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Capítulo13 Não é permitido voltar para casa tão tarde

No escritório do piso superior.

Parado na frente da janela panorâmica, Murilo observou atentamente Rafaela recusar Davi. Seus lábios se curvaram em um sorriso sutil. Os olhos dele brilhavam com um misto de satisfação e malícia. Ele tirou o celular do bolso e fez uma chamada.

- Sr. Murilo! - A voz do outro lado da linha era indiferente e respeitosa.

O tom de Murilo era ugualmente frio, com um toque de brincalhão. 

- Lembre-se do rosto desse cara, Davi. A partir de agora, ele está proibido de entrar no Grupo Emperor. Entendeu?

- Entendi, senhor!

Logo que Murilo encerrou a ligação, ouviu uma batida na porta.

- Entre. 

A porta se abriu e Rafaela entrou, seus olhos transmitiam uma preguiçosa tranquilidade, acompanhada de um sorriso leve. Havia uma serenidade quase desafiadora em sua postura, como se nada pudesse abalá-la. Ela parecia inabalada pelo recente encontro.

- Bom dia, Sr. Murilo. - Cumprimentou.

Murilo fixou o olhar no rosto dela. a dúvida corroendo seus pensamentos. Seria mentira dizer que ele não estava intrigado. A transformação repentina de Rafaela era um enigma que ele não conseguia resolver. O apego de Rafaela a Davi era conhecido por toda Maravia. Ela havia cometido inúmeras loucuras por ele. E, no entanto, em poucos dias, ao enfrentar uma reconciliação proposta por Davi, ela parecia completamente imune.

Até não se viu a menor tristeza nem ressentimento.

Que incrível!

Contudo, quanto mais Rafaela se distanciava de Davi, melhor isso era para Leopoldo. Embora fosse uma vergonha se comparar com aquele imbecil, a mulher que tinha casado com Leopoldo era Rafaela, afinal. Que maneira tinha?

Murilo se encontrou alegre, seus lábios se curvando em um sorriso gentil.

- Bom dia, Srta. Rafaela. - Ele caminhou até a mesa, pegando uma pilha de documentos e entregando-os a Rafaela. - Aqui estão as melhores atrizes no mundo de entretenimento. Srta. Rafaela, veja se alguma delas lhe agrada.

Rafaela pegou os documentos e se sentou no sofá, com a cabeça ligeiramente inclinada, enquanto seus dedos pálidos folheavam os papéis com atenção. Seus movimentos eram graciosos e deliberados, demonstrando uma calma controlada.

A luz suave do sol penetrava pela janela, iluminando seu rosto delicado e envolvendo-a em um halo cálido.

Murilo mexia o café de forma elegante, observando a garota bela com um olhar de pura apreciação.

- Que linda ela é! - Ele de repente estalou a língua, soltando um suspiro admirado.

Rafaela concluiu a leitura com muita atenção, marcou alguns nomes com uma caneta e devolveu os documentos a Murilo.

- Chame essas candidatas para a entrevista depois de amanhã. - Ela fez um sorriso leve ao massagear ligeiramente o pescoço.

Murilo deu uma rápida olhada nos nomes e instruiu seu assistente a fazer os contatos. Depois, seus olhos se voltou para o café.

- Por que não amanhã? - Ele perguntou, com uma entonação cheia de significado.

Rafaela sorriu enigmática, seus olhos profundos.

- Tenho compromissos amanhã. Obrigado, Sr. Murilo.

O roteiro e a série eram duas coisas diferentes. Rafaela não se sentia inferiorizada por não ser diretora profissional. Rafaela passou a tarde no Grupo Emperor, buscando aconselhamento de diretores experientes sobre técnicas de filmagem.

E só voltou ao castelo à noite, os passos pesados de cansaço.

Leopoldo chegou à casa antes dela e, ao ser informado de que a esposa ainda não havia voltado, franziu o cenho, prestes a sair para procurá-la. Logo que se virou, viu Rafaela entrar, iluminada pela luz da lua, com um olhar exausto. A visão dela, desgastada mas determinada, fez o coração dele endurecido amolecer ligeiramente.

Leopoldo caminhou para ela e, com um movimento rápido, a pegou aos braços, fazendo-a sentar em seu colo. Seu olhar fixo nela, ele disse em tom frio e autoritário:

- Não é permitido voltar para casa tão tarde.

Rafaela, surpresa com suas palavras, logo percebeu que era uma demonstração de preocupação.

- Perdi a noção do tempo. Volto mais cedo da próxima vez. - Ela levantou a cabeça e sorriu.

Leopoldo a segurou com firmeza, suas mãos fortes deslizando pelas costas dela até alcançar a nuca delicada.

