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Capítulo 2

Assim que entrei e disse ao guarda que estava ali para fazer uma visita, depois de contar a ele sobre Michael, eles me fizeram sentar na sala de visitas, em uma mesa, enquanto Michael sentou-se na frente. Eu não tinha ideia de como iniciar a conversa, o que ele diria ou pensaria quando me visse, se esperava uma visita minha mais cedo ou mais tarde ou se queria me contar alguma coisa. Ouvi um trinado vindo das grades da prisão, como que em alarme, e quando me virei o vi na soleira, com um guarda ao seu lado que o deixou entrar, ainda algemado, e lhe apontou a mesa onde o esperava para mim. a ele.

Assim que meus olhos encontraram os dele, ele ergueu as sobrancelhas e me encarou por alguns momentos, surpreso ao me ver como esperava. Michael não havia mudado nada, apenas havia deixado a barba crescer e seu olhar até parecia um pouco mais relaxado do que alguns meses antes. Para ser sincero, à medida que ele se aproximava, parei um pouco para observá-lo e percebi como ele parecia muito melhor, como se estivesse um pouco mais em paz consigo mesmo.

- Olá Julieta - Exclamou sorrindo e sentando de frente e colocando as mãos sobre a mesa. Seus olhos me lembraram os de seu irmão por um momento, tanto que meu coração doeu quando olhei para ele. - Não esperava ver você aqui, ainda mais sem Romeu. Que estranho ele ter deixado você vir sozinha, onde você o deixou? - Ele perguntou suspirando e deslizando de volta na cadeira.

- Olá Michael - respondi, retribuindo seu sorriso e examinando seu rosto. - Como vão as coisas? - perguntei a ele, piscando e mordendo o lábio.

- Muito bem, obrigado. Você sabe um pouco menos sobre mim, a julgar pela sua cara terrivelmente surpresa. Caramba, nem maquiagem cobre essas olheiras enormes, minha filha. - Exclamou ele apontando para mim e me olhando quase preocupado. - O que há de errado com você, florzinha? - Ele inclinou a cabeça e franziu o nariz enquanto se aproximava de mim novamente.

Quanto mais eu olhava para ele, mais ele parecia preocupado comigo. Não me pareceu tão estranho, pois até prova em contrário ele nos salvou da ruína, pensei que no fundo ele tinha gostado um pouco de nós, embora nunca o admitisse. Eu estava convencido de que ele nunca nos machucaria, na verdade não. - Mas... - Respirei fundo e estreitei levemente os olhos, encolhendo os ombros. - Entre uma sessão psiquiátrica e outra tenho algumas alucinações, mas de vez em quando consigo dormir, pois me enchem de comprimidos. Como muito pouco, apenas o suficiente para me manter de pé, mas na maior parte do tempo consigo. - eu disse a ele calmamente. Eu não sabia por que contei isso a ele, mas contei e sinceramente não me arrependo.

- Precisa de algo? - Perguntado. Neste ponto ele parecia seriamente preocupado enquanto olhava para mim, e eu não podia culpá-lo, já que tinha acabado de revelar a ele que estava basicamente doente. - Voce está aqui sozinho? -

- Mas por que todo mundo sempre me pergunta se estou sozinho? - exclamei abrindo os braços. - Não estou sozinho, não se preocupe. Mas estou aqui porque, na verdade, sim, preciso da sua ajuda. - Michael me olhou intensamente e mandou que eu explicasse do que se tratava.

Enquanto eu lhe contava tudo o que sabia e lembrava, às vezes e com algumas lacunas aqui e ali, ele me ouvia com atenção, sem perder um único ponto das minhas palavras. A julgar pelo seu olhar, ele estava bastante confuso e não tinha uma ideia completa da situação, mas após mencionar Ryan e Gabriel a expressão em seu rosto mudou. - Você disse Ryan Walker? - Ele me perguntou, inspirando profundamente e olhando para um ponto fixo no espaço. Balancei a cabeça e olhei para ele esperando que ele pudesse me dar informações sobre isso. - Sim, eu sei quem é. Acontece que não sei muito sobre isso, no sentido de que nunca falei com ele, estava muito ocupado sendo o cachorrinho do seu pai. Posso contar o que sei com base em rumores, foi o que ouvi. -

- Que rumores? - Naquele momento a esperança de conseguir algo mais aqueceu meu peito e me levou a sorrir levemente, talvez espantado, mas consegui mesmo assim.

