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06- Confusão

Abro os olhos e a primeira coisa que faço é sorrir só de me lembrar de tudo que aconteceu na noite passada. Nando foi perfeito! Perdi as contas de quantas vezes me fez atingir o prazer absoluto. Chegou uma hora que minhas pernas já estavam fracas. Olho para o relógio e já são nove horas. Manu já deve ter ido para a confeitaria e Caio junto com Nando para a loja.

Nando trabalha como gerente geral enquanto Caio fica no escritório administrando. Manu já tem quatro confeitarias espalhadas pelo Brasil, enquanto Caio tem uma loja aqui na nossa cidade e outra em São Paulo. Manu me contou que deve tudo isso a um dinheiro que a mãe de Caio deixou para eles de herança, mas também disse que esse dinheiro também trouxe algumas coisas ruins. Já tentei me aprofundar no assunto, mas ela sempre desconversa.

Me levanto e tomo um banho bem gostoso, pensando em Nando. Já estou ficando pervertida, Meu Deus! Depois de me trocar e tomar café, decido começar a trabalhar. Pego meus lápis e várias folhas. Falta pouco para abrir minha própria loja de roupa. Como estou inspirada, vai ser moleza fazer o restante dos croquis. Agora só falta os vestidos de festa. Vou até meu ateliê, que Caio montou especialmente para mim em um cômodo ao lado da garagem. Nele há duas mesas, uma para desenhar e outra para costurar. Começo a desenhar, admirada com as ideias que vem à mente com tanta facilidade. Decido fazer seis modelos, só para começar.

Após horas desenhando, enfim eles estão prontos. Olho fascinada para os desenhos sobre a mesa. Ficaram incríveis. Preciso passar mais noites assim com Nando. 

Vou até a cozinha preparar algo para comer, pois ainda não almocei. Após preparar risoto de brócolis, me sento à mesa e trato de me alimentar, e quando estou terminando, ouço a campainha tocar. Me levanto e vou até lá, e assim que abro a porta, dou de cara com Henry segurando um enorme buquê de rosas.

— O que você quer?! — pergunto, rude.

— Eu quero você. — Ele estende o buquê em minha direção.

— Henry, eu não vou pegar isso. Pode levar essas flores embora. Você só gastou dinheiro à toa. — Empurro o buquê que ainda está em suas mãos.

— Para de fazer drama, Aurora. Foi só um caso. Coisa de sexo e nada mais.

Começo a rir.

— Que merda, Henry. Você está tentando se justificar assim? Me deixa em paz! Vai embora. — Tento fechar a porta, mas ele não deixa.

— Nós ainda não terminamos. Vamos resolver isso!

— Você não disse que eu iria sentir sua falta? Mas quem está aqui na minha porta é você. — Henry bufa. — Se você não for embora agora, vou chamar os seguranças do condomínio.

— Eu vou, mas não é a última vez que me verá. — Ele afasta o pé que me impedia de fechar a porta.

— Só tenho uma coisa pra te dizer: me esquece! — Bato a porta com força e a tranco.

Volto para a cozinha e tento lavar a louça que sujei, mas não consigo por muito tempo. Escuto a campainha tocar novamente.

— MEU DEUS! — Já irritada, encho um pote com água. Henry vai tomar um banho agora.

Vou até a entrada, giro a maçaneta bem devagar e, assim que vejo as flores, jogo a água que estava no pote. Escuto um resmungo baixo e começo a rir sem parar.

— Aurora, por que você me molhou?!

No mesmo instante, paro de rir.

— Nando!?

Ele abaixa o buquê e vejo em seu rosto que está irritado.

— Se não gosta de rosas, é só falar. Sou um grande idiota! — Nando entra em casa pisando duro.

— Eu pensei que fosse Henry. — Abaixo a cabeça envergonhada. — Me desculpa.

— Por que seria ele? — questiona, confuso.

— Faz pouco tempo que ele saiu daqui. Henry veio me pedir pra voltar e trouxe um buquê de rosas vermelhas igual ao seu, por isso pensei que fosse ele.

Nando revira os olhos.

— É muito descarado mesmo. Ele veio nesse horário pois sabia que você estaria sozinha. Parece que a surra que demos nele não foi suficiente. — Ele coloca as flores em cima da mesinha de centro na sala e tira a camisa molhada. Não consigo desviar o olhar.

— O que você está fazendo em casa esse horário?

— Nosso pai pediu pra vir buscar uns papéis no escritório — responde. Sem olhar em meus olhos, ele pega a camisa e passa sobre o peito, enxugando o restante da água.

Como um gesto tão simples pode parecer tão sensual? Me vejo hipnotizada e sinto um calor subir por minhas pernas.

— Está gostando da vista, baby? — A voz grave de Nando me tira de meus pensamentos.

— Até que é bonitinho. — Dou de ombros e ele ri e vem em minha direção.

