Primeiro dia
Maria Alice
Três meses depois...
Estou radiante!
Hoje eu começo minha residência no Mount Aubum hospital, me olho no espelho e me pergunto se estou bem! A verdade é que nunca estarei vestida bem o suficiente para esse dia.
Optei por uma calça jeans branca e uma camisa social também branca, meus cachos estão presos num coque folgado e calço um sapato fechado.
Ontem passei o dia na casa do meu pai, com minha madrasta e meu irmão, meu pai está muito orgulhoso e fez questão de preparar um almoço comemorativo.
Minha mãe me ligou umas cinco vezes e até chorou emocionada por ter uma filha medica, mamãe é de origem humilde e estou muito feliz em lhe dar esse orgulho, ela não pode comparecer na minha formatura.
Depois de falar o quanto está feliz e orgulhosa, mamãe começou a falar sem parar como sempre faz: Não deixe ninguém gritar com você Maria Alice, se algum desses médicos gringos ficarem de graça com você, dê uma bolsada nele e depois ligue para mamãe que mamãe resolve tudo!
Entro no meu carro, um modelo popular, começo a sentir um frio na barriga só de pensar que o verei, irei trabalhar no mesmo hospital, onde ele comanda tudo, meu Deus, eu preciso ser perfeita!
Já no hospital fico aguardando numa sala confortável, junto com outros médicos que também estão no seu primeiro dia, trocamos algumas palavras, mas a verdade é todos estamos ansiosos.
Quando a porta é aberta, uma atmosfera densa toma conta de tudo, o ar se torna pesado e parece que respirar se tornou uma tarefa difícil. É ele! O Doutor Maximiliano King.
Ele entra no recinto e se posiciona a nossa frente e todos ficam de pé, Ele usa um jaleco branco e está todo abotoado, seu nome está gravado no jaleco e ele tem um estereoscópio em volta do pescoço.
__ como diretor chefe do hospital, vim lhes dá as boas vindas!
Ele começa a falar e escutamos com atenção.
__ A maioria de vocês vão trabalhar com minha equipe médica, e eu não aceito menos que a perfeição, o primeiro erro é estão fora!
Ele fala tão sério que me assusto, e como num passe de mágica surgi um sorriso em seu rosto, que claramente não chega aos olhos, lembra maquiavelicamente ao coringa sorrindo e ele fala:
__ se sintam acolhidos e sejam muito bem vindo ao: Mount Aubum hospital!
Ele fica uns segundos calado e quando volta a falar seu rosto fica sério:
__ logo o Doutor Marcus, virá e apresentará o hospital a vocês.
Da mesma maneira que surgiu ele se vai! A mesma fumaça que o trouxe, o levou de volta.
Logo um homem muito simpático com o nome de Marcus se apresenta, muito acolhedor e sorridente, somos apresentados a uma parte do hospital, não todo, pois o hospital é enorme e seria impossível conhecer tudo em um só dia, conhecemos o refeitório, a sala de descanso e onde guardamos nossos pertences, tudo é muito bonito e confortável e o hospital é impecável.
__ Bom, eu trabalho na equipe do Doutor King e vocês estarão sob o meu comando, faremos muitas cirurgias juntos e como colegas de trabalho eu terei muito prazer em ajudá-los em tudo que poder.
Diferente do Doutor Maximiliano, o doutor Marcus passa uma sensação real de boas vindas e acolhimento, gostei dele e como dizem no Brasil: meu santo bateu com o dele!
O dia passa e eu vou me situando no trabalho, sou apresentada a alguns pacientes e analiso o estado clínico de cada um, faço visitas a alguns pacientes, aplico medicações e me sinto feliz como nunca antes, estou fazendo o que mais amo no mundo, ajudando pessoas a ter uma esperança de vida.
Meu turno é de madrugada e os corredores estão silenciosos, a maioria dos pacientes dormem a essa hora, aproveito e vou ao refeitório tomar algo para me esquentar.
As máquinas da cantina só servem café e chocolate quente, nada de chá! Me sirvo de um copo de chocolate quente.
__ bela escolha!
Marcus se aproxima e ele se refere ao meu chocolate e o olho se servi de uma caneca de café quente.
__ não curto café!
__ já eu preciso de uma jarra desse líquido preto mágico para ficar de pé, como está sendo o primeiro dia? Tudo sob controle?
