Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

1. Capítulo

Hope se sentiu humilhada. Como ela podia ser tão ruim? Ela nem merecia ser chamada de mãe. E por quê? Ela não parecia se importar com o peso dessa palavra. Tudo o que ela fez foi cuspir por toda parte.

-Eu odeio você, eu odeio você e eu odeio você! -repetia incessantemente. A mulher à sua frente olhava para ela como se quisesse matá-la. Seus olhos afiados já a estavam perfurando de uma forma que poderia subjugar qualquer pessoa. No entanto, ela não tinha medo dela, apenas sentia um ódio profundo. Agora ele estava vindo para lhe dizer que ela era uma inútil, que não servia para nada. Tudo isso o afetava; não havia limite para sua crueldade?

-Eu digo a mesma coisa. Você não deveria nem estar mais sob este teto. Você não é e nunca será minha filha", ele cuspiu, congelando a jovem. Por que ele disse que ela não era sua filha? Ela não entendia. Já estava perdida e chocada com o que estava dizendo. Por muito tempo, ela considerou essa mulher como sua mãe, mas agora ela a estava tratando de forma vil.

-Não é que eu tenha orgulho de tê-la como mãe. Você nem merece ser chamada assim", ele olhou profundamente para ela. A raiva havia tornado suas feições vermelhas e ele a olhava com um olhar implacável. Ele não conseguia evitar, estava começando a odiar essa personagem.

Em resposta, essa Marie sorriu e colocou as mãos nos quadris. Ela lhe lançