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Capítulo 5

“Que cara cadavérica!” exclamou aquela que se autodenominava minha melhor amiga.

"Muito obrigado", respondi ironicamente, revirando os olhos.

-Me desculpe, mas o que aconteceu com você? Nunca te vi tão arrasado.

-Não importa, foi um fim de semana para esquecer...- suspirei exausto, -mais como...-.

Isabel olhou para mim com expectativa.

-Quais são as chances de alguém estar grávida se estiver com cerca de quatro dias de atraso? - perguntei respirando fundo.

Bem, isso depende de vários fatores. Se ele costuma ser regular, se já teve relações sexuais desprotegidas, se não toma pílula... Espere! - De repente ele se virou para mim, - Você está grávida?! -.

-Sh! O que você está gritando?! “Não estou grávida, ou melhor, ainda não sei.” Dei de ombros como se não me importasse, mesmo que a ideia de estar grávida me aterrorizasse.

Oh meu Deus Sara! Como isso pôde acontecer? Quem é o pai? Você fez o teste? Seu pai sabe?

-Ok, Isa, calma! Só consigo responder uma pergunta por vez!- silenciei-a, pois ela estava chamando a atenção de muitos garotos nos corredores.

-Ok, como isso aconteceu? Você sempre toma cuidado e depois toma a pílula.

"Eu não sei", eu suspirei.

-Sim, mas... Meu Deus Sara, em que cassino você entrou?! Agora você vai me dizer que o pai é aquele idiota do Miguel? -.

Certo, o pai. Quem foi?

Não pode ser Miguel. Eu tinha pelo menos 95% de certeza de que ele usou camisinha na última vez que o tivemos, e não fiquei doente desde então, mas desde quando...

Oh Deus, não poderia ser ele.

Não só desencaminhei um nerd ao dormir com ele, mas também engravidei. Fiquei com nojo de mim mesmo.

"E-eu não sei quem é o pai..." gaguejei, o que nunca fiz, "e então nem tenho certeza se estou grávida!"

-Sim, mas e se você fosse? O que você faria? Miguel é um idiota, ele nunca te ajudaria e eu não o quero como cunhado.

-Não se preocupe Miguel, tenho quase certeza que ele não é o pai. Isso acontece com todos eles, eu nunca permitiria que ele não usasse camisinha; Eu o conhecia muito bem para ser enganado ou, pior ainda, colocar algo em mim.

Mas ele não conseguia pensar em outra coisa senão no que havia feito com Chris. Eu não merecia isso. Ele era uma boa pessoa. Por causa de um erro estúpido, acabamos arruinando a vida um do outro.

-Embora você possa nem estar grávida-.

-É isso que estou tentando te dizer há meia hora!- Bufei, mas um sorriso me escapou.

-Tudo bem, pensaremos nisso depois que você fizer o teste, o que você fará em breve.

-Sim senhora!-.

“E tente pensar em quem poderia ser o pai hipotético”, meu melhor amigo quis enfatizar.

Como se você já não soubesse. Só poderia ser Chris. Ele foi o único com quem estive e não me lembro se usamos camisinha ou não.

Porém, alguém veio nos interromper.

"Sara", uma voz me chamou, que eu conhecia muito bem, mas que odiava até a morte.

-O que você quer Hannah?-.

Cristobal

Sara estava me ignorando há uma semana. Não que eu esperasse algum comportamento diferente, mas fiquei um pouco irritado. Na verdade, eu não conseguia tirar da cabeça o fato de que a tinha usado e que queria me desculpar com ela. Mas toda vez que eles se aproximam de mim para falar com ela, ela se vira e foge para o lado oposto.

"Olha quem está aí," Luke sorriu maliciosamente.

Naquela manhã eu o ignorei completamente, concentrada demais para a entrevista que deveria ter com o diretor no terceiro período.

Íamos conversar sobre minha bolsa e fiquei um pouco preocupado.

“Quem está aí?” Suspirei, me virando e encontrei a ruiva a poucos metros de mim conversando com Hanna Monroe, sua pseudo-irmã.

