Episódio 04
TESSÁLIA NARRANDO
Quando eu vi o meu pai ali, eu não pensei muito, eu apenas corri na sua direção e abracei ele, eu chorei, mas chorei muito, eu estava tão nervosa, e aquilo não podia ter sido verdade, eu estava em um pesadelo, e eu precisava acordar, precisava sair daquele sonho ruim. Eu estava tão desesperada, era uma dor tão forte que eu não sabia como estava aguentando essa dor. Então meu pai se afastou um pouco e colocou suas mãos no meu rosto me fazendo olhar pra ele, e eu falei o quanto estava doendo sentir aquilo. Fiquei um pouco agarrada no meu pai até que a Gabrielle apareceu ali, eu sei que ela e minha mãe tinha um tipo de amizade, mais eu nunca entende muito, afinal eu sempre fui uma menina que gostava de viver dentro de casa, mas minha mãe sempre dizia que não confiava nela, e isso eu ouvia as vezes quando ela conversava com a senhora Maria. A Gabrielle até tocou no meu ombro e falou que sentia muito, mas infelizmente eu não conseguia responder, eu estava muito mal e eu preferia não ter ouvido nada naquele momento, eu estava tão mal, tão machucada e destruída fisicamente, que quando eu me virei, e iria falar alguma coisa com ela, eu sentir uma tontura e minha visão ficou turva, eu apenas apaguei. Me acordei um tempo depois, e eu estava em uma leito de hospital o que me incomodou, eu acabei de perder a minha mãe e cá estou, as lágrimas molharam meu rosto e eu olhei na direção do meu pai, e ele me olhava com um olhar triste, e indecifrável, ele se levanta e vem na minha direção, assim que ele chega perto chamo por ele, e ele toca meu rosto, então sinto meu peito apertando, é aquela dor que está me sufocando, eu começo a chorar e pergunto para ele o porque disso está me acontecendo, eu nunca fiz nada para merecer uma dor tão forte quanto essa. Mas meu pai trata de acariciar meu rosto e pedi para que eu fique mais tranquila, mas eu não consigo, eu não sei que dor é essa, é algo que acredito que eu nunca terá cura, o que me deixa mais nervosa e eu choro ainda mais, meu pai fica um tempo ali tentando me acalmar e eu não consigo, mas quando ele consegue me deixar um pouco mais tranquila, até que o mesmo sair do meu quarto e me deixa ali sozinha eu acabo me encolhendo na cama e fico chorando, eu estava tão machucada com isso, era uma dor sem limites, é algo incomparável, é muito intenso essa dor, eu sei que dói muito, meu celular acaba tocando e eu atendo.
•LIGAÇÃO ON•
Tess: Alô?
Tia: Minha menina, queria saber como sua irmã está.
Tess: Tia, eu perdi a minha mãezinha.
Tia: Minha menina, eu sinto muito.
Tess: Tá doendo tanto.
Tia: Minha pequena, vai passar acredite, eu estou aqui para você, a Rúbia quer ir ficar com você.
Tess: Quando ela quiser vim, ela venha, eu não sei quando irei voltar, tudo está acontecendo agora, está doendo muito, eu perdi um pedaço de mim.
•LIGAÇÃO OFF•
Ela não consegue falar mais, que eu ouço ela chora, então resolvo desligar, e me isolar no meu lugarzinho, esse mundo para mim, está sem sentido, eu perdi a mulher que eu mais amo nessa vida, eu perdi um pedaço de mim. Eu passei um tempo ali, até que meu pai retorna para o meu quarto, ele entra e o médico vem logo atrás, assim que o médico entra, ele vem na minha direção.
Médico: Vejo que já acordou menina, eu vou remover o acesso do seu braço, pois o soro já acabou e você já pode ir embora. - ele diz e eu olho para meu pai que estava ali calado.
Tess: Obrigada doutor. - digo e viro meu rosto, a minha cabeça estava doendo tanto, eu não conseguia parar de pensar em tudo que perdi ao lado da minha mãe, eu tinha tantas coisas para falar para ela, queria dizer o quão eu a amo.
Assim que ele removeu o acesso do meu braço, meu pai se aproximou e me ajudou a levantar. Já de pé não pensei muito a gente foi saindo do postinho, assim que sair daquele quarto eu vi alguns rosto conhecidos mas eu estava mal, eu não queria ver ninguém mais, eu apenas queria me isolar do mundo, então fui até o carro do meu pai, até porque se o tio está no volante é do meu pai, então apenas entrei no mesmo e fomos para casa, eu sentia as lágrimas molhando o meu rosto e em silêncio eu chorava, até que chegamos na mansão, e ao ver aquela frente eu sentir um aperto maior no meu peito e desci do carro, eu corri para dentro, e não conseguia me manter calma, era como eu estivesse presa a um pesadelo. Então eu subi para o meu antigo quarto e me joguei na cama, eu estava tão debilitada, que apenas queria que tudo aquilo não fosse real, a dor era muito forte e eu queria acordar e que nada daquilo fosse real. Então passei alguns minutos ali sozinha até que meu pai entrou ali e veio na minha direção, ele sentou ao meu lado, e acariciou meus cabelos.
