♥ Capítulo 5 ♥
Madison Conner.
08:40— Faculdade. —Sala de aula — EUA — Washington.
Entrando na sala eu sigo calmamente para o meu lugar, coloquei minha mochila sobre a mesa e me sentei, tirei o meu caderno normal e peguei um lápis, irei primeiro fazer um rascunho e depois eu passo a limpo.
Bom, vejamos. O que a porta representa para mim.
Escrevo o título no caderno como: O que ela representa.
Comecei a escrever o que veio à minha mente.
A porta representa para mim algo que está indeciso, ao ver essa imagem me faz querer abrir essa porta e ser livre, mas algo me prende dentro dela e faz com o que eu não tenha coragem de abri-la. Representa indecisão, confusão, insegurança e medo. Medo que se eu abrir a porta não seja como eu sempre imaginei, tenho medo do desconhecido, correntes em volta do meu pescoço me impedem de avançar, não sei se algum dia eu irei conseguir ter coragem de quebrar essas correntes e abrir essa porta.
A porta pode parecer linda por fora, mas por dentro dela tem algo sombrio e doloroso, algo que ninguém pode ajudar. Às vezes eu me pergunto, vou ter coragem algum dia? Como será fora dessa porta? Será que é como eu imaginei? Liberdade? Ainda não tenho as respostas, para isso eu tenho que me libertar dessas correntes em meu pescoço. Sinto que quando eu mais me aproximo dessa liberdade, mais correntes chegam e acabam me envolvendo, me puxando para mais dentro dessa porta.
Parei de escrever para respirar um pouco, porque é capaz de eu começar a chorar aqui ao colocar todos os meus sentimentos nesse papel. Eu espero que a professora não venha me perguntar o porquê disso, sinto que cada dia que passa eu estou mais frágil.
— Bom dia, alunos. — Me assustei com a voz da professora entrando na sala.
Merda, eu ainda preciso terminar o resumo.
— Nem irei fazer chamadas, aqueles que já tem seus resumos prontos, venham aqui me entregar e voltem para seus lugares em silêncio.
Todos os alunos começaram a se levantar, rapidamente voltei a focar no meu resumo e tentei escrever mais algumas coisas enquanto os alunos entregavam seus resumos.
Merda! Merda! Merda! Não vai dá tempo, eu não vou ter coragem de entregar depois, porque irei chamar atenção deles para mim, e eu não quero isso.
— Alguém mais? — Olhei desesperada para ela ao ver que todos os alunos já tinham entregado.
Fiquei surpresa quando a Hailey pegou o meu resumo e levantou a mão.
— Falta eu, professora. — Ela se levantou e foi na direção da professora. — Aqui. — Entregou o meu resumo e o dela.
— Certo.
Fiquei encarando ela muito surpresa.
Ela se sentou ao meu lado de volta.
— De nada. — Falou sem olhar para mim.
Voltei a olhar para frente sentindo um sentimento de culpa me corroendo por dentro.
Porque ela continua fazendo isso? Enquanto eu tento afastá-la, ela continua tentando. Eu quero muito ser amiga dela, quero muito. Mas infelizmente eu não posso.
— Porque? — Não consegui ficar calada. — Porque me ajudou?
Ela me olhou e suspirou.
— Não consegui ficar parada vendo o seu desespero, então resolvi dá uma ajudinha.
— Porque? Eu fui mal com você, porque continua se aproximando de mim? — Ela deu de ombro e nem me respondeu.
Fiquei muito frustrada por não ter a resposta que eu queria.
— Bom, irei ler um resumo que achei interessante aqui. — A professora falou chamando a minha atenção.
Ela começou a ler o resumo do aluno Dylan, foi muito bem resumido e bem explicado, cheguei a pensar se o meu realmente estava bom, porque eu gostei bastante do seu resumo.
— Olha, eu gostei muito desse resumo, meus parabéns, Dylan. Explicou muito bem o que a sua obra representa para você.
— Obrigado, professora.
As aulas continuaram normalmente com a professora lendo os resumos dos outros alunos, espero que ela não leia o meu.
Espera aí! Merda! Eu esqueci de pôr o meu nome no papel! Agora como a professora vai saber que é o meu. O desespero foi tão grande que esqueci a coisa mais importante, o nome! O meu nome! Porque está tudo dando errado para mim.
Suspirei muito aliviada quando o sinal do intervalo soou.
— Na próxima aula continuaremos a ler os seus resumos e a debater sobre isso.
Os alunos começaram a se levantar para ir almoçar, passei a mão em meus cabelos, eu queria amarrá-los, mas não gosto da sensação de tê-los expostos. Já que meu pai costumava sempre me enforcar, então passei a ter medo de deixar o meu pescoço amostra.
— Não vai comer? — Me virei para ela que me encarava intensamente, acabei ficando bem envergonhada com o seu olhar.
— Eu não trouxe dinheiro. — Ela acenou com a cabeça e se levantou e foi saindo da sala de aula.
