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Capítulo 7

"Bem, agora eles estão visitando ele", respondi instintivamente.

"Sara, seu pai não iria querer que esse... estranho ficasse aqui", interveio Jocelyn, que como sempre não conseguia cuidar de seus próprios assuntos.

-Christopher é meu amigo e pode ficar o tempo que quiser- olhei furiosamente para ela.

“Seu pai foi muito claro, ele não quer que ninguém de fora da família o veja nesse estado”, continuou a mulher com uma expressão séria.

-Então acho que você tem que ir também- Cuspi ácido, ficando nervoso. Se eles pudessem ficar, por que Chris, que estava perto de mim todos aqueles dias, não poderia ficar?

-Mude de tom pequeno, goste você ou não, seu pai e eu estamos juntos e vamos nos casar em breve e estou avisando...- ele começou a se aproximar de mim ameaçadoramente, -vou mandar eles te mandarem até agora e por tanto tempo que quando lhes perguntam "Como vai o Will?" Ele responderá "Será quem?"

Por que ela tinha que ser tão má? Por que você teve que tirar meu pai de mim?

Eu estava prestes a atacá-la e, ela tinha certeza, eu teria arrancado todos os fios de sua cabeça, um por um, sem distinção, quando Christopher me agarrou pela cintura e me puxou para longe daquelas duas bruxas.

"Vamos comer alguma coisa, ok?" ele perguntou me arrastando pelo corredor.

-Elas são vadias!- Eu me contorci sem sucesso. Ele também poderia ser um nerd magro, mas tinha força nos braços.

"Estou consciente, vamos lá", ele sussurrou em meu ouvido enquanto suas mãos ainda estavam em meus quadris. Incapaz de dizer ou fazer qualquer coisa depois dos calafrios que seus lábios me causaram tão perto do lóbulo da orelha, eu o segui.

-Por que você não me deixou aí?! "Eu teria arrancado seu cabelo penteado para trás, um por um", você gaguejou furiosamente sob seu olhar divertido.

“Foi exatamente por isso que te arrastei para fora, não queria que te expulsassem do hospital”, explicou ele, mal contendo uma risada.

"Sim, mas ele teria merecido", eu gemi, fazendo uma careta.

Se havia uma coisa que eu não suportava era Jocelyn e suas malditas teorias, desculpe pelo termo, sobre me expulsar de casa. Eu ainda não tinha entendido que nunca mais sairia de lá, mais por medo de que aquela bruxa envenenasse meu pai do que qualquer outra coisa. Ou pelo menos até ela me expulsar quando descobriu que eu estava grávida.

-Você está certo sobre isso, mas a violência nunca é a solução.

“Só assim você pode argumentar com ela...” murmurei para mim mesmo.

-Enfim, você está com fome?-.

"Na verdade, sim", sorri envergonhado. É possível que toda vez que estamos juntos seja hora de almoçar, jantar ou até mesmo tomar café da manhã?

-Então vou te oferecer algo no bar- ela sorriu gentilmente como sempre e eu senti como se estivesse me aproveitando dela.

-Mas não Chris, você nem sempre tem o que oferecer...- balancei a cabeça vigorosamente. Quer dizer, ele trabalhava para pagar as despesas da faculdade e do condomínio e sempre acabava me pagando uma bebida ou algo para comer? Então valeu a pena!

-Você ainda não entendeu que enquanto eu estiver perto de você você nunca vai mexer na sua carteira? - Ele me deu um sorriso conhecedor e depois piscou para mim.

-Mas vamos para as máquinas de venda automática, quero junk food!- decidi, mudando de direção e indo em direção às citadas.

“Olha, isso não é problema”, insistiu ele, mas a decisão já estava tomada. E então, de repente, tive vontade de comer lixo. Tentei em vão me convencer de que era a gravidez, mas sabia muito bem que havia mais. O passado não pode ser apagado, Sara, lembrou-me uma vozinha na minha cabeça, que imediatamente afastei.

-Nesse tempo? O que você quer senhora? - perguntou o moreno brincando, apoiando-se na caricatura.

-Vamos ver... Um chocolate e aqueles canestrelli de chocolate!- Fiquei emocionado quando vi meu lanche preferido do colégio. Eu estava louco por isso.

-Chocolate mais chocolate?! Me diga de novo, como você pode ser tão magro? - brincou, tirando a carteira e inserindo as moedas na máquina.

Sim, como eu fiz isso?

-Obrigada- Sorri imperceptivelmente quando ele me entregou o chocolate.

"Não se preocupe", ele retribuiu o gesto com um sorriso muito mais sincero que o meu.

