Capítulo 1
Heitor
Estou na sala de espera do Marcus, junto com Caio e Filipe. Ele marcou uma reunião conosco para falar de alguma missão.
Mais a Cíntia pediu para que esperemos um pouco, pois estava terminando uma outra reunião.
- O que será agora? - eu digo impaciente.
Eu odeio esperar, principalmente se for pra esperar o Marcus, porque se ele mandou nos chamar, é porque boa coisa não é.
Geralmente é porque ele precisa de nossa opinião sobre algo.
Agora que Filipe também é um oficial, e tem feito um ótimo trabalho com sua equipe, frequentemente manda chamar ele também, por causa de sua coerência para determinados assuntos.
-Deve ser alguma missão grande. Pra que ele precisa de três oficiais. -diz Caio aborrecido.
-A última vez que pegamos uma missão grande...
Suspiro... Não gosto nem de lembrar dessa missão. Ainda não me recuperei dela, mesmo tendo passado três anos. Quase perdi minha Manu.
-Para de ser ansioso Heitor. Está me deixando nervoso!
Cíntia chega e diz:
-Ele mandou vocês entrarem.
Eu sou o primeiro a me levantar e me dirigir a sala de reunião, seguido de Caio e Filipe.
Quando chegamos vemos logo o Marcus ladeado por Guilherme Aragão (agente do DER), um senhor que não me é estranho, mais não lembro de onde conheço e Melissa. Já fizemos algumas missões com Guilherme.
-Olá rapazes, não preciso apresentar vcs certo?
Aponta para o Guilherme e todos dizem não.
-Esse é o Comandante da DER, Dr. Angelo Reis. Nossos oficiais Filipe, Heitor e Caio.
Ele apenas mexe com a cabeça para nós.
-O motivo da reunião é que resolvi atender ao pedido de ajuda de nosso colega. Ele está com uma agente em situação de risco, e precisa de nossa ajuda para resgatá-la.
-E porque vocês mesmo não resgatam?
-Já tentamos, só que nossos agentes voltaram picados em caixas. -diz Guilherme sério nos olhando...
-E como vcs sabem que ela não teve o mesmo destino?
-Porque recebemos este e outros vídeos.
Ele olha para Melissa e a mesma põe para rodar no seu computador o vídeo.
Vejo uma mulher loira nua, com os braços acima de sua cabeça, com a boca amordaçada, toda machucada, sendo estuprada por um homem com o rosto coberto com um capuz, e com o dobro do tamanho dela. O lugar é escuro, não dá para ver a fisionomia dela direito, apenas os cabelos loiros lisos ao redor de seu rosto e o corpo todo machucado.
-Como sabem que é ela? Não dá pra ver nem o rosto dela direito.
-São vários vídeos Heitor, quer ver todos? -pergunta Guilherme meio contrariado.
-Não precisa.
Peguei pesado? Peguei.
Mais porra, toda vez é isso, eles põem seus agentes em risco e depois vem correndo com o rabinho entre as pernas, pra pedir ajuda.
Ninguém nunca vê a Interprise ir pedir ajuda a eles. Se fazemos merda, nós mesmos concertamos.
-Quantos agentes vcs já perderam nessa? - pergunta Caio.
-Três. -responde Guilherme.
-Senhor dá para explicar com detalhes? Porque eu não estou entendendo nada.
-diz Filipe, dando vazão a mesma raiva que eu e Caio estamos sentindo.
Três vidas perdidas.
Não é uma: são três.
Porque esses merdas, mandaram três agentes para resgatar uma pessoa, pra no final terminar todos eles numa caixa?
-Ela estava infiltrada num cartel. Este cartel está sendo investigado pela nosso agência, por tráfico de crianças, além de drogas. O esquema é assim: compram mulheres que viram prostitutas, as engravidam e depois vendem os bebês para quem pagar mais. Além disso, tem casos de crianças raptadas para serem vendidas para aqueles casais, que não querem bebês.
-Cartel fazendo isso? O negócio não era apenas contrabando e drogas?
-Estāo diversificando... Nossa agente foi infiltrada como uma prostituta de luxo, a missão dela era ganhar a confiança do mandachuva do Cartel José Juanes. Há três meses paramos de receber suas mensagens. Logo depois, começamos a receber os vídeos. Primeiro era de interrogatório e tortura. E depois começaram a vir esses de cunho sexual. Investigamos e descobrimos que ela podia está num bordel na fronteira com Estados Unidos. Mandamos mais um agente infiltrado, e uma semana depois ele voltou numa caixa. Resolvemos mudar de tática, e mandamos dois agentes com missão de resgate. Eles também retornaram em caixas.
-Pediram resgate? -Eu pergunto.
-Não. Apenas disseram que tínhamos que mostrar a imagens ao Presidente com um aviso de que, qualquer um que se metesse nos negócios deles no país, aconteceria o mesmo, não importando se eram autoridades, policiais ou pessoas comuns.
-Que cartel estamos falando?
- Mexicano associados a alguns traficantes de nosso país. Não se trata mais de apenas narcotráfico, eles estão diversificando e a cada dia que passa, ficam mais poderosos aqui.
-Jalisco? -eu pergunto
Ele confirma.
Um dos carteis mais poderosos que existem e um dos mais violentos também. Já tivemos algumas missões relacionadas a essas associações aos traficantes de nosso país. Eles são conhecidos pela violência em que suas vítimas são tratadas. Geralmente usam armas brancas, como facões, espadas e facas. E era um dos aliados de Diniz no tráfico de mulheres.
Lembram dele? Pois é , continua preso e pegou perpétua depois de tudo que fez.
Achei foi pouco. Queria que fosse estruprado o resto da vida dentro da cadeia e que acabassem com as pregas do seu cú.
Mais seria demais para um cara cheio de grana pra comprar pessoas. O que me conforta, é que vai apodrecer na cadeia. Conseguimos enfim...
-Isso está muito estranho, porque a mantém viva? Já que eles são violentos por natureza. Em vez de mandar vídeos dela sendo torturada, poderiam mandar vídeos da morte de todos. Vcs não acham? -fala Caio com a sobrancelha enrugada.
-Sim, também achamos estranho. Mais os vídeos a torturando também são cruéis...
Caio ri de deboche e fala:
-Nao estou falando que não são cruéis, só estou falando que eles estão operando de um forma que não é a deles. Ninguém sobrevive a uma sessão de tortura deste cartel.
-Eu acho que é mais para dar exemplo. Há vídeos que Natasha é torturada na frente de outras mulheres. José Juanes é bem capaz de torturar, principalmente se ele estiver com raiva.
-O nome da agente é Natasha? -falo já sentindo um calafrio por dentro.
Melissa me olha com aquele olhar de repreensão, como se dissesse “Controla a sua raiva, que estamos na frente de visitas”. Ela vira a tela novamente do notebook pra mim, e eu suspiro fechando os olhos.
-Que porra é essa?