Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

5

— Quem é Shelly? — Marie pediu e meu coração parou por um segundo.

Antes que eu pudesse responder, porém, Adrian falou.

— Shelly é a sua gerente pelo tempo em que ela está aqui. Nós lhe dissemos para não nos chamar a menos que seja realmente importante. Houve algum problema com os fornecedores, de modo que ela entrou em pânico.

— Isso não soa como um bom gerente para mim. — Comentou Pierre. Dei-lhe um olhar e ele apenas deu de ombros. — Já que o seu café lhe é tão querido, digo. — Ele completou com um sorriso cínico.

Eu fiquei boquiaberta, de tal forma que o meu maxilar estava quase no chão. Espreitei um olhar para Adrian, que estava ocupado falando Marie. Ignorei Pierre e tentei prestar atenção no delicioso cheesecake de limão na minha frente. Eu tirei uma mordida, saboreando o gosto e sentindo a maneira como ele explodiu em minhas papilas gustativas. Senti a perna de Pierre contra a minha e o meu olhar agarrou-se ao dele.

Ele estava olhando para seu telefone com indiferença, mas eu vi o sorriso no seu rosto.

— Pierre! — Eu assobiei e seu olhar divertido encontrou o meu.

— Sim, Srta. Kingsley? — Ele sorriu. Ele sabia muito bem o que estava fazendo e jogando. Eu balancei a cabeça, sabendo que provavelmente seria um a tola se eu dissesse qualquer coisa. Não seria, afinal, uma coisa muito improvável, porque sempre que eu estava ao seu redor, parecia que eu não conseguia encontrar palavras.

— Como está o bolo, querida? — Marie perguntou. — Será que está de acordo com os seus padrões?

Eu ri desconfortavelmente.

— Uh... Está ótimo! Muito melhor do que o bolo do meu café. Talvez eu tenha de roubar a receita de você.

Marie corou e riu.

— Oh, quão doce você é.

Um rubor subiu até meu rosto, mas rapidamente eu o escondi. Adrian virou-se para mim com um sorriso e eu levantei minhas sobrancelhas para ele. Ele se inclinou e sussurrou.

— Eu acho que meu irmão tem tesão por você.

Eu olhei para ele, sem palavras.

— Adrian! — Eu sussurrei de volta, ciente do rubor subindo pelo meu pescoço. — Eu sou sua namorada, lembra?

Ele riu e eu olhei para ele. Ele beijou meu rosto e falou alto o suficiente para os vizinhos nos ouvirem.

— É claro que faremos sexo, querida.

Meu queixo caiu no chão. Olhei para ele em descrença absoluta. E esse cara era para ser meu melhor amigo. Depois olhei feio para ele antes de desculpar-me e sair. Fui até meu quarto, completamente irritada e envergonhada.

— Jenny, eu sinto muito. — Adrian correu atrás de mim. Eu o ignorei e continuei a subir as escadas. Entrei no meu quarto e quando eu estava prestes a fechar a porta, ele ficou na frente dela. — Jenny...

— Que porra, Adrian! — Eu explodi assim que a porta se fechou atrás dele. — Você me fez soar como a porra de uma adolescente com tesão.

— Eu sinto muito Jenny, eu... — Ele gemeu em frustração. — Mamãe me perguntou se estávamos realmente namorando ou éramos como os ligar e desligar dos casais de hoje em dia. E eu me apavorei.

— Isso não é desculpa. — Eu rebati. — Você não pode me trazer aqui e me tratar assim.

— Eu sei. — Disse ele, com desculpa clara em sua voz. — E eu sinto muito. Deixe-me fazer uma coisa boa para você.

Eu levantei minhas sobrancelhas. Eu não estava entendendo isso, ou estava?

— Como?

— Nós podemos ir a passeios turísticos amanhã, o que acha? — Adrian ofereceu. — Você sempre quis ver Roma.

Eu sempre quis ver Roma realmente, sentir a autenticidade da cidade. E ele sabia disso e estava jogando com essa vantagem. Mordi o lábio, querendo não ceder tão rápido. Adrian sorriu um pequeno sorriso de desculpas. Ele sabia que eu iria sucumbir. E foi isso que eu fiz.

