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Capítulo 3

Decido sair daquele maldito lugar antes de entrar em pânico. Quase quando estava saindo, notei um pedaço de papel na mesa onde ela estava sentada.

Existem alguns números de telefone e nomes de algumas empresas, pelo menos acho que sim. Coloco-o no bolso e saio da sala. Entro no carro e antes de sair lembro que tenho que ir ao escritório para tratar de uma papelada.

— Droga, quase esqueci —

Quando chego ao escritório, minha secretária começa a falar como uma metralhadora, me lembrando de algumas entrevistas de emprego. Continuo andando, ignorando-a completamente. Entro em meu escritório e fecho a porta atrás de mim.

Eu me sinto exausto só de ouvir aquela vozinha de ganso no cio.

Deito-me no sofá de couro, sirvo-me de um copo de uísque e penso naqueles olhos esmeralda. Depois de várias fantasias, pego aquela folha de papel para tentar entender alguma coisa sobre ela, mas nada. Só depois de quase meia garrafa de whisky é que percebo que entre estes números está também o da minha empresa.

—Meu Deus, o que você vai fazer?! -

Quase me matei levantando do sofá.

Não consigo mais pensar com clareza: abro a porta do meu escritório e como um louco ligo para minha secretária gansa.

"Senhorita Milton, senhorita Milton!" -

Para onde diabos ele foi?

— Quando eu preciso de você você nunca está lá! -

— Sinto muito, Sr. Carter, eu estava no banheiro. Eu posso ajudar? -

— Caramba, gostaria de saber a quantidade de meninas que terão que fazer a entrevista amanhã de manhã, se apresse, não perca mais tempo. -

“Meu Deus, isso me irrita”, pensei.

Demorou uma eternidade para encontrar o número dela.

Droga, estou ficando louco, tenho que demiti-la imediatamente! Antes de matá-la com minhas próprias mãos. Pego o telefone para ligar para um de cada vez, mas paro antes de discar o primeiro número.

—O que diabos estou fazendo? -

O que direi a ele? "Oi, eu sou aquele idiota desta manhã que ficou encantado com a sua beleza, e que não percebeu que aquele barista filho da puta derramou café quente em mim!"

Qual é, Nett, você fodeu com a cabeça.

Passei horas andando pelo meu escritório como um psicopata maluco, tentando descobrir o que posso fazer para vê-la novamente, mais uma vez.

Quando não sei mais o que fazer, saio para tomar um pouco de ar fresco.

Tiro o carro da garagem e noto como o dia passa voando: o sol se pôs e entre os prédios vejo os raios de luz que criam uma espécie de arco-íris. O ar ficou mais frio e o vento aumentou, soprando as folhas das árvores. Há um cheiro quase de inverno.

Ando pela cidade, tentando pensar em algumas ideias para conhecê-la, mas nada.

Isso nunca aconteceu comigo antes, sempre fui eu quem sou perseguido, mas desta vez não, sou eu quem faz isso, embora não saiba por onde começar e essa minha vulnerabilidade até me incomoda. avançar.

Decido parar no refeitório de sempre na esperança de vê-la novamente.

Quando estou prestes a entrar noto que a porra do barman ainda está lá, mas não dou a mínima, sento no bar e peço uma vodca. Ele me olha com cara de cachorro espancado, mas não dou importância, pois minha mente está em outro lugar.

Bebo meu terceiro copo e acho que este será mais um dia inesquecível.

Acabei de arrumar meu apartamento, agora parece uma casa! Não é muito grande, mas é mais do que bom para mim, já que moro sozinho.

A cozinha é de cor nogueira clara. O quarto principal, por outro lado, está exatamente como sempre quis. Na entrada do apartamento há um sofá de couro em formato de coração com tapete vermelho brilhante. Existem grandes janelas que iluminam toda a sala e dão para uma avenida arborizada.

Eu amo esse lugar, me faz sentir muito viva.

Decido fazer o jantar, mas percebo que ainda não tenho nada em casa, então só preciso descer e fazer algumas compras.

Saio pela porta e percebo como o ar se tornou fresco. O cheiro de folhas secas se espalha pelas ruas da cidade.

Começo a descer a avenida, notando quantas folhas o vento derrubou, até que a rua se enche delas.

—Como esse rangido me relaxa, quase parece uma melodia. -

Aproveito esta noite fantástica e percebo que estou de volta à cafeteria.

— Devo dizer que o café daqui é muito bom! -

Decido entrar e pedir um. Quando me sento, noto o garçom e seu olhar triste.

Quem sabe por quê. Aí eu lembro o que aconteceu e penso no que aconteceu, ele ficou muito bravo.

Começo a tomar meu café, lembrando de cada feição daquele garoto de cabelos pretos. Fiquei encantado olhando para isso. Seu olhar de peixe cozido também me fez sorrir, mas depois ver a maneira como ele reagiu ao garçom por causa da bebida derramada me fez estremecer. Isso me enojou tanto que fugi de lá. Seu olhar era frio, quase indiferente. E então aqueles olhos.