- Então Benjamin é um Andarilho - Afirmou, levantando-se e fazendo-o ranger irritantemente. - Ouvi dizer que o estavam ameaçando, mas não sei quem nem por quê. Só sei que ele recebeu ameaças externas e que em determinado momento sua cela era vigiada vinte e quatro horas por dia, e ele sempre tinha um guarda atrás dele, como se o estivessem protegendo, não sei se sabem o quê. Quero dizer. -

- Você já ouviu falar de um certo Vincent? - perguntei a ele, esfregando o rosto com as mãos após receber aquela notícia. - E um certo Gabriel? -

-Vincent Turner? - Ele ergueu as sobrancelhas e riu divertido, balançando a cabeça. - Você realmente não sabe como evitar problemas, não é, Julieta? - Após essas palavras suspirei e mordi internamente a bochecha: já suspeitava que fosse algo grande, mas não sabia até que ponto. - E quem nunca ouviu falar dele? Eu sei o que todo mundo sabe sobre Turner: o FBI está procurando por ele há anos. Ryan foi interrogado diversas vezes e quase suspeito que ele teve algo a ver com sua libertação antecipada da prisão. Você sabe que ele foi condenado a cinco anos, certo? Bem, por sorte, ele saiu um pouco depois das duas. Quando essas coisas acontecem na prisão, rumores começam a se espalhar e, na cabeça de muitas pessoas, Turner estava envolvido. Alguns pensaram que essas ameaças não eram dirigidas a ele, mas ao departamento de polícia, e que o guarda estava na frente de sua cela porque Turner queria tirá-lo de lá. - Ele explicou, passando as mãos pelo rosto, com os pulsos ainda travados. - Descreva esse Gabriel para mim. - Ele me contou então.

Balancei a cabeça e tentei me lembrar de seu rosto. - Hum... - Fiz minhas pernas dançarem porque tinha vagas lembranças da vez que o vi no parque, estava muito ocupado pensando no fato de ter visto meu pai, e de ter sentido a presença dos cavaleiros . pisando em meus calcanhares. - Cabelo loiro escuro, eu acho. Ou talvez um marrom claro, meu Deus, não sei. - Roí as unhas distraidamente e deixei meu olhar vagar um pouco pelo espaço, inspirando lentamente e um pouco confuso. - Olhos claros, verdes eu acho, mais ou menos da mesma altura do meu irmão Sam e... - Balancei a cabeça e engoli, exalando e desistindo, pois não lembrava de mais nada.

- Não se preocupe, respire - ele me disse baixinho. - Eu entendo quem ele é - Ele me olhou atentamente, respirando profundamente e, a julgar pela expressão em seu rosto, não parecia um bom presságio. -Gabriel Johnson, agente do FBI. -

- Desculpe, mas o que você quer dizer com agente do FBI? - perguntei chocado e com o coração batendo mil vezes. Quanto mais aprendíamos sobre o assunto, mais sentimentos ruins invadiam meu coração. A ansiedade me deixou sem fôlego e senti nos ossos que algo iria dar errado. Se o FBI estivesse envolvido, isso significava que o assunto era mais sério e maior do que qualquer um de nós poderia imaginar. - O que Ryan está fazendo com um agente do FBI? - Tive vontade de chorar, sinceramente, não sabia mais o que pensar.

Michael balançou a cabeça, tão frustrado quanto eu, ou talvez mais confuso. No final ele encolheu os ombros, inclinou a cabeça e permaneceu em silêncio por alguns momentos, olhando para o nada, pensativo. - Talvez eu não saiba - Ele sussurrou, franzindo o nariz. - Talvez Ryan não saiba quem é seu parceiro. - Ele disse olhando nos meus olhos.

Essa era a hipótese mais plausível, mas se fosse realmente esse o caso, quem realmente era Ryan? Que estava fazendo?

- O tempo acabou. - Disse um guarda parado entre Michael e eu, parado na mesa. - A senhora deve sair da prisão. -

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