O toque quente e suave, sem barreiras, transmitia uma sensação indefinível. Ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha, uma mistura de nervosismo e algo mais difícil de identificar.

Rafaela sentiu que as posições dos dois eram íntimas demais. Quando estava prestes a afastá-lo, mas parou ao perceber a massagem gentil no pescoço, tão reconfortante.

- Aqui está desconfortável? - Pergutnou Leopoldo, com uma voz baixa e próxima, mas sedutora.

A mão de Rafaela hesitou em empurrá-lo. Sob o controle desse homem estranho, não sentia nenhuma ameaça.

Franzindo a testa ligeiramente, ela suprimiu a sensação estranha no coração. A antiga Rafaela não tinha saúde boa, porque costumava escrever histórias e estava deprimida por muito tempo por causa de seu amor quebrado.

Como tinha abaixado a cabeça por uma tarde inteira, ela se sentia um pouco desconfortável agora.

Surpreendeu-se que ele notasse algo tão pequeno.

Leopoldo se inclinou, seus lábios roçando levemente os cabelos dela, enquanto seus dedos hábeis aliviavam a tensão. Ele parecia saber exatamente onde aplicar a pressão, cada toque enviando ondas de relaxamento pelo corpo dela.

Para as mulheres, o pescoço era uma área vulnerável..

Rafaela nunca tinha tido contatos tão íntimos com os homens, seu rosto branquinho se avermelhando um pouco.

A aura poderosa e encantadora de Leopoldo a envolvia silenciosamente, enchendo o ar com uma sensação doce e libertina. Ela se sentia cada vez mais perdida na intensidade do momento, seu coração batendo acelerado.

Rafaela, que era tímida originalmente, ficou um pouco desajeitada enfrentando a sedução do homem. 

- Estou bem. Apenas tenho fome. - Disse ela em voz baixa, evitando os lábios extremamente próximos do homem.

Leopoldo reprimiu sua inquietação no fundo do coração, fixando o olhar profundo na nuca branca dela. Sua nuca era muito macia e delicada, com uma fragilidade indizível.

A garota nos braços dele estava tímida, apertada e nervosa, até um pouco medrosa.

Leopoldo riu baixinho, retirando as mãos. Com uma elegância natural, ajudou-a a levantar-se e conduziu-a até a mesa de jantar.

Seu gesto era tenro e natural, como se a forte agressividade anterior nunca tivesse existido.

Rafaela ajustou o humor rápido e tomou o assento à mesa, observando atentamente o rosto perfeitamente sofisticado de Leopoldo.

O homem estava todo de preto, com uma aura profunda e nobre. A despeito de seu rosto inexpressivo, ainda possuía um poder mágico fascinante, tal como o rei das sombras.

Um homem com um temperamento tão imponente e avassalador não precisava esconder intenções sombrias com ela, uma simples órfã. A ideia parecia ridícula, e ainda assim, ela não conseguia afastar a sensação de que ele guardava segredos.

Rafaela balançou a cabeça e deixou de lado os pensamentos confusos, concentrando-se em comer.

Após o jantar, Rafaela disse boa noite ao homem e subiu para dormir.

Leopoldo semicerrou os olhos, fixando o olhar nas costas dela. Logo em seguida, ergueu os lábios finos e ordenou com frieza:

- Diga a eles que a operação de amanhã foi cancelada! Seja quem vier, não atendo ninguém!

...

No dia seguinte, Hotel Imperial.

A família Rodrigues, uma das mais poderosas na Maravia, celebrava o aniversário de 80 anos do Sr. Hermínio. O evento estava repleto de figuras influentes, celebridades e ostentação.

No salão de banquetes. capaz de acomodar mais de mil pessoas, a música melodiosa fluía lentamente.

Davi estava num canto do corredor do segundo andar, vestindo um terno sob medida, sua postura alta e imponente, com um rosto bonito que irradiava arrogância aristocrática. Ele parecia uma estátua de mármore, fria e impenetrável, exceto pelo leve franzir de suas sobrancelhas.

Rita saiu de um quarto com um xale elegante nos ombros e bufou com um tom frio ao ver a expressão do filho.

- Rafaela já chegou?

Davi olhou para o salão baixo e respondeu com indiferença:

- Ainda não.

Rita, descontente, lançou um olhar de advertência a ele.

- Davi, seu arrependimento flagrante do casamento já trouxe vergonha para a família Rodrigues. Se algo der errado hoje e desagradar seu avô... - Ela não terminou a frase, mas o tom ameaçador estava claro.

Davi assentiu, mas seus pensamentos estavam longe. Ele sentia um nó no estômago, uma mistura de ansiedade e arrependimento que ele tentava, em vão, esconder.

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