♥ Capítulo 3 ♥
Madison Conner.
14:15 — Faculdade — EUA — Washington.
Soltei um suspiro quando a aula terminou, eu consegui desenhar uma porta, para mim essa porta representou a minha vida, porque eu não sei se consigo abrir essa porta e sair, então a mantenho fechada por medo. Minha barriga está roncando demais, quando deu meio dia, todo mundo saiu para poder ir comprar suas comidas, mas eu permaneci na sala terminando de desenhar a minha atividade. Já que eu não tenho dinheiro para comprar algo, então foi melhor eu ter ficado na sala.
A Hailey saiu da sala e eu pude finalmente me sentir um pouco melhor, mas nem deu vinte minutos e logo ela retornou a sala, eu tive que focar muito bem no meu desenho para não ficar olhando para ela. Mas eu sentia o seu olhar sobre mim.
— Bom, o desenho que vocês fizeram, não precisam me entregar, eu quero que na próxima aula me entregue um resumo sobre o que esse desenho representa para vocês. — Ela guardou suas coisas. — Vejo vocês amanhã.
Comecei a guardar minhas coisas rapidamente, não quero ser espancada por ter demorado novamente. Mordi meus lábios com muita força quando eu me levantei rápido, isso fez o meu corpo doer mais ainda, ficar cinco horas sentada complica.
— Você está bem? — Hailey perguntou ao ver a minha expressão de dor.
— Sim. — Passei por ela e fui descendo os degraus.
— Espera! — Tentei ignorar o seu pedido, mas eu também nem consigo andar rápido.
Porque ela insiste em falar comigo?
— Ei. — Ela segurou o meu braço. — Eu fiz alguma coisa para você? — Percebi a confusão em seu rosto.
Puxei o meu braço da sua mão.
— Olha, eu não estou aqui para fazer amizades, só quero poder aprender artes e me graduar, somente isso. Peço que não se esforce para ser a minha amiga, porque não quero ser. — Dou as costas para ela e voltei a caminhar.
Eu sinto muito, Hailey. Mas isso é melhor para nós duas.
Vejo a placa do banheiro e resolvo entrar, é melhor eu me esvaziar a minha bexiga, já que irei andar bastante até em casa. Entrei dentro de uma cabine e coloquei a minha mochila na frente da porta e com muita dificuldade eu abaixei a minha calça, observo minhas coxas bastante roxas pela surra de ontem.
Suspirei e faço minhas necessidades, senti um grande alívio por ter esvaziado a minha bexiga, peguei o papel higiênico e limpo o resíduo de xixi. Saí da cabine com a minha mochila no meu ombro e vou até a pia, lavei minhas mãos e observei o meu reflexo no espelho.
— Cada dia que passa eu fico mais pálida. — Converso comigo mesmo.
Joguei um pouco de água em meu rosto e depois saí do banheiro, desci os degraus e fui saindo da faculdade, sempre tenho costume de olhar para o chão, mas resolvi olhar para frente e acabei tendo uma grande surpresa ao ver a Hailey beijando um homem.
Quase que fiquei de boca aberta ao ver o homem que ela está beijando.
Uau! Ele é muito lindo.
Ele é moreno, muito alto, deve ter um metro e noventa, tem ombros bem largos e é musculoso, está usando um terno escuro que cai perfeitamente em seu corpo. A cor dos seus cabelos são castanhos claros, consegui ver as cores dos seus olhos, são castanhos muito claros, o formato do seu rosto é triangular.
Ele é um homem lindo demais. Os dois juntos se tornam o casal mais lindos que eu já vi. Mas ele parece ser um pouco mais velho que ela, deve ter uns vinte e sete anos ou mais, não sou boa nisso.
Balanço a cabeça para espantar esses pensamentos de análise, eu preciso me apressar, tenho que chegar em casa cedo. Voltei a caminhar tentando ignorar eles dois na saída, mas parece que a Hailey tem outros planos, porque ela chamou o meu nome, infelizmente eu tive que me virar.
— Vejo você amanhã? — Perguntou com um sorriso bem gentil.
Porque ela ainda insiste em falar comigo? Eu não já não fui clara?
Percebi que o homem do lado dela me olhou, fiquei bem nervosa com o seu olhar.
— Talvez sim. — Digo somente isso e voltei a caminhar rapidamente, não quero que ela me chame novamente.