Lobo: Minha raposinha, como você está? - ele pergunta enquanto mexe nos meus cabelos.
Tess: Vou ficar bem pai, não se preocupe. - digo a ele, e o mesmo me olha com um olhar triste.
Lobo: Daqui a pouco o corpo da sua mãe vai chegar na capela aqui da comunidade, então você pode se arrumar e ir comigo. - ele diz e eu apenas confirmo.
Tess: Tudo bem paizinho, eu vou sim. - digo baixinho enquanto as lágrimas molham meu rosto.
Lobo: Estou aqui se precisar minha pequena. - diz e beija minha testa. - E aproposito, tem alguém querendo te ver. - diz e eu olho para ele.
Tess: Eu não quero ver ninguém pai, eu não quero nada. - digo chorando e ele me abraça.
Lobo: Tudo bem, é que a Fernanda veio aqui apenas para te dar um abraço, mas pedirei para ela ir embora. - ele diz e eu me afasto um pouco dele.
Tess: Tudo bem pai, eu quero ver ela. - digo e ele me da um beijo no rosto e se levanta.
Lobo: Mandarei ela entrar. - diz e vai saindo do meu quarto, eu fiquei ali por alguns minutos, e depois a Nanda entrou no meu quarto, ela ao me ver correu e me abraçou, e eu abracei ela de volta, mas eu não conseguia me controlar até que eu acabei chorando muito mais.
Nanda: Ei amiga, eu estou aqui, pode chorar o quanto quiser. - ela fala amigável e eu continuo chorando muito.
Tess: Eu perdi a única coisa que eu mais amava nessa vida, a mulher que me deu tudo que podia. - digo soluçando.
Nanda: Não fique assim, ela não iria gostar de ver você dessa forma. - ela diz apertando meu corpo no dela.
Tess: Eu tô tentando ser forte e mostrar para mim mesma, que eu sou forte como ela. - digo e ela vai me soltando aos poucos.
Nanda: Isso mesmo minha amiga. - ela diz e toca me rosto.
Fiquei um pouco ao lado da minha amiga, ela ficou comigo, até que eu me levantei e fui tomar um banho, assim que eu acabei de tomar meu banho, sair do box e fui até a pia, fiz minha higiene e fui para dentro do quarto, peguei um vestido preto, vestir o mesmo e assim que eu vestir eu me olhei no espelho e vi o quão acabada eu estava, eu nunca na minha vida esperei para sentir uma dor tão profunda como estava sentindo, afinal é a minha mãe, a mulher que me colocou no mundo, tem toda uma história e isso teria que ser a coisa certa, eu chorar o meu luto da forma que eu sabia que iria me fazer desabafar, então assim que já estava pronta a Nada veio na minha direção e segurou no meu braço.
Tess: Eu não sei se vou conseguir. - digo e ela me olha nos olho.
Nanda: Não pense nisso agora, apenas vamos, eu tenho certeza que Deus te dará a força exata para você se erguer novamente, e agora eu estou aqui. - ela diz isso e me abraça, e quando menos espero ouço alguém bater na porta e entrar, era o meu pai.
Lobo: Minha princesa, você já se arrumou? - ele pergunta e olha na minha direção.
Tess: Já estou pronta pai. - digo e ele vem se aproximando.
Nanda: Vou deixar vocês um tempo sozinhos. - ela diz e sai.
Lobo: Minha raposinha, você sabe que agora eu que vou cuidar de você até o último dia da minha vida, então nem tudo que você possa ouvir da sua mãe por ai, seja verdade, antes de acreditar em algo, pergunte a mim. - ele fala e fico confusa.
Tess: Mas pai, o que vão falar? - pergunto e ele nega.
Lobo: Não se preocupe, ninguém vai lhe perturbar com isso, antes eu mato o infeliz. - ele diz e eu fico sem entender o que ele quis dizer, mas ele segura em meu braço e vamos saindo do meu quarto, assim que saímos, fomos andando pelo corredor e descemos as escadas, e a Nanda estava ali me esperando. Também vi o tio JN e o MG, os dois tios que a vida me deu, eu percebi um tipo de olhar diferente, mas ignorei, afinal eu não queria nem pensar em nada, a minha vida não tá bem para nada, então me aproximei com meu pai que não soltava meu braço por nada.
Nanda: Amiga, você tem meu ombro para chorar tá. - ela diz e eu apenas concordo e sinto as lágrimas molharem meu rosto.
Lobo: Vamos logo, eu preciso chegar lá. - diz nervoso, e então meus tios percebem que ele está nervoso então nós seguimos até o carro e assim que chegamos no mesmo, entramos e meu pai sentou comigo, eu encostei a cabeça em seu ombro e fiquei quieta, eu estava tentando assimilar e fingir que não estava sendo nada real. Então quando estávamos perto da capela, já tinha algumas pessoas entrando e saindo, então quando chegamos, descemos do carro, e eu caminhei ao lado do meu pai até a entrada, quando cheguei na mesma eu vi o caixão e aquilo quebrou toda a minha estrutura, eu cheguei mais perto e vi a minha mãe ali sem vida, o que me causou uma queda de pressão.