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- Corre! Corre! Eles estão vindo! Você conseguiu? - perguntou Matthew a Robinson.
- Sim, eu enviei o sinal, como meu pai me ensinou.
- Você acha que vai funcionar?
- Não sei, mas precisamos correr, antes que nos matem.
Os dois jovens saíram correndo para descer a montanha e foram direto para um pequeno buraco, onde, com muito esforço, conseguiram entrar. Eles percorreram um longo caminho rastejando até chegarem a uma tribo subterrânea.
- Vocês voltaram! Já estava preocupado! Conseguiram?
- Sim, pai, enviei o sinal de socorro, mas não sei se vai funcionar.
- Dizem que a cada 500 anos nosso mundo se conecta com outros mundos por um curto período de tempo, criando uma espécie de convergência. Seu avô passou muito tempo estudando as estrelas e deduziu que a convergência aconteceria em breve. Segundo a lenda, de uma terra distante virá um Salvador que nos guiará de volta à superfície.
- Mas o que torna essa pessoa tão especial? Eu acho que devemos lutar contra os dragões nós mesmos e não esperar ajuda de fora. E se essa pessoa se recusar a lutar?
- De qualquer forma, já estamos perdidos. Faz quase 600 anos que vivemos como animais debaixo da terra. Nossos antepassados lutaram contra os dragões, e essa guerra não trouxe nada de bom.
- Mas quem garante que ele é a nossa solução? - interveio Matthew.
- Se não for, então nossa causa está perdida.
Ano 2020
Um grupo de adolescentes estava aproveitando um dia na praia, quando um deles viu uma garrafa flutuando, que continha um pergaminho em seu interior.
- Ei, olha isso! - disse um dos adolescentes.
- Parece uma garrafa antiga. Tem algo dentro, vamos pegá-la - sugeriu outro.
- Vamos lá.
Eles pegaram a prancha de surfe e foram até a garrafa. Os quatro estavam curiosos para ler o que dizia o papel. Abriram a garrafa e desenrolaram o pergaminho.
- Leia o que está escrito aí.
Quem estava com o pergaminho apenas olhava para o papel, sem entender o que acontecia.
- Anda logo! O que diz?
- Não diz nada, está em branco.
- Tanto alarde por um papel em branco...
Eles passaram o pergaminho de mão em mão, até chegar ao último dos adolescentes.
- Vocês estão cegos? Claramente tem algo escrito aqui.
Todos se aproximaram e continuaram sem ver nada.
- Para de brincar, Steven, esse papel não diz nada.
- Sério, não estou mentindo, mas não entendo o que está escrito.
A mensagem na garrafa estava em uma língua antiga, mas começou a se transformar assim que Steven a tocou.
- Agora consigo ler: diz "Aquele que conseguir ler esta mensagem é o escolhido para viajar a uma terra distante e fazer parte de uma aventura que mudará sua vida."
Todos começaram a rir.
- Você inventou isso bem! Não está escrito nada disso.
De repente, o pergaminho começou a brilhar, e num piscar de olhos, Steven desapareceu sem deixar rastro. A garrafa, que estava com outro adolescente, também desapareceu. Os amigos imediatamente correram para avisar as autoridades.
Minutos depois, vários oficiais estavam no local.
- Me expliquem mais uma vez. O que aconteceu?
- Estávamos os quatro, encontramos uma garrafa no mar, tinha um pergaminho. Todos vimos que estava vazio, exceto Steven, que leu uma mensagem e, de repente, desapareceu.
- Onde está a garrafa misteriosa?
- Também desapareceu.
- Vamos enviar unidades para procurar. Vocês serão levados à delegacia. Avisem seus pais e os pais do garoto. Pediremos apoio à guarda costeira, caso ele tenha sido arrastado. Esperamos que não seja tarde para encontrá-lo.
Os adolescentes obedeceram ao oficial.
Horas de buscas se passaram, e os adolescentes passaram por longos interrogatórios. Por mais que repetissem a história várias vezes, ninguém acreditava neles. Nem mesmo os familiares da vítima acreditavam na história.
- Ouçam, meninos, isso é sério. Temos uma pessoa desaparecida, e tudo o que conseguem dizer é que um pedaço de papel levou seu amigo. Que tipo de droga vocês estavam usando? - perguntou o policial.
- Nós não usamos drogas! Na verdade, nem bebemos cerveja! Nada disso é invenção nossa! - disse um dos adolescentes.
- Estávamos tranquilos, vimos a garrafa e pegamos o pergaminho. Ninguém pôde lê-lo, exceto Steven. Não sei o que aquele papel tinha, mas nada disso é nossa imaginação.
- Já chega! Estou cansado de suas mentiras. Se não fossem menores, eu os prenderia pelo desaparecimento desse garoto. Mas há algo que posso fazer: mandá-los ao psicólogo. Falarei com seus pais, e amanhã vocês terão que se apresentar no endereço que vou fornecer.
Os adolescentes saíram de cabeça baixa. Os pais os esperavam do lado de fora, e o oficial explicou que eles estavam dizendo coisas sem sentido. Foi solicitado que fizessem exames toxicológicos para descartar o uso de drogas ou álcool, além de terem que visitar um psicólogo designado. Os pais não concordaram com o oficial, mas um advogado que os acompanhava disse que não tinham opções, já que eram testemunhas chave do desaparecimento do adolescente, mas não forneciam informações precisas.
Chegou a noite, e todos os esforços da guarda costeira foram em vão. Não havia sinal de Steven em lugar nenhum. A mãe chorava desconsolada, e o pai estava furioso, pois a guarda costeira e a equipe de resgate interromperiam a busca. Só restava esperar que o corpo de Steven aparecesse boiando.
Dois dias se passaram, e Steven foi oficialmente declarado desaparecido. Os pais ofereceram uma recompensa para quem desse informações sobre o paradeiro de seu filho. Colaram cartazes de "desaparecido" por toda a cidade, conseguiram espaço na TV e no rádio. Estavam desesperados para encontrar o filho e dispostos a esgotar todas as possibilidades. Os adolescentes estavam devastados. Às vezes, nem eles mesmos acreditavam no que diziam, sentiam um peso enorme sobre si e, por mais que pensassem no ocorrido, só lhes restava esperar que Steven aparecesse com vida.