Capítulo 7 — ÉMIE
Uma semana depois…
Émie Carter:
Finalmente estou conseguindo resolver alguns dos pequenos problemas que me perseguiam. Já não sentia mais dor pelo acidente, mas ainda era como estar morando sozinha, mesmo que na casa de outra pessoa.
— Bom dia, Srta. Carter, eu sinto muito por estar deixando você por tanto tempo sozinha, eu prometo que irei recompensar isso, esta noite. — isso para mim era novo, Michael passar a noite em casa?
Quando Michael se aproxima demais de mim, sinto como se eu fosse esquecer como se respira, é algo tão pouco e bom ao mesmo tempo. Seu tom de falar é sexy e parece autoritário, porém sem ordens. Seus cabelos perfeitamente alinhados, mesmo após sair do banho e por fim, seu corpo parecia ter sido esculpido por Deus, era uma perfeição.
— Acabei de fazer o jantar, se quiser experimentar a minha comida, essa é a hora. — estava nervosa em desafiá-lo, mas confiante também.
— Gostaria de experimentar coisas que você não tem ideia! — isso deveria ter saído baixo da boca de Michael, o problema foi que eu fiquei com o rosto vermelho e sem reação. — Me desculpe, falei com os pensamentos.
— Fiz Primo Piatto, espero que goste. — A cozinha não era uma das coisas que eu sabia muito fazer, embora sempre adorei fazer receitas de doces, ainda sim minha comida era ruim. — Sente-se, e deixe que eu lhe sirva.
Antes de sentar, ele afrouxou a gravata e isso era de certa forma excitante. Servir um prato e levei até ele, que não parecia estar muito sóbrio. A primeira colherada que ele levou à boca, não pareceu lhe agradar muito e em seguida outra… ele parecia que estava comendo forçado, quando a mãe quer que o filho aceite a introdução alimentar, entende? Exato, estava parecendo isso.
— Isso aqui está maravilhoso. — para sua sorte eu estava atrás dele, fingindo não estar prestando atenção em suas expressões atrás do reflexo do retrato.
— Não precisa mentir, admitir que está ruim não vai me deixar triste. — sorri lembrando das vezes em que dormi com fome por deixar a comida passar do ponto, ou fazer alguma coisa de errado, mas isso não vem ao caso por agora. — Já que está aqui, pensei que você pudesse cozinhar pra gente. — eu sentia vontade de tocá-lo, então ali vi a oportunidade. Me aproximei e desci minhas mãos por seu peito, abdômen e afins…
Como se estivéssemos conectados pelos pensamentos e desejos, seus braços me puxaram, em seguida sentei em seu colo, segurei seu rosto com as duas mãos, sem pensar eu lhe beijei de forma intensa e desejável. Preenchendo cada parte de sua boca com a minha língua. Por um instante ele parou e me olhou com a sobrancelha franzida, no mesmo momento veio em minha mente várias imagens de repreensão, mas tudo que ele fez foi me beijar novamente, dessa vez passando suas mãos por cada parte do meu corpo. A pegada estava boa e os beijos também, mas ele parou no momento seguinte, me levantei do seu colo e fui para o quarto.
— Adorei a roupa que está vestindo, ficou perfeitamente bela em seu corpo. — corei com suas palavras e segui adiante.
Essa era a segunda vez que eu beijava alguém e sem dúvidas, foi muito melhor que a primeira, mas eu ainda tinha medo do que poderia vir depois…
Não queria parecer que eu estava tirando proveito de sua bondade, mas o que eu poderia fazer se meu corpo desejava o seu sempre que o via? Tranquei a porta por dentro e deixei meu corpo deslizar na porta até o chão. — Vou estar te esperando em meu quarto, você tem dez minutos para estar pronta, vamos jantar fora hoje.
Por alguns segundos eu fiquei sem saber o que responder, mas ao mesmo tempo fiquei aliviada quando escutei seus passos indo embora e respirei aliviada. Estava frio, e o vestido era fino, embora fosse longo. Coloquei um sobretudo por cima, calcei um dos saltos em que havia ganho e por fim, estava pronta. Não fazia ideia de que horas era, precisava comprar um celular urgente.
O silêncio será algo que se rainha de sobra naquela casa, o corredor que levava até o seu quarto era escuro, contendo apenas uma luz de parede.
— Michael? — o chamei baixinho, e o mesmo respondeu logo em seguida.
— Está aberta! — fechei os olhos, respirei fundo com a mão sob a maçaneta e por fim abri a porta, o vendo parado de frente para o espelho enquanto arrumava sua gravata.
