Eterno Sorriso
E todos em capuzes negros olharam para o esqueleto que exibia um sorriso que nunca dali saiu, naquela tarde com um calor pujante. Era excêntrico como qualquer um conseguia ver um sorriso num crânio sem nenhuma pele para colocar alguma expressão. A truculência causada pelo sorriso do esqueleto vivo, foi de pujante força que impressionou a todos homens determinados a acabar com o mal que os ossos exalavam em cada segundo. Não se pensava em explicações, apenas em axioma sevícias. Em um casacão negro e numa poltrona que mais parecia um trono, estava lá a coisa sem nenhum movimento e com as órbitas fitando o nada como se olhasse na direção do espaço que lhe merece, o abismo.
A pequena casa era conhecida como "A casa do feiticeiro do eterno sorriso." Os homens trouxeram todo o material necessário para fazer cessar o que encimada a todos no distrito que teme que mais gente seja dizimada. O que os deixou em pé e sem nenhuma tontura fora os apetrechos que tinham em posse.
O ar da sombria casa era pesado, todos respiravam ofegantes.
- Estão prontos para o exorcismo? - perguntou um dos homens com coragem nas veias.
A questão foi engraçada, pois estavam lidando com um esqueleto. Estranho é exorcizar um…
- Vamos a isso. - disse outro homem com muita vontade.
De repente, para o espanto de todos, o esqueleto levantou e além de ostentar o eterno sorriso, agora deixou soar uma gargalhada que atingiu as entranhas da alma de uma forma negra e cruenta e um dos homens presentes na casa vomitou sangue antes de cair desfalecido.
Todos ficaram atônitos como se não esperassem uma coisa daquelas. Foram lentos demais, ao levarem o livro para ressitarem palavras divinas para o efeito do exorcismo, o esqueleto já tinha uma foice na mão esquerda. Num golpe repentino e rápido cinco cabeças pairaram por escassos segundos antes de atingirem a superfície. O sangue jorrou torrencialmente por cada pescoço na ausência da cabeça.
O homem sem carne soltou um riso agudo e arrepiante. O número daqueles que queriam continuar com o trabalho se reduziu numa fuga cega , completamente desesperada. Poucos queriam encarar a aberração que antes fora um feiticeiro.
Ainda em vida o nome dele era Ezildo Ndove, mas depois da morte ficou com o nome de eterno sorriso.
Os homens formaram um grupo e tentaram agarrar o feiticeiro, porém as mãos dos mesmos foram perfeitamente cortadas para um conjunto de salada de mãos de diferentes tons de pele. Os gritos dos homens amputados foram abafados com um corte preciso nas gargantas. Torrencialmente mais litros de sangue jorraram para o chão que lá já jaziam as cabeças humanas, com olhos abertos e outras com olhos fechados para sempre assim como o sorriso do feiticeiro.
Ainda restando alguns homens corajosos, um deles levou o livro para exorcismo, as palavras vinham em lantim, ele já estava pronto para recitar e salvar a todos, outro homem tinha nas mãos alguns líquidos sagrados.
O feiticeiro de repente desapareceu em seguida tudo ficou escuro, mesmo sendo uma tarde com uma forte luz do sol. Quando a escuridão cessou os últimos homens estavam em pé sem cabeças e com o sangue jorrando, depois de poucos segundos caíram e aí foi possível se observar que estavam esquartejados como se carne para consumo fossem, perfeitamente, o sangue originou um rio vermelho e o único que estava em pé na sombria casa agora era o dono, o "Eterno Sorriso".
Ele deixou a sua gargalhada ecoar pela casa e pelo lado exterior, assim assustado os pássaros que por ali estavam descansando. O homem sem carne voltou a sentar no seu trono e disse:
- Eu sou o Eterno Sorriso, ha, ha, ha…
Fim