— Ok. — Eu disse. — Mas você não está perdoado.

Adrian sorriu, já sentindo a vitória.

— Claro. Vou pedir e implorar pelo seu perdão.

Rolei os olhos. — Você é um tolo.

Ele sorriu. — Então, o que você diz, um dia inteiro para paquerar gatos italianos por aí?

Eu ri. Claro. Adrian tinha que ter um motivo por trás disso. Rapazes italianos. Mas ele parecia tenso.

— Por que você está agindo assim? — Fiz uma breve pausa. — É por que você está perto do seu irmão?

Ele fez uma careta, ele sabia aonde isso ia. — Sim. Pierre me perguntou sobre minha preferência sexual uma vez. Eu não tinha certeza naquela época, então eu dei de ombros. Ele nunca tocou no assunto depois disso.

— E ele não ficaria bem com isso?

— Sim, eu acho. — Respondeu — Pierre não é assim. Ele entenderia, mas agora não é o momento certo para dizer a ele.

— Por quê? — Eu fiz uma careta. — Se ele não se incomodaria, então por que você está escondendo isso dele?

— É complicado, Jenny. Eu vou lhe dizer mais tarde.

— Adrian... — Eu parei, sabendo que o havia perturbado. — Sinto muito. Eu só estou preocupado com o que vai acontecer quando você resolver sair.

— Essa preocupação é minha, Jenny. Deixe assim.

Eu balancei a cabeça, antes envolvendo-o em um abraço. Ele era meu melhor amigo e eu queria que ele fosse feliz. Ele merecia isso. Mas eu sabia que ele só tinha cavado o buraco mais profundo, fazendo-me sua namorada. Quanto mais eu pensava nisso, mais eu percebi que eu deveria ter dito não. Mas agora era tarde demais.

Adrian hesitou antes de abraçar-me de volta, mas logo o calor familiar me cercou.

— Você sabe que este é um tema sensível, Jenny. Deixa assim, por favor.

Relutantemente, eu assenti. Se era isso que ele queria, eu respeitaria.

Eu não conseguia dormir. Tentei tanto quanto eu pude, mas não consegui convencer meu corpo a seguir a minha mente. Eu devia estar com jet lag, cansada, na máxima exaustão, era a explicação. Mas eu estava também bastante confusa. Olhei para o relógio e percebi que era tarde demais para ligar para a minha mãe e eu realmente não estava preparada para a gritaria dela.

Ela iria me dizer exatamente que era uma estúpida decisão essa que eu tinha feito e eu não estava pronta para ouvir isso ainda. Então, eu saí da cama e vesti um roupão de seda caro que eu tinha trazido. Estes eram os prazeres que me deixavam mais culpada, pois era onde boa parte do meu dinheiro se ia.

Puxei-o em torno de mim com força e amarrei-o. Coloquei minhas pantufas felpudas e sai do quarto. Eu esperava que não tivesse ninguém acordado em nenhum lugar, ou isso seria muito embaraçoso.

Eu calmamente desci, os meus pés fazendo um ruído surdo no chão. A lareira estava acesa, mas ninguém estava em torno dela. Eu fiz uma careta, mas dei de ombros. As pessoas ricas e seus brinquedos.

As portas francesas estavam abertas e eu olhei para o gramado. Calmamente fui andando e a vista era realmente impressionante. Ela me tirou o fôlego. Olhei novamente para o gramado. O luar caiu sobre ele, banhando-o. As luzes brancas que estavam ali só acentuavam a sua beleza.

Havia pequenos arbustos e plantas, e uma horta no canto mais distante. A única coisa que faltava era um lago. Uma pequena risada escapou de mim quando eu pensei sobre onde eu estava escondida. Eu envolvi minhas mãos em volta de mim, o frio ficando mais intenso.

Embora a Itália fosse muito quente, senti um arrepio. Pelo menos não estava chovendo. Eu sorri.

— Bonito, não é? — Alguém falou atrás de mim e eu gritei, virando-me. Pierre Lawrence ficou atrás de mim em toda sua glória. Ele parecia tão bonito, e tão... comestível. Ele estava vestindo apenas a calça do pijama, deixando seu lindo peito à mostra.

Ele levantou uma sobrancelha para mim.