“Então você finalmente conseguiu?” ele perguntou pela enésima vez. Ele ainda não havia respondido a ela pelo simples fato: não era da conta dele. Já me sentia culpado por ir para a cama, então se tivesse me gabado disso aos quatro ventos teria me sentido ainda pior.

"Eu já disse várias vezes que isso não é da sua conta", eu queria ressaltar.

-Vamos! Você pode me dizer que sou seu melhor amigo! -.

-Isso não tem nada a ver, não vou te contar.

-Vamos-.

-Não-.

-Vamos-.

-Não-.

"Vamos, vamos", ele continuou insistindo.

-Não, não, não – eu não desisti.

Porém, nossa conversa na terceira série foi interrompida pelos gritos das duas meninas a poucos passos de nós.

-Ele não é seu pai! “Você não tem o direito de chamá-lo assim!” a ruiva gritou, correndo em direção a Hanna.

-Você percebe que é você quem está arruinando a vida dela?!- a loira continuou a provocando.

Felizmente Isabel estava lá, caso contrário Sara a teria matado.

-Já basta você estar chamando a atenção.

-Cala a boca, vara de feijão, não é da sua conta!- Hanna a silenciou com um tom de sabe-tudo.

Isabel estava prestes a dizer alguma coisa, mas Sara chegou antes dela.

"Não se atreva a insultar minha melhor amiga de novo, você pode me dizer o que quiser, mas não deveria ousar falar com ela", ela disse séria, sem gritar ou pular nela como eu pensei que ela faria, "vamos lá Isa", ela passou pelo loiro e se ele continuou seu caminho.

Aquela garota me surpreendeu mais a cada dia. Eu não sabia mais o que pensar dele.

**

No terceiro período, conforme combinado, fui à sala do diretor.

Eu estava nervoso.

E se eu decidisse tirar minha bolsa? E se ele não me considerar mais digno?

Eu deveria ter abandonado a faculdade e desistido do sonho de ser professora e de ter um emprego do qual me orgulhar. Foi estranho, mas eu realmente queria ensinar.

Caminhei lentamente em direção à sala de espera. Eu esperava ficar sozinho e poder causar paranóia mental até que ele me ligasse, porém, me vi diante da ruiva sentada em uma cadeira olhando para um ponto indefinido da sala e torturando brutalmente suas mãos.

Ela nem tinha notado minha presença.

Só quando esbarrei em uma cadeira ela levantou a cabeça para me olhar nos olhos.

-O-olá- Sorri envergonhado, sem saber mais o que dizer.

"Olá..." ela respondeu ainda mais nervosa do que quando entrei.

-Emm... V-você quer que eu volte mais tarde? N-não é um problema…-.

"Não, Chris, sente-se", ela suspirou exausta.

Ela parecia realmente com o coração partido. Quem sabe o que aconteceu com ele.

Se eu não tivesse me sentido tão envergonhado e intrusivo demais, provavelmente teria pedido que ele explicasse.

“Por que você está aqui?” ele perguntou de repente, talvez para se distrair.

-O diretor quer me ver... Pela bolsa. E-você?-.

"Ele quer me ver sobre a briga que tive com Hanna esta manhã."

-Sim, eu também estava lá…-.

-Você também está do lado dele, certo?! Claro que ela é a linda, inteligente, responsável, educada, então tudo que acontece é minha culpa, né?! - Ela levantou a voz, na qual pensei ter ouvido um leve soluço.

-V-você está errado, eu não…-.

"Poupe-me de sua simpatia, por favor", ele retrucou nervosamente, me interrompendo.

Eu estava prestes a dizer a ela que ela estava errada e que eu não quis dizer nada do que ela acabou de dizer, quando de repente ela colocou a mão sobre a boca e começou a respirar pesadamente.

-Você está bem Sara?- perguntei preocupado.

Ela assentiu levemente, mas sem tirar as mãos dos lábios dele.

-V-você quer ir ao banheiro?- aconselhei-o, notando a cor de sua pele ficando cadavérica.

A menina não respondeu, mas fechou os olhos e continuou respirando profundamente.

Eu estava realmente ficando preocupado.

Mas quando ouvi um barulho estranho vindo dela, como se ela estivesse prestes a se recuperar, rapidamente agarrei seu braço e a arrastei até o banheiro ao lado.