Tento ignorar as dores no meu corpo por estar andando bem rápido, eu só não quero apanhar mais, sinto que se eu apanhar mais uma vez é capaz de eu desmaiar. Meu corpo implora por comida, minha cabeça está latejando de tanta dor, também estou com muito calor, infelizmente não posso retirar minha camisa.
Eu tive que parar um pouco para descansar, meus pés estão latejando demais, senti até um pouco de falta de ar, respirei fundo várias vezes e finalmente consegui respirar de volta. Voltei a caminhar um pouco lento, meus pés estão doendo demais e não consigo andar mais rápido do que isso.
— Eu só queria ter passagem. — Sussurro para mim mesma.
Quantos minutos fazem que estou andando? Dez? Vinte? Estou muito cansada, minha cabeça parece que vai explodir de tanta dor.
Sem perceber, quase que atravesso a rua com um carro vindo, tomei um susto com o carro buzinando.
— Presta atenção porra!! — O motorista falou furioso.
Meu coração só faltou parar pelo susto.
Meu Deus! Estou tão cansada.
Quase suspirei de alívio ao ver que já estou chegando em casa, tenho medo de entrar naquele lugar, infelizmente eu não tenho nenhum lugar para ir, não tenho nenhum outro parente para me ajudar nessa situação com o meu pai. Meus vizinhos sabem o que eu passo com ele, claro que ninguém vai denunciá-lo, já que ele é envolvido com coisas que não devem.
Chegando em casa abri a porta e gelei no lugar ao vê-lo na sala de estar com uma garrafa de cerveja na mão.
— C-Cheguei, pai. — Avisei bastante nervosa.
Ele me olhou e reparei seus olhos vermelhos, rapidamente olhei para a pequena mesinha no centro da sala de estar e vejo que ele estava cheirando pó.
— Olha se não é a putinha da minha filha. — Mordi os lábios quando ele se levantou e veio na minha direção.
— P-Pai. — Ele deu um tapa na minha cara, acabei me desequilibrando e caindo no chão.
— Não me chama de pai!!! Você matou a mulher que eu mais amava!! — Senti meus olhos lacrimejar.
— E-E-Eu... — Ele chutou meu estômago com tanta força que senti o sabor metálico do sangue na minha boca.
— Você nunca deveria ter nascido!! — Puxou meus cabelos com tanta força.
— P-P-Por favor! — Bateu mais uma vez no meu rosto.
— Cala a porra da boca!!
Minhas lágrimas caíram sem parar pelas minhas bochechas.
— Você só está viva porque eu quero!! Já que você nasceu, vai viver o resto da sua vida sendo a minha empregada e o meu saco de espancamento!!
Soltou o meu cabelo e agarrou o meu maxilar com força.
— Sabe o que eu poderia fazer com você? — Ele sorriu. — Poderia chamar meus amigos e deixar eles te foderem sempre que quiserem.
Arregalei os olhos.
— N-Não... Por favor! — Implorei chorando. — Por favor.
Ele riu.
— Implore mais.
Eu não aguento mais essa humilhação.
— P-Por favor, pai. Por favor, não faça isso. — Ele riu e soltou meu maxilar.
— Eu poderia ganhar uma boa grana se você engravidasse deles, venderia a criança no mercado negro. — Senti tanta vontade de vomitar agora.
Ele voltou para o sofá e pegou sua carteira.
— Irei sair, volto amanhã ou hoje mesmo, não sei. — Se aproximou de mim e sorriu ao ver o meu estado. — Você tem sorte de se parecer com a sua mãe, porque se não fosse isso, eu teria trago todos os meus amigos para eles foderem essa sua bocetinha virgem.
Saiu de casa sem dizer mais nada, comecei a chorar de dor, de humilhação e de medo.
Porque!!? Porque isso foi acontecer justo comigo!!? Eu não queria ter nascido!! Não queria!!
Com muito esforço eu consegui me manter em pé, apoio minha mão na barriga e fui indo em direção ao meu quarto, subi os degraus com muita dificuldade, quase que eu caia da escada por causa que minhas pernas falharam, mas consegui me segurar. Entrei no meu quarto pequeno, só tem uma cama, um guarda-roupa velho e uma mesinha para estudar.
Caminhei até a cama e me deitei sentindo muita dor na barriga e no meu rosto.
Queria que ele nunca mais voltasse.
Já não conseguia manter mais os meus olhos abertos, acabei apagando.