__ está sendo ótimo, o hospital é incrível.
Ele sorrir e eu acho sua atitude estranha, já que os americanos não são tão afetivos nem muito menos simpáticos.
__ você não é americano!
__ como advinhou?
ele pergunta sorrindo com os olhos e com a boca, eu definitivamente amo pessoas que sorriem com os olhos.
__ seu jeito, a caso você é brasileiro?
Pergunto e ele confirma e eu falo que também sou brasileira.
__ minha mãe é brasileira, nasci no Brasil, acho que um brasileiro conhece o outro!
__ isso é incrível doutora Alice, já temos algo em comum.
Ele fala e pisca os olhos de forma divertida para mim, então o alto falante chama por seu nome e pede para que compareça a sala principal.
__ o chefe está me chamando!
Ele fala fazendo uma careta, com toda certeza está se referindo ao doutor Maximiliano, o que faz meu estômago se contorce inteiro, eu apenas o vi quando cheguei ao hospital, sei que como diretor chefe ele só deve se fazer presente quando necessário, mas não nego que me sinto decepcionada, esperava vê-lo pelo hospital mais vezes.
Quando estou voltando para minha sala, passando pela área infantil, uma voz fina e doce me chama atenção, me aproximo e entro em um quarto e encontro uma criança sentada em sua cama, é um menino, ele está usando um catete nasal por onde está recendo oxigênio para que possa dormir melhor, seu pijama de astronauta me desperta curiosidade e no mesmo segundo me lembro do meu irmão João o que faz se aproximar do rapazinho.
__ olá rapazinho, você não deveria está dormindo?
Então ele nota minha presença.
__ estou sem sono, você veio me furar de novo?
Ele pergunta e estranho sua pergunta, ele é magro e deve ter em torno de 6 anos, a mesma idade do meu irmão João que mora no Brasil.
__ eu não vim furar você, tem medo de agulhas?
Pergunto tentando puxar assunto e pego a sua ficha clínica e vou analisando, para ver o que ele tem.
O garoto dar de ombros e me responde com tédio.
__ não tenho mais medo, elas não doem mais.
Só então descubro que o garoto por nome de Bryan tem um tumo no cérebro, sinto meu coração apertar nesse momento, ele é tão pequeno.
__ você é muito corajoso Bryan, eu tenho um irmão da sua idade!
Seus olhos brilham e ele sorrir.
__ sim, eu sou muito corajoso, quando eu crescer e sair desse hospital eu serei astronauta, vou construir um telescópio gigante e ver as estrelas de pertinho e vários planetas.
A forma que ele fala, faz seu rosto inteiro se irradia, fico encantada com o amor com o qual ele fala do seu sonho.
__ você vai sair logo daqui e ver todas as estrelas que conseguir, basta nos deixar cuidar de você!
__ a minha mãe fala que eu vou sair logo, ela chora muito e eu sei que é porque eu estou doente, eu tenho um caroço na cabeça, mas o tio Marcus vai tirar e eu vou fica bom, ele me disse, eu acredito nele.
O Bryan deve está falando do Doutor Marcus e fico admirada o quanto ele é inteligente para sua tão pouca idade, então ele completa:
__ e assim a mamãe não vai mais precisar chorar!
As palavras de Bryan mexe comigo, me tocando de um jeito intenso demais, me causando emoções fortes, então a porta abre e uma mulher loira entra na sala e eu a cumprimento.
__ boa-noite, eu sou a doutora Maria Alice!
__ aconteceu algo com meu filho?
Ela pergunta bastante nervosa e me dou conta que estou diante de uma mãe passando por aquilo que nenhuma mãe deveria passar, ela esta numa dura luta, pela vida do seu filho.
__ não aconteceu nada, calma, trata-se apenas de uma visita de rotina.
A mulher parece respirar mais calmamente, ela está aparentemente cansada.
__ seu garoto está estável, aconselho os dois a dormirem.
Olho mais uma vez para o garoto magro, mas com os olhos mais vivos que já vi, cabelos lhe faltam a cabeça mas não tiram em nada sua beleza, então ele abre um sorriso que iluminou o quarto inteiro, principalmente minha alma.
__ boa noite Bryan, amanhã eu venho te ver.
Eu não sabia, mas aqui nesse quarto acabava de nascer a amizade mais verdadeira que eu teria em toda minha vida.
Continua...
O que estão achando do livro meus lindos? Deixem seus comentários e sua estrelinha, me sigam!
Volto quinta feira ❤️❤️❤️