— Srta. Kingsley?

— Jennifer. — Eu o corrigi. — Sim?

— O que você está fazendo fora tão tarde? — Ele perguntou curiosamente, chegando a ficar ao meu lado.

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa. — Repliquei, mas quando ele me lançou um olhar sério, eu respondi. — Eu não conseguia dormir. E você?

— Eu não conseguia dormir. — Disse ele, mas eu peguei o desconforto em sua voz. Eu não pressionei para obter mais informações, então Pierre rapidamente mudou de assunto. — Então, como você e meu irmão se conheceram?

Eu sorri com carinho.

— Seu irmão idiota derramou seu café em mim quando eu estava no meu caminho para a biblioteca da universidade. Eu não gostei dele, obviamente. Aquele era o meu vestido favorito. E o resto é história.

— Você sabe... — Ele começou a dizer, mas hesitou. Eu levantei minhas sobrancelhas para ele. — Eu sempre pensei que Adrian fosse gay.

Eu parei minha respiração. O que? Depois respirei fundo. Ele pensou, logo não sabia.

— Oh, sim?

Essa foi a melhor resposta que eu poderia ter dado? Estúpido Jenny, minha voz interior me incitou.

Sério? Oh? Agora, mesmo que ele não era suspeito, ele seria.

— Sim, ele pensava que eu não o notava olhando as fotos de todos os modelos masculinos nas revistas da mamãe ou olhando alguns caras na rua. Mas eu acho que eu estava errado, no fim das contas. — Ele fez uma pausa. — Ele tem você agora.

Havia algo em sua voz. Eu não gostei disso, ele parecia magoado... Surpreso mesmo. Foi então que eu descobri que Pierre tinha um segredo. Quem não tinha? Mas uma parte de mim me disse que o seu não era tão... Normal. Perigoso mesmo.

— Isso é uma coisa ruim? — Fiz uma careta.

Ele ficou quieto por algum tempo. Eu percebi que eu não gostaria de obter uma resposta a esta pergunta. Eu me virei.

— Boa noite, Pierre.

Assim que eu estava prestes a sair, o ouvi falar.

— Não, não é. É uma grande coisa. Você é boa para ele. Ele não é esse cara aberto quando está aqui. Ele não brinca muito.

Ele suspirou.

— Eu só queria ter te encontrado antes dele.

Porra. O quê você diz sobre isso? Eu fiquei sem palavras. Eu não sabia o que dizer ou fazer. Eu sabia que se eu me virasse, eu gostaria de me lançar em seus braços, mas eu não podia. Eu fiz a única coisa que eu podia.

— Obrigada, Pierre.

Acordei com um bater horrível na minha porta. Fiz uma careta, odiando a pessoa atrás dela. Levantei-me e abri a porta. Um Pierre divertido estava ali, mas seus olhos escureceram e seu sorriso caiu quando ele olhou para mim.

— O que? — Rosnei para ele.

— Ahm... Você deve vir para baixo. E colocar algumas roupas.

Foi então que eu percebi que estava com minha roupa de dormir. Um robe bem menor do que o que eu usava quando o vi de madrugada. Corei furiosamente e fechei a porta na cara dele. Tomei banho em tempo recorde e coloquei um vestido. Era um vestido azul real que tinha um decote suave, e era encaixado na região do peito, abrindo-se mais abaixo. Ele parava cerca de quatro polegadas acima do joelho. Eu decidi renunciar à maquiagem, optando apenas por um gloss rosa em seu lugar.

Desci e Adrian já estava no pé da escada. Ele me deu um sorriso de desculpas. Apertei os olhos para ele.

— Jenny... Eu não posso sair com você hoje. Meu pai me chamou para verificar algumas coisas.

Eu fingi um sorriso. Eu estava realmente animada com a saída, mas ele parecia querer estar com o pai. Eu queria gritar com ele, mas optei por um pequeno sorriso.

— Está tudo bem, Adrian. Eu vou encontrar outra coisa para fazer.

Adrian sorriu um sorriso de desculpas.

— Eu disse que eu não vou. Não significa que você não pode.

Dei-lhe um olhar confuso.

— Você pode ir com o Pierre.

Oh inferno.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.