— Posso? — me ofereci para arrumar a mesma, pois ele parecia confuso com o que estava fazendo.
Dá nós em gravata era algo que eu sabia desde criança, mas no momento estava parecendo impossível fazê-lo. Minhas mãos estavam trêmulas e não sei do que eu estava sentindo medo, ou talvez fosse apenas frio na barriga por estar mais uma vez tão perto deste homem.
(...)
O lugar era simplesmente fantástico, só havia pessoas bem vestidas e sem dúvidas, ricas!
— Eu pensei que a gente fosse para algum lugar mais… — como deveria dizer? Mais simples? E se o simples estivesse fora da sua realidade? — Sr. Williams, eu não estou vestida adequadamente para um ambiente como este.
— Você está maravilhosa, Srta. Carter, acredite!
O vestido que eu usava era longo, sem cortes nas laterais ou decotes, porém era fino e isso me causava frio. Michael era sem dúvidas, um dos homens mais bonitos que habitavam ali, embora os outros também fossem bonitos, sexy e atraentes.
Michael falava muito bem o italiano, embora não fosse sua língua de origem. Para entrada ele pediu um prato chique, composto de salmão e algas marinhas.
— O que você faz, afinal? — ele havia dito que era professor, mas ainda não havia dito qual era sua especialidade.
— Sou professor de literatura, na Universitá di Padova, na Itália.
— E o que o fez vir para Chelsea? — realmente eu não entendi as trocas que as pessoas faziam, se eu pudesse morava lá ou em qualquer outra cidade onde eu pudesse me tornar uma pós-graduada anos depois.
— Calma, estou apenas de férias e não devo morar aqui para sempre. Mas é você, por que nunca saiu daqui para outro lugar?
— Meus pais me mantinham basicamente presa dentro de casa, trabalhava para sustentar a casa e manter os vícios deles. Lembro de uma vez que tentei fugir e quando pensei que estava longe e segura, fui pega de surpresa com um golpe na nuca e isso me levou a um coma de três meses. Depois disso, eu nunca mais tentei nada e apenas aceitei a realidade, até que ela seja outra. — era deprimente viver assim, mas de verdade, eu já não estava nem aí pra nada.
— Você é nova, deveria ter tomado a frente quando teve oportunidade. Aquilo não é lugar para ninguém viver, já pensou na possibilidade de você aderir aos vícios por convivência. — sem dúvidas alguma, eu jamais seria o espelho podre deles.
— Estou esperando aguardando o chamado de uma entrevista que fiz semana passada. Caso isso aconteça, vou receber mais e poder recomeçar minha vida, aos poucos, mas sozinha e calma. E… daqui a dois dias é Natal, não vai estar com a sua família?
— Não. Meu pai levou minha mãe em uma viagem de navio como presente de Natal, era o sonho dela, e minha irmã está passando o Natal aqui também. É a nossa cidade Natal, mas todos nós moramos em lugares diferentes.
O vazio que habitava em mim era inexplicável. Eu não tinha uma família unida, e nunca comemoraram o Natal, nem nenhuma outra data festiva ou especial. E agora eu estou na casa de um estranho, e tendo que me preocupar ainda mais, agora eu tinha que arranjar outra casa que me pagasse melhor, ou iria estragar dormindo na biblioteca.
— Podemos passar o Natal juntos. — eu não tive palavras para responder, pois sua mão tocou meu queixo e me fez olhar para ele. — Não vou te tocar e nem fazer nada que você não queira. Minha mãe irá vir também, com alguns amigos nossos.
— Tem certeza, Sr. Williams? Seus amigos devem ser importantes para você, não quero ser inconveniente. — segurei sua mão e mantive o olhar fixo ao seu.
— Se alguém tem que ir embora, que sejam eles, não você. — com a respiração ofegante eu levantei, pedi licença e fui ao toalete.
Isso nem deveria estar acontecendo, eu não deveria estar aqui. Mas, eu sentia como se tivesse intimidade com Michael, e que ele não me julgaria pelas coisas que eu dissesse. Confesso que aceitei de bom grado ser acolhida em sua casa, mas isso vai pode ser assim por muito tempo e duas semanas se passaram.
Meus cabelos soltos estavam me deixando com calor, os prendi em um coque, lavei as mãos e com elas quase secas, passei em meu rosto e depois enxuguei com a toalha que estava ao lado da pia. Quando estava voltando para a mesa, vi que uma mulher estava sentada em meu lugar, com as pernas cruzadas e bebendo do seu copo, mas como ele estava de costas, não dava para ver suas expressões.