Felizmente, o diretor preparou-o para convidados, caso contrário não teríamos chegado a tempo ao banheiro dos estudantes.

Na verdade, assim que fechei a porta, Sara se inclinou sobre o vaso sanitário.

Eu nunca gostei de vomitar, quando era pequeno e via alguém vomitando eu o segui depois de alguns momentos, então naquele momento não me senti exatamente confortável mas não parecia certo ir embora.

Quando a vi sentada no chão com a testa suada e o rosto pálido, aproximei-me lentamente dela, entregando-lhe um lenço.

"O-obrigado", ele agarrou-o incerto, "você não precisava ficar."

“Como você se sente?” perguntei a ele, ignorando sua declaração.

-Melhorar. “Quero lavar o rosto”, talvez ela tenha pensado em voz alta, porque quando me inclinei para ajudá-la a levantar, ela ficou surpresa por um momento.

**

“Você poderia me contar agora o que aconteceu com você há pouco?” perguntei a ela uma vez, fazendo-a sentar em uma cadeira, “Você me assustou.”

"Sinto muito, não foi minha intenção", ele abaixou a cabeça com pesar.

- Não se preocupe, nunca vi você se sentir mal -.

"Eu também sou humana", ela sorriu levemente, mais forçada do que qualquer outra coisa.

Não entendi por que ele não me contou a verdade. Talvez ele estivesse com medo? Ou ele não confiou em mim?

-Escute Chris, sobre aquela noite...- ela começou a dizer mas eu imediatamente a interrompi.

"Eu não disse nada a ninguém antes de você me perguntar."

"Obrigado, mas não foi isso..." ele disse sem me olhar nos olhos.

-E que?-.

“Aqui...” ele fez uma pausa, “lembra, usamos camisinha?” ele terminou a pergunta em um sussurro.

Essa foi a única pergunta que eu não esperava. Na verdade, nunca me fiz essa pergunta. Até porque não me lembrava muito daquela noite, a não ser que tinha perdido a virgindade.

-Para ser sincero, não sei…-.

-Quero dizer, você normalmente usa, certo? "Sim, quero dizer, com as garotas com quem você dorme", ela gaguejou, bastante envergonhada.

"E-eu realmente não... Bem, bem... eu nunca fiz isso..."

"Oh Deus, você era virgem?!" ele perguntou, embora parecesse mais uma afirmação do que uma pergunta.

-S-sim…-.

- Ai meu Deus, não é possível! “Eu dormi com um nerd, também virgem”, ela disse para si mesma em tom desesperado.

Te incomodou tanto o fato de eu ser virgem antes dela?

-Eu não achei que você se importasse com esse nerd outra noite. Pelo contrário, revirei os olhos de aborrecimento.

Quem pensaria que ele era?

-N-não Chris, você não entendeu. Eu não quis dizer...-.

-Não sabe que? "Você não é o centro do mundo, tentei ser legal, mas você realmente não se importa se machucar alguém", interrompi-a abruptamente.

-Chris espera, me desculpe…-.

“Talvez seja melhor voltar mais tarde ou amanhã”, disse para mim mesmo, levantando-me.

Ele estava prestes a abrir a porta quando Sara falou novamente.

"Temo que esteja grávida", disse ela com um suspiro.

E foi aí que parei de respirar, ouvindo aquela palavra como um eco na minha cabeça.

- Grávida-.

Cristobal

-Tenho medo de estar grávida-.

Essas foram as palavras que ele disse.

Minha respiração estava bloqueada, os óculos em meu nariz estavam ligeiramente embaçados e minha cabeça latejava de dor.

"E-eu não acho que entendi bem", eu disse, tentando ser o mais firme possível, embora não conseguisse.

"Estou atrasado..." ele limpou a garganta, evitando meu olhar.

-M-de... M-mas...- mas fui interrompido pela porta da presidência que se abriu.

O Sr. Finnings olhou para fora, provavelmente procurando por nós.

"Oh, Sr. Diaz, Srta. Reeves, quem vai primeiro?", ele perguntou enquanto arrumava sua jaqueta.

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