Sentamos em cadeiras de plástico próximas enquanto eu comia meu lanche de alto teor calórico e ele bebia chá gelado. Não sei quanto tempo ficamos ali, em silêncio, cada um cuidando da sua vida. Eu pessoalmente não conseguia tirar as palavras dele da cabeça: Como você pode comer tanto e ser tão magro?

Não foi a primeira vez que me fizeram esta pergunta, só que a segunda parte já não existe há anos. Eles só pararam em "como você come tanto?"

-Sara, eu falei alguma coisa errada? - A morena me tirou das minhas lembranças.

-N-não, você não disse nada- Abaixei a cabeça desanimada.

"Acho que sim, mas se você não gostar também não podemos falar sobre isso", disse ele, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

-É por causa do que você disse...- comecei sussurrando, -E-eu nem sempre fui como sou agora ou melhor, como há alguns meses atrás...- continuei, certo de que tinha os olhos dele. fixado em mim

Eu estava realmente contando a alguém a verdade sobre meu passado?

-Ele estava um pouco acima do peso... Um pouco demais- esclareci sem ter certeza se ele entendeu.

-Impossível! Eu lembro de você no primeiro ano, você era magro como uma unha! Na verdade, quase pensei que você fosse anoréxica... - concluiu a frase num sussurro.

Eu sorri amargamente. Ele foi o primeiro a chegar sem que eu avisasse, depois de uma longa rodada de palavras.

-Tudo começou no ensino médio, depois de muitas frases de um dos meus colegas. Não sei se ele fez isso de forma maliciosa, o fato é que se ele esqueceu eu senti muitas de suas palavras. Franzi a testa ao lembrar daquela noite.

Foi colocação na turma de Natal da oitava série. Naquela época eu frequentava uma escola particular, daquelas para ricos onde todo mundo bufa na frente do nariz e trata os outros como objetos. Com meus colegas tive um relacionamento agradável de sim e não. Afinal, eu era filha do Alfred Reeves, qualquer um iria querer ser meu amigo, meu pai conhecia muita gente.

Estávamos todos sentados à mesa conversando baixinho. Naquela época, como agora, eu adorava comer. Comia de tudo, principalmente lixo, e, lamento admitir, mas essa minha paixão era bem visível. Ela era bem gordinha. Mas nunca tive problemas, como provocações ou qualquer outra coisa. Naquela noite, porém, quando minha melhor amiga do ensino médio me deu sua porção de sobremesa, alegando que eu estava satisfeito, todos, como sempre, começaram a gritar que eu era realmente “um poço sem fundo”, coisa que eu nunca tinha experimentado antes. e realmente me pareceu muito legal. . Foi o que disse um colega meu depois que lágrimas vieram aos meus olhos, “e uma bola de merda rolando”, exclamou, fazendo todos rirem.

Doeu muito, tanto que naquela noite não consegui colocar nada entre os dentes. Quando cheguei em casa, imediatamente comecei a chorar e passei a noite inteira assim. Tolamente pensei que iria passar, só que a partir daquele momento, toda vez que me encontrava diante de qualquer tipo de comida, as palavras daquela criança sempre voltavam para mim e por isso acabei não comendo mais.

No início, em casa, eles ficaram mais do que felizes em me ver perder peso. Só que depois de um tempo, além de perder peso, também comecei a perder peso e força. Atingi o clímax logo após as provas da oitava série, quando fui hospitalizado sem forças. Passei dois meses entre aquelas quatro paredes e tive alta poucos dias antes do início do ensino médio.

-Por mútuo acordo nunca voltei a estudar numa escola privada mas o meu pai optou pela pública, para evitar más línguas- concluí a minha triste história.

Christopher ouviu tudo em silêncio, sem dizer uma palavra. De vez em quando eu o via cerrar os punhos e depois relaxar os traços faciais quando me via à beira das lágrimas. Agradeci por não tentar me consolar, ele sabia o quanto eu o odiava, embora um abraço dele agora certamente teria me feito sentir melhor.

"Você o viu desde então?", ele perguntou, limpando a garganta, "aquela criança, quero dizer." Balancei a cabeça, nunca mais o tinha visto, mas se alguma vez o tivesse visto, poderia ter começado a chorar na cara dele. Foi graças às suas palavras que comecei a mudar.

"Deixe-me dizer, ele era um verdadeiro idiota."

-Você não me viu, eu fui muito obsceno. Mesmo agora estou em um estado tão ruim que tentei em vão conter um soluço.

"Eu acho que você era linda mesmo naquela época", ele murmurou, acariciando suavemente minha cabeça.

-Não é bem assim, acredite…-.

Chris, com o coração partido, retirou a mão e voltou a bebericar o chá em silêncio. Agradeci pela compreensão e por não insistir. Às vezes eu me perguntava como aquele cara poderia me conhecer tão bem a ponto de saber quando calar a boca.

