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"Meu avô morreu," Isabella disse com a voz quebrada. Ele morreu hoje! Papai também está morto, mamãe na cadeia. Não tenho ninguém! Ana a ouviu chorar. Gradualmente, seu coração se abrandou. Ele nem se perguntou o que havia de errado com ela e, aparentemente, ela não estava bem com tudo o que estava acontecendo com ela.
"Sinto muito que isso esteja acontecendo com você, mas...
— Sei que é nossa culpa que você tenha passado mal, mas peço a Deus que ouça o que tenho para lhe dizer. Eu prometo que nunca mais vou incomodá-lo na minha vida.
"Você não tem amigos que podem ajudá-lo?"
-Nenhum! Todo mundo me olha horrorizado depois do que aconteceu, até me negaram a entrada em boates, não sei mais o que fazer! Não tenho a quem recorrer!
“Você vai ter que sobreviver por conta própria. Você pode não viver nos luxos de antes, mas pode.
"Não é sobre isso, é pior!" Tem um homem me assediando, ele quer que eu pague o dinheiro que papai lhe devia e tenho medo que ele possa fazer algo comigo!
-O que?
"É horrível, tem uma cara de assassino que me assusta, e eu estou com tanto medo!" Ele diz que fez o trabalho que papai mandou, e diz que se eu não pagar ele vai me cobrar!
-Deus! Onde está agora?
— Estou em um desses hotéis baratos, os bancos vieram e levaram minha casa, meus carros, até os objetos de valor que encontraram lá dentro. Congelaram minhas contas e cartões, só tenho a roupa que estou vestindo. Ana, tenha piedade de mim, estou prestes a ficar sem-teto! Eu sei que você me odeia, mas por causa daquela amizade que tínhamos antes, eu te imploro, eu te imploro que me ajude! Ana suspirou, mas Isabella não parou. Você acha que se minha situação não fosse desesperadora eu pediria ajuda? Eu? Isabella Manjarrez pedindo ajuda?
"Não, certamente não."
"Juro pelo mais sagrado que não estou exagerando." Eu preciso de você, Ana... Ana fechou os olhos.
-Está bem. Quanto dinheiro você precisa?
Preciso pagar uma passagem de avião. Tenho uma tia na Espanha que vai me dar um teto lá, ela é a única parente que me resta. Mas ela também não tem dinheiro para a passagem...
"Eu vou buscá-lo para você."
"Eu te agradeço muito, Ana.
"Dê-me seu endereço para que eu possa lhe enviar o dinheiro."
"Eu sabia, eu sabia que podia contar com você." Você é a única pessoa honesta que resta na minha lista...
"Eu não quero seus elogios ou agradecimentos." Você terá o dinheiro e irá. E posso esquecer você e sua família para sempre.
"Eu não posso evitar se você me odeia", disse ela, sua voz nasal com lágrimas. Eu mesmo não fiz nada para impedi-lo, mas você terá meus eternos agradecimentos. Mesmo que você não se importe...
"Dê-me seu endereço," Ana a cortou, e Isabella deu a ela.
Depois de terminar a ligação, Ana começou imediatamente a fazer as contas. Com o que ele tinha em sua conta bancária agora era o suficiente. Ele esperava que fosse a última vez que teria contato com ela.
Erick entrou em sua casa e a encontrou bastante silenciosa. Ou talvez fosse porque ele estava tão furioso que não ouviu nada ao seu redor. Entrou na biblioteca, onde costumava encontrar Ana, mas ela não estava lá, em vez disso, estavam seus livros e anotações. Isso indicava que não demoraria muito, e ele precisava falar com ela de uma vez por todas.
Ao olhar para a escrivaninha, encontrou algo que o deixou de mau humor: as contas de Ana.
De um lado estava a lista de seus rendimentos, seu mísero salário, e do outro, suas despesas, representadas nos estudos de seus irmãos, o cálculo das despesas mensais de alimentação, transporte e vestuário, e era evidente que a diferença era enorme.
Ana estava pensando em fugir novamente. Mais uma vez ele tinha esvaziado suas contas, mais uma vez ele estava calculando quanto valia a pena viver sozinho, mas ah, desta vez ele iria ouvir.
Ele teve sua conta monitorada justamente para isso. Ele nunca tinha feito nada parecido, estava beirando a insanidade, e era por causa dela que ela o estava deixando louco.
Ana entrou na biblioteca e parou quando o viu lá.
— Ah... Erick... não esperava você tão cedo.
"Você quer me explicar por que quer mil dólares?" Ana empalideceu. Como ele sabia que ela havia sacado aquela quantia exata hoje?
-O que? Quão...
-Quão? ele rebateu. De onde você acha que vem o dinheiro da sua conta? Você acha que depois do que você fez eu não tenho tudo sob controle?
"Você me tem sob vigilância?"
— Claro que você assistiu, você acha que eu confio em você? Você tirou quase dois milhões de pesos hoje, então me explique, para quê!? Ana piscou repetidamente, sentindo um peso enorme no peito. Erick nunca tinha falado com ela assim.
-Eu...
"Você o que, Ana!
"Eu... eu vou te pagar." Eu os dei para...” Seus olhos se encheram de lágrimas. Ela sentiu como se estivesse falando com um estranho, não com o homem que a fez se apaixonar por ele por causa de sua doçura, por causa de sua bondade. Eu os dei para Isabella.
-O que? Sua voz era de completo espanto, mas Ana não percebeu mais isso.
"Mas eu vou te pagar", disse ele imediatamente. Você vai ter que esperar... É que eu também devo dinheiro ao Marco, e à Vanesa —ele apontou para suas notas—. No meu salário, levarei vários anos, mas juro que sou bom em pagar minhas dívidas. Lágrimas escorriam por seu rosto. É que meus irmãos estão tão felizes naquela escola cara que Vanesa escolheu, e eu não posso deixar a universidade, porque então como conseguir um bom emprego e pagar?