Capítulo 3
Bati as mãos na mesa, derrubando o café das três xícaras e fazendo Sam e meu irmão pularem. Toda aquela história, todo aquele mistério, eu estava ficando cansado. Eu estava cansado de todo mundo dizer coisas indiferentes. Se minha mãe tivesse morrido, Elizabeth e Leonard deveriam ter me contado, porque quando ela desapareceu e eu concordei em morar com os Woods, tudo que pedi foi que me contassem se minha mãe estava morta. Ninguém mais me contou nada, ou me contaram meias coisas e eu estava cansado. - Merda - deixei escapar. - Ou você me conta no que está envolvido ou juro pelo nosso pai que você vai se arrepender de ter vindo me ver, Ryan. -
- Não posso! - Ele exclamou, levantando-se e olhando para mim. - Quer entender que não posso? - Ele disse novamente. - Há coisas que posso dizer e outras que não posso. A morte da mãe é algo que você tinha o direito de saber, pare. Eu não posso ir mais longe. A discussão está encerrada. -
Fechei os olhos e cerrei os punhos, prendendo a respiração enquanto a raiva fervia em minhas veias, misturada com a dor de perder minha mãe. Eu me senti à beira de um ataque histérico e queria destruir tudo que pudesse encontrar, inclusive o rosto do meu irmão. - Você não pode entrar na minha casa e me contar que nossa mãe morreu sem nem me dizer como, quando e por quê. Sem me dizer como você sabe disso, por que você sabe disso, o que está por baixo e o que você está fazendo. Ela também era minha mãe e tenho todo o direito de saber disso. Estou cansado de suas meias verdades, fale agora. -
Ryan abriu a boca para responder, mas depois fechou-a e deu um passo para mais perto de mim, cerrando os punhos também e olhando para um ponto fixo no chão. - Benjamin, você deve tentar entender que tudo que faço é para te proteger. Tudo o que fiz foi proteger você. Não estou pedindo que você entenda, você nunca conseguiria fazer isso, estou pedindo que confie em mim. Esqueça, não tente entender, não tente atrapalhar e confie em mim. Deixe as coisas como estão, estou tentando fazer o melhor que posso para... -
- Para que? - gritei acima dele. - Mesmo quando você estava negociando em nome de Vincent, foi para o meu próprio bem? Mesmo quando você roubou aquele carro e me deixou sozinho no meio da rua, foi para o meu bem? Mesmo quando abandonaste o pai no leito de morte, foi para o meu próprio bem? É tudo besteira Ryan, não acredito mais, não acredito mais em nada. Não posso confiar em você se você não me contar as coisas como elas são, e não posso acreditar em você ou mesmo tentar se nem conheço o seu lado da história. -
- Uma meia verdade é sempre melhor que uma mentira. - Ele respondeu virando as costas para mim.
Aproximei-me dele, perto do ouvido dele, para que ele entendesse que não podia zombar de mim, porque eu não era mais a criança estúpida que deixei antes de ser presa, não era mais a mesma. que estaria disposto a ser pisoteado por causa de um irmão, mas porque me mostrou que não sabia o que significava ter um irmão. - Mas uma mentira bem contada pode parecer verdade. -
- Você é meu irmão Benjamin - ele respondeu, virando-se e pegando minha cabeça entre as mãos. - Eu nunca faria nada que pudesse machucar ou prejudicar você. - Contínuo. - Peço que confie em mim, seu irmão. Por tudo o que houve e por tudo que fomos quando crianças. Ainda sou eu, ainda sou o mesmo, ainda sou seu irmão, ainda sou aquele com quem você jogou futebol na Ben Street. O irmão que nunca te abandonou, mesmo que você não acredite em mim agora. -
Tirei minhas mãos dele e balancei a cabeça em aborrecimento. - Como posso acreditar em você se tenho a sensação de que tudo é bobagem para te proteger e encobrir suas bagunças? -
Naquele momento Ryan desistiu e finalmente ergueu os braços em sinal de rendição. - Ok, tudo bem, o que você quiser. - Ele disse de repente após um suspiro. Enquanto falava, ele girava no dedo o anel do nosso pai, o que eu só notei na época, porque estava convencido de que ele o havia tirado, ou que o havia tirado enquanto estava na prisão. - Você não quer confiar em mim? Ok, eu aceito, mas ainda assim peço um favor. E se você se importa com sua namorada, você vai me ouvir. - Ele lambeu o lábio e depois mordeu-o, irritado e chateado com minhas palavras. -Deixe Victoria fora disso. Diga a ela para não interferir e que ela deveria ficar fora disso, faça isso por ela. -
- O que Victoria tem a ver com isso agora? - pulei em atenção no exato momento em que ele a mencionou, assim como seu gêmeo que, alheio à situação, levantou-se e ficou ao meu lado, pronto para fazer qualquer coisa pela irmã, mesmo sabendo que era óbvio que ela estava tipo esse.
- É melhor você tomar cuidado com o que vai dizer. - Sam interveio, estalando os nós dos dedos e olhando para ele.
Ryan soltou um sorriso e balançou a cabeça, depois inclinou a cabeça para o lado e continuou girando o anel da família, sem olhar para o rosto. - E é melhor você ficar longe da minha namorada. -
Naquele momento Sam explodiu e eu não consegui contê-lo. Ela se jogou em Ryan e bateu as costas dele contra a parede, agarrando-o pela gola da camisa. Seu rosto estava tão próximo do de Ryan que pensei que ele fosse mordê-la. - Porque? - ele sibilou. - Porque se eu atrapalhasse você não poderia machucá-la como fez quando eu não estava lá? Porque se eu atrapalhasse você nem chegaria até a minha irmã como já fez? Ou porque você sabe que ele só está com você por causa de alguma má jogada ou chantagem sua e ele não sabe mais como sair dessa? - Ele o pressionou com mais força, fazendo-o tossir e corar e olhar para ele com tanto desgosto, ele nunca tinha visto Sam daquele jeito. Quando conhecemos Paul, houve pânico, não tanta raiva. - Ou talvez, agora que penso nisso, seja porque você sabe que mesmo ele estando com você, ele ainda pensa em mim? Porque ela nunca vai te amar como ela e eu nos amamos. -
- Do que você esta falando? - deixei escapar, afastando Sam e empurrando-o o suficiente para me colocar entre eles.
- Eu não gosto de você. - Sam gritou novamente, apontando para ele. - E mesmo que eu fique fora disso, você não deve ousar tocar na minha irmã nunca mais, nem mesmo tocar nela com um dedo, porque se eu descobrir, vou te encontrar e te fazer ir embora. . E o mesmo vale para Katherine. Você entendeu? -
Ryan olhou para ele, como se pudesse matá-lo com o olhar, mas sem sair de onde estava. - Você não sabe do que está falando, Samuel. - Ele respondeu. - Katherine não é mais problema seu, supere isso ou isso vai acabar mal, entendeu? Se você me achar ameaçador, talvez devesse calar a boca antes que eu corte sua língua, pequeno príncipe. -
- Quer me explicar do que diabos você está falando? - gritei para conseguir dominar os dois. Pelo canto do olho vi meu irmão e Amy na varanda do segundo andar, encostados na grade, observando a cena com ansiedade e preocupação. - Arthur, volte para o quarto agora. - levantei a voz para ser ouvido e, como imaginei, os dois meninos voltaram a entrar na sala.
"Pergunte ao seu irmão do que estou falando", Sam retrucou. - Já que temos que confiar nele. -