Segurando minha nuca, Nando me beija com intensidade. Quando seus lábios descem até meu pescoço, o desejo só aumenta. Assim que ele se afasta, meu corpo já sente a falta de seu toque.

— Aurora, me tira uma dúvida. Nós não usamos camisinha noite passada. Você toma anticoncepcional?

— Tomo, Nando. Eu tomo todo dia certinho no mesmo horário.

Ele assente e lhe dou um selinho. Nando me abraça.

— Queria ficar com você, mas tenho que voltar o quanto antes. — Ele beija minha testa e se afasta.

Pego as rosas que deixou na sala e vou até a cozinha. Escolho um vaso, as coloco nele e o levo até meu ateliê. Fico admirando-as por um tempo até sentir os braços de Nando envolverem minha cintura.

— Espero que tenha gostado, mesmo sendo o tipo de flores que Henry trouxe.

Me viro para ele e vejo que já colocou outra camisa.

— Pode ser o mesmo tipo de flores, mas elas representam coisas bem diferentes.

Nando assente sorrindo.

— Esses são seus últimos desenhos? — Aponta para a mesa.

— São. Você gostou?

— Adorei. Estão muito lindos. Você tem muito talento. — Estou com um sorriso enorme no rosto. — A inauguração é daqui a uma semana, né?

— Sim. Alex que cuidou da decoração do lugar. Como é ele que planeja as lojas de Manu, ela pediu que ele fizesse isso pra mim também. Ele é um arquiteto muito bom.

Nando balança a cabeça concordando.

— Eu sempre gostei dele e de Larissa, mas não gosto muito do Adam. Ainda bem que ele está fora do Brasil.

— Por qual motivo? Pra mim vocês se davam tão bem.

Ele me aperta em seus braços.

— Eu me lembro que ele foi seu primeiro amor na adolescência. Mesmo sendo dois anos mais novo que nós, você sempre foi encantada por ele.

— Nando, você tem ciúmes dele? — Ele vira o rosto. — Você tem. Eu não sabia. Que coisa fofa! — Seguro seu rosto e dou vários selinhos, e ele acaba rindo.

— Agora tenho que ir. Já demorei demais aqui. Daqui a pouco nosso pai liga preocupado. Até mais tarde.

Dou um último beijo.

— Até mais tarde. — Ele beija minha mão e então se vai.

Com os modelos já prontos, começo a separar os tecidos que irei usar. Após algumas horas, o primeiro vestido ganha forma. Optei por começar com o vermelho, que será todo no mesmo tecido.

Escuto meu celular tocar e coloco a tesoura em cima da mesa. Vejo que é uma mensagem de Mari. Ela diz estar chegando. Peço para que assim que chegar, venha até o ateliê. Não demora muito e escuto passos.

— Oi! — Mari me abraça. — Estava aqui perto, então decidi vir te ver. Esse vestido vai ficar maravilhoso. — Ela pega o desenho que está sobre a mesa. — Imagina ele no meu corpo.

— Pode deixar que faço um desse pra você e te dou no dia do seu aniversário, como ele já está próximo.

Mari sorri.

— Eu vou amar! Agora quero saber como estão as coisas entre você e Nando. — Ela vai até a poltrona que há lá e se senta.

— Mari... Essa noite foi muito louca. — Só de me lembrar, já sinto minhas bochechas queimarem.

— Pode me contar tudo!

Após contar a Mari o que aconteceu, ela fica literalmente de boca aberta.

— Quem diria que Nando, com aquela carinha de sério, seria um dominador na cama. Olha, fiquei toda arrepiada! — Ela estica o braço e aponta para os pelinhos. — Quando sair daqui, vou logo encontrar Rafael. Preciso apagar o fogo que subiu em mim.

— Mari, você não existe.

— Amiga, é sério. Eu não imaginava que ele era assim. Você tirou a sorte grande. Agora aproveite. Faça-o passar toda noite no seu quarto. Só cuidado pra não ficar assada. Mas se isso acontecer, tenho uma pomada muito boa. — Nós rimos.

— Só espero não me arrepender.

Mari dá um tapinha no meu ombro.

— Garota, você gozou várias vezes em uma noite. Nando fez o que Henry não fez em dois anos. Você vai se arrepender é de não ter ficado com ele antes.

Acabo rindo. Mas Mari tem razão. Nando fez eu me sentir a mulher mais desejada do mundo. Me fez descobrir sensações novas, e eu amei.

— E essas rosas? — Ela aponta para o vaso.

— Foi Nando que me deu. — Só de me lembrar que joguei água nele... Coitadinho.

— Ele está caidinho por você, amiga.

— Ai, amiga, eu espero que sim, porque eu estou por ele. Você acredita que Nando disse que tem ciúmes do Adam?

— Espero que ele controle esse ciúme, porque Rafael me contou mais cedo que Adam volta para o Brasil amanhã.  

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