Querido Deus, eu o teria matado se pudesse. Eu o odeio e espero por ele que esse pobre homem não seja demitido, porque só Deus sabe o que aquele filho da puta vai passar.

À medida que a raiva toma conta de mim, levanto-me para ir ao banheiro e ouço um cara conversando com o barman. A voz dele é tão melancólica, como se ele estivesse chorando, mas não consigo ver. Ele está sentado em frente ao balcão, de costas para mim. Tento me afastar e não atrapalhar, mas é impossível quando a voz dele aumenta visivelmente. Ajo como se nada estivesse acontecendo, mas percebo que o garçom está olhando para mim, tentando me acalmar com o olhar.

Volto para minha mesa para terminar meu café, ouço um telefone tocar. Corro para pegá-lo, mas percebo que não é meu.

Quando estou prestes a guardar o celular na bolsa minha respiração fica presa: Ai meu Deus, é ele, o que ele está fazendo aqui de novo? Ele atende o celular enquanto sai da sala.

Ponto de vista de Nett.

- Preparar? Sim pai, não posso fazer isso agora, estou ocupado. Sim, eu sei, farei as entrevistas amanhã, ok? Até amanhã. -

Vou falar com meu estúpido pai ao telefone. Volto a pagar minhas bebidas, mas quando estou prestes a pagar, eu a vejo.

Oh meu Deus, estou bêbado ou estou tendo alucinações? Droga, ela é tão linda. Observo-a tomar um gole de sua bebida, noto o rubor em seu rosto e não entendo por quê. Seu olhar está fixo na mesa e não consigo ver suas esmeraldas. Não sei se é o álcool ou se está aqui a apenas dois passos de mim. Quero conhecê-la agora mesmo! Quando estou prestes a voltar, minha cabeça está girando.

Tento lembrar o quanto bebi esta noite também.

Não, não posso aparecer nesse estado, ele fugiria imediatamente. Qualquer um faria isso e, caramba, ainda cheiro a escritório. Eu olho para ele e olho novamente, sem saber realmente o que fazer. Mas quem se importa, eu vou entrar.

Respiro fundo e começo a andar, vejo que ela se levantou e vem em minha direção com os olhos baixos. Eu paro.

Estamos praticamente cara a cara e não consigo tirar os olhos dele.

Ela está lá, ainda. Seus olhos olham nos meus, posso sentir seu constrangimento.

"Olá," eu digo gaguejando, continuo olhando para ela sem obter sua resposta. Seus olhos deixam os meus e voltam a cavar um vazio dentro de mim, preenchido apenas por uma dor imensa.

— Boa noite, senhorita Mery — me aproximo dela.

- Eu posso ajudar? —Pego os envelopes que ele tem nas mãos. Ela me olha espantada, sem me entender. Quando ela percebe que levanto uma sobrancelha, vejo-a se iluminar.

— Sim querido, obrigado. -

PONTO DE VISTA DA SENHORITA MERY.

Quando me viro, noto aquele jovem, acho que reconheço seu olhar fulminante.

Acho que interrompi alguma coisa!

Olhando para a pequena Desyrè percebo o quanto ela está envergonhada. Ele parece querer fugir.

Tento ajudar adotando a atitude de uma garota de vinte anos:

-O que você esta olhando? - , Eu aviso-te.

—Você nunca viu uma jovem tão linda ajudando uma senhora de meia-idade?!

E livre-se daquele aspecto de peixe cozido que não combina com você! — Tento continuar, mas Desyrè me interrompe. Ele coloca a mão sobre a minha, deixando-me saber que pode ser o suficiente.

Eu olho para ela, seu rosto ficou vermelho brilhante.

Quando noto seus olhos, percebo quanta atração sinto por esse garoto.

Fico em silêncio e olho para eles, notando também o olhar deles. Você pode dizer que ele é um filho da puta e ele certamente quebrará o coração dela e a deixará apodrecer de dor, assim como meu amado idiota Liam.

Lembro-me perfeitamente do quanto sofri e depois de anos meus esqueletos ainda estão lá. Não vou deixar isso acontecer com ela. Ele não mereceria isso, para ser sincero, ninguém mereceria. Nem mesmo a escória da escória. Vou quebrar o feitiço mesmo sabendo o quanto ele me odeia por isso, mas vou correr o risco.

— Querido, queria te perguntar se uma tarde dessas você viria jantar em minha casa para te apresentar ao meu filho, já que você acabou de chegar e não conhece praticamente ninguém além de mim. -

— Claro senhorita Mery, adoraria conhecer seu filho. -

Droga, fiquei louco! Como diabos eu tive essa ideia? E se algo aconteceu comigo, meu Deus, eu nem os conheço. Poderia ser qualquer um, e estou com muito medo depois do que aconteceu comigo.

Eu vou descobrir alguma coisa.

Seu visual mudou, não é mais tão doce como era há um segundo. Vejo raiva, talvez uma pitada de ciúme, mas não entendo por quê. Porém não falei nada, apenas aceitei o convite da dona Mery!

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