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6

Gustavo narrand

Tentei ligar para a minha mãe durante o dia e ela não atendeu, não fazia muito que ela respondeu dizendo que tinha dormido e acordado agora e já era quase 23h da noite.

Tentei ligar para Ruan para conversar com ele mas também não adiantou de nada, Ruan e a nossa mãe não precisava de telefone nunca usava eles.

Ainda estava com Marcos na minha cabeça e eu precisava achar um geito de pegar ele é jogar na cadeia, para assim dar paz para a minha mãe, Ruan está do jeito que tá por causa dele. Paro o carro na sinaleira em frente ao shopping a onde a minha mãe tinha a loja, Maria passa correndo na faixa tentando atacar o ônibus mas o ônibus passa direto, vejo que ela chinga é se senta na parada.

- Oi - Eu falo depois que estacionou o carro e desço e ela me encara - Você quer uma carona?

- Não precisa - Ela diz mechendo no celular - Daqui a pouco deve ter outro ônibus.

- Você vai ficar aí sozinha? - Eu respondo - Já é tarde e é perigoso, O alemão fica no caminho da minha casa, posso te deixar lá sem problema nenhum.

- Não sei se meu pai iria gostar - Ela fala

- Ele não vai saber - Eu falo - Diz que e uber - Ela me olha e olha o carro.

- Não sei se donos de carro assim fazem uber - Ela diz

- Fica tranquila - Eu falo - Tia Rayssa não vai ver problema nenhum, e só uma carona, certo?

O problema não era o Mateus e sim o Marcos que ia encher o saco do Mateus por causa que eu levei ela, mas eu ia levar, não ia deixar a garota aqui sozinha.

- Você tá gostando de trabalhar na loja? - Eu falo

- Estou sim - Ela diz - Tia Natália é ótima.

- Você tá estudando de manhã, não está? - Eu pergunto

- Sim - Ela fala - direito.

- Direito? - Falo surpreso.

- Só porque moro na favela e sou filha de traficante, Eu não posso? - Ela pergunta na lata.

- Não disse isso - Eu respondo

- Pelo tom de surpresa - Ela diz

- Você que está insinuando isso - Eu falo - Tem muita gente lá dentro que não é bandido, que cresce lá, minha mãe cresceu lá e eu nasci lá também.

- Tá certo - Ela diz - Mas você nunca voltou para lá, ao contrário de Ruan.

- Com a profissão que eu tenho, acho que não sou bem vindo lá - Eu falo para ela

- Me deixa aqui - Ela diz

- Ainda está longe - Eu falo

- Apenas duas ruas - Ela responde - Caminhar faz bem para a alma.

- Tudo bem - Eu respondo - Se cuida então até chegar lá.

- Fica tranquilo , ninguém vai me fazer mal - Ela diz - Já tem vapor para todo o lado e como você disse você não é bem vindo aqui e eles já devem saber que você está dentro desse carro.

- Não tenho medo disso - Eu respondo - Eu sei os riscos que corro, mas jamais deixaria você lá sozinha a noite esperando um ônibus.

- Obrigada por isso - Ela diz sorrindo - O próximo ônibus iria demorar bastante - Eu sorrio.

- Então acho que apareci na hora certa - Eu falo sorrindo e ela assente.

- Tenho certeza que sim - Ela diz me olhando.

Nos encaramos por mais alguns segundos.

- Obrigada Gustavo - Ela fala sorrindo - Boa noite.

- Boa noite - Eu falo para ela e líbero as portas e ela desce.

Acompanho ela com os olhos até ela sumir da rua e depois ligo o carro, novamente vejo Ruan com os mesmos garotos e na mesma rua fumando maconha.

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