainda não a coloquei para trabalhar direito, mas como você a está levando com você, ela terá muito trabalho para fazer com você", ele ri alto, mas não obtém resposta do homem à sua frente.
-Vai vendê-lo ou vai continuar falando merda?
Claro! Claro! Vou vendê-lo para você. Este é o preço", ele lhe apresenta um pedaço de papel com o preço, L.C. olha para cima depois de ver essa quantia.
O olhar azulado do homem de cabelos vermelhos caiu sobre Otto, que parecia estar suando como um porco. E, no entanto, neste lugar, estava insanamente frio.
-Está tentando me enganar, Otto? Ele aguça o olhar, fazendo com que o homem de cabelos castanhos engula mais saliva, limpe a testa com um lenço e dê um meio sorriso.
-Por que você diz isso?
-Essa garota não vale esse valor, quer ver minha cara de idiota?
-Ela... ela é nova, você tem que entender isso...
-Ela é virgem? -A seriedade do rosto de seu cliente era sepulcral, Otto achou que ele morreria na hora se continuasse a mentir.
-Não, não é...
-Você a estuprou?
-Ninguém a tocou, eu juro. O médico a examinou e ela não era mais virgem. Eu juro", ela responde rapidamente, tentando fugir da morte.
-Pagarei apenas metade do que você pedir.
-Mas..." Nesse momento, L.C. se levanta, afirmando sua autoridade: "Sim, sim, sim, é claro. Vamos fazer negócios com a metade.
L.C. se vira e desaparece atrás das pesadas cortinas de veludo vermelho. Otto, ao vê-lo partir, solta a maldita respiração. De repente, por trás das mesmas cortinas, aparece Santino, o braço direito de L.C.. Ele era um cara musculoso e intimidador, mas não tão intimidador quanto seu chefe. Com a reputação que ele tinha, era muito difícil para alguém fazer suas próprias coisas.
-Santino! -Otto o cumprimenta com um sorriso.
-Aqui está o seu pagamento", ele coloca uma maleta de prata sobre a mesa. Ele tira a garota do palco imediatamente. Em cinco minutos virei buscá-la." Ele abre a maleta e, dentro dela, há fileiras empilhadas de cédulas de uma só denominação.
-Seria mais fácil se eu fosse transferido", Otto sorri com um brilho perigoso no olhar.
-4 minutos", acrescenta ele, mantendo um olhar sério.
Santino se vira e vai em direção aos vestiários, onde ele sempre costumava pegar a garota que seu chefe comprava todo mês.
-Otto, um dia desses L.C. vai acabar matando você. Esse cara é muito perigoso, ele não se importou com o fato de todos nós termos ameaçado matá-lo se ele fizesse algo com você", diz um dos guardas.
-Ele é o melhor cliente que esse lugar podre pode ter, desde que L.C. se tornou um cliente regular, eu tenho tido uma renda melhor. Essas putas de merda não atraem muita gente, mas com a renda desse cara, estou ganhando muito dinheiro.
-O que você quer que eu faça agora?
-Tire a vadia dançarina do palco e mande a Serena sair e fazer seu trabalho direito desta vez, ou ela quer que eu lhe dê uma surra esta noite.
Otto olhou para a mala prateada à sua frente e sorriu amplamente, o mês inteiro ele estava esperando por aquela venda. Ele tinha certeza de que L.C. ia gostar da nova. Ele sempre ficava com as garotas novas, era o primeiro a dar lances por elas. Os outros só pagavam para transar com elas e nada mais, ele era o único que tinha o privilégio de levá-las e não trazê-las de volta.
O que quer que ele fizesse com a garota, não era problema dele... mas ele presumia que não era nada bom. Na verdade, tudo o que Otto queria saber era que ele voltaria mensalmente para pegar outra de suas putinhas.
[...]
Tremendo de medo e derramando lágrimas sem parar, a jovem que havia sido comprada minutos antes ficou parada enquanto Serena enxugava suas lágrimas e, por sua vez, limpava o rosto enegrecido pelo rímel borrado.
-Você precisa parar de chorar, não vai adiantar nada se continuar chorando, entendeu? A jovem morena a incentivou a mudar de atitude, pois sabia bem o que acontecia com as meninas que choravam sem parar.
-Eu só quero ir para casa", ela responde em lágrimas.
-Menina, todos nós queremos a mesma coisa aqui. Mas quando esses malditos porcos nos pegam, não há mais nada que possamos fazer. Não pense que há um super-herói nas ruas resgatando meninas.
-Mas eu...", responde ele, ao que seu lábio começa a tremer.
-Já chega! -Serena é forçada a dar um tapa na garota, se eles a pegarem gritando como uma garota estúpida, vão dar uma surra nas duas.
A jovem acariciou sua bochecha enquanto soluçava, com os olhos ainda no chão. Serena olha para ela e sente pena, pois sabia que nunca mais veria o pobre demônio. Ela mal havia chegado na noite anterior e já estava sendo vendida pelo maior lance. Possivelmente, sua vida seria mais miserável do que a que todos naquele buraco infernal estavam passando diariamente.