Vejo que não tinha mais ninguém na sala, eu rapidamente levanto um pouco dos meus cabelos e suspirei quando senti o vento do ventilador bater na minha nuca.
Ah, isso é muito bom.
Deitei minha testa na mesa e fiquei sentindo o vento na minha nuca.
— Porque não prende o seu cabelo se está com calor? — Quase que eu gritei com a presença dela.
Puta merda! Hoje é o dia de me assustar?
Soltei o meu cabelo e notei que ela está com uma sacola.
— Gosto dele solto. — Ela não falou mais nada e colocou a sacola em cima da sua mesa.
Senti um cheiro muito bom, arregalei os olhos quando ela colocou dois hambúrgueres e uma coca cola na minha frente.
— O que? — Fiquei sem entender.
— É seu. Não precisa me olhar assim.
— Eu não posso aceitar isso. Não tenho dinheiro para te pagar de volta, Hailey. — Fico desesperada com isso, porque eu realmente não tenho dinheiro.
Ela bufou e se sentou no seu lugar.
— Não quero que me pague de volta. — Ela se virou para mim. — Madison, quando alguém te dar algo por vontade própria, não questione. Eu não quero nada, agora coma.
Ela começou a comer o seu hambúrguer me ignorando totalmente.
Olhei para os hambúrgueres e senti a minha barriga roncar por causa do cheiro.
— Quer que eu te der na boca? — Perguntou com um sorriso malicioso.
— Eu posso comer sozinha!
Peguei o hambúrguer e dou uma mordida a fazendo rir.
— Que bom, pensei que eu teria que te dar na boca. Confesso que eu não me importaria com isso. — Resolvi ignorar.
Quase que eu chorava por ser alimentada com algo tão bom, essa é a minha primeira vez comendo algo assim.
— Obrigada. — Agradeci sem olhá-la.
— Só coma.
Sorri de leve com isso.
Eu estava me segurando para não devorar esses dois hambúrgueres com tanta pressa, mas não quero que ela desconfie de algo.
— Quantos anos você tem? — Perguntou do nada.
— Tenho vinte anos. — Mordi os lábios. — E você? — Resolvi perguntar por curiosidade, não porque eu quero conversar com ela, foi por curiosidade.
— Tenho vinte e três. — Respondeu e depois deu um gole no seu refrigerante.
— Você tem cara de vinte cinco. — Ela riu e isso me fez achar que ela ficou surpresa. — Me desculpe.
— Muitos já me disseram isso, você não é a única. Não precisa se desculpar.
O silêncio entre nós voltou, resolvi terminar de comer os hambúrgueres e terminar de tomar o refrigerante.
— Ainda não pretende aceitar ser a minha amiga?
A encarei de volta.
Eu queria muito ser a sua amiga, Hailey. Queria mesmo, não quero ser essa pessoa fria o tempo todo, porque eu não sou assim. Sou alguém assustada, traumatizada, só quero ser amada por alguém. Mas eu ainda não quero te machucar, não quero que você sofra por minha causa, meu pai é um homem perigoso e conhece muitas pessoas ruins que podem acabar com você o seu marido. Não quero isso.
— Você está chorando? — Perguntou preocupada.
— O que? — Coloquei a mão em minha bochecha e senti a molhada. — Não! Eu não estou! — Limpei minhas lágrimas rapidamente.
— Madison. — Eu me levantei rapidamente e comecei a guardar minhas coisas. — Ei! Madison. — Ela tentou segurar o meu braço e eu me afastei rapidamente.
— Eu sinto muito! Mas não posso ser a sua amiga. — Senti meus olhos lacrimejar novamente.
Passei por ela rapidamente e fui correndo pelos corredores sem olhar para trás, ignorei as dores em meu corpo e fui saindo da faculdade ainda correndo. Comecei a sentir gotas de chuvas em mim, ignorei tudo ao meu redor e continuei a correr, só fui parar quando minhas pernas cederam e eu caí de joelhos no chão. A chuva engrossou e começou a cair fortemente na cidade, só sobrou eu no meio da calçada.
Porque eu não posso ser feliz!? Porque eu não posso só morrer? Porque?
Comecei a chorar e o meu choro foi abafado com o som da chuva.
— E-Eu só quero ser feliz... — Sussurrei para mim mesma.
Não sei por quanto tempo eu passei ajoelhada no chão, mas resolvi me levantar e continuar andando em direção aquele lugar onde sinto meu corpo acorrentado.
Eu só queria dormir e não acordar mais, isso é pedir muito?
Eu não sei o porque, mas acabei chegando tão rápido nessa casa, talvez a minha mente esteja tão cansada que nem percebi que andei tanto assim. Fui entrando e não vejo o meu pai, caminhei em direção às escadas e fui para o meu quarto, tranquei a porta assim que adentrei o lugar, fui deslizando para o chão.
Puxei meus joelhos até o meu queixo e voltei a chorar silencioso, sufoquei os soluços e o som da chuva me confortava um pouco.
Comecei a me sentir sonolenta de tanto chorar, fechei os meus olhos e acabei adormecendo no chão do meu quarto.