“Você quer mais alguma coisa?” ele perguntou depois de jogar o meu e o dele na lata de lixo.

"Não, obrigado..." Murmurei sem ter coragem de olhá-lo nos olhos.

- Sara, acabou. "Não vou te julgar, pelo contrário, ver você comer sempre me deixa de bom humor, são poucas as meninas que fazem isso sem se preocupar com os outros" ela sorriu para mim, ajoelhando-se com força em minha direção, que manteve meu cabeça. Agachei-me e olhei para o chão branco do hospital.

Ele levantou minha cabeça ligeiramente e fez nossos olhos colidirem, dando-me o sorriso mais doce e tranquilizador que eu já vi. Sem pensar, passei meus braços em volta de seu pescoço e o puxei para perto de mim em um abraço desesperado. Eu precisava senti-lo perto. Foi a primeira vez que contei meu passado a alguém e, embora não fosse nada importante, fiquei feliz por tê-lo compartilhado com ele, em quem confiava cegamente. Chris me abraçou por sua vez e deixou uma série de beijos em meus cabelos, inalando meu perfume.

Que sensação boa...

“Vamos voltar para lá, ok?” ele sussurrou em meu ouvido depois de alguns minutos.

"S-sim", gaguejei, deixando-o ir com relutância. Ele estendeu a mão como um verdadeiro cavalheiro e me ajudou a levantar.

Com passos lentos e eu com o coração muito mais tranquilo, voltamos para o quarto onde meu pai estava internado. Chris não soltou minha mão nem por um momento e eu não pude deixar de me sentir feliz.

Ao nos aproximarmos do quarto do meu pai, Chris parou e sorriu docemente para mim.

-Entre, te espero aqui-.

-Tudo bem...- voltei envergonhado. Eu não esperava que ele ficasse, pensei que assim que ele se certificasse de que meu pai estava bem, ele iria embora com mais calma.

Entrei no quarto e encontrei Jocelyn e Hanna conversando alegremente com meu pai. Que nojento... Deram a ideia de serem dois gatos mortos.

-Como você está pai?- perguntei, interrompendo a conversa deles.

-Melhor, eu já disse isso um milhão de vezes. Pelo contrário! Mal posso esperar que me deixem sair, estou entediado aqui, esse era meu pai.

“Sim, mas o médico disse que você não precisa fazer nenhum esforço, lembra?” Jocelyn interveio, extinguindo o entusiasmo de meu pai.

Cale a boca víbora...

-Você verá que eles vão pedir demissão em breve- Sorri ao me aproximar da cama. Meu pai inicialmente retribuiu o gesto e de repente franziu a testa enquanto olhava para um ponto atrás de mim.

“Quem é aquele garoto?” ele perguntou em tom sério. Todos nós nos viramos e nossos olhos pousaram em Christopher sentado em uma cadeira de plástico, olhando distraidamente para seu telefone.

Isso é legal... Eu teria apostado tudo que ele estava jogando por causa do quão focado ele estava.

Ele abriu a boca para responder, mas Hanna chegou antes de mim, cuspindo todo o seu veneno.

-Uma “amiga” da Sara- ela sorriu maldosamente olhando para mim.

-Sara, não me importa o que você faça com seus “amigos” mas não quero que eles venham aqui. "Você sabe o quanto eu odeio estar na boca de todo mundo", ele trovejou alto, olhando-me diretamente nos olhos.

-Pai Chris não é ruim, ele...- ele tem estado muito próximo de mim esses dias, eu queria acrescentar mas fui abruptamente interrompido.

-Sara, seu pai deve ficar calmo, mande aquela criança ir embora- a mãe bruxa me olhou com desdém.

-Jocelyn está certa- quem deveria ser meu pai estava atrás dela.

Sem dizer nada saí da sala, apesar de não concordar e estar com lágrimas nos olhos.

-Ei!- o moreno sorriu docemente assim que me viu, -ok?-.

"S-sim... Hum... Chris, você não precisa ir?", perguntei cautelosamente, sem olhá-lo nos olhos.

-Pensei em ficar e te fazer companhia- ele me olhou com dois olhos que inspiravam confiança.

-O-obrigado mas... Veja, meu pai não gosta de visitas inesperadas e...-.

-Você quer que eu vá?- Ele foi direto ao ponto por mim. Arrependi-me infinitamente de ter concordado com aquela pergunta, mas meu pai acabara de sofrer um ataque cardíaco, não tive vontade de contradizê-lo.

"Tudo bem", ele começou a sorrir novamente, sabe-se lá por que motivo.

-Você está com raiva?-.

-Não, é um prazer! É justo que ele queira um pouco de paz de espírito depois do que aconteceu. Não se preocupe - ele colocou as duas mãos em meus ombros e traçou delicadas marcas de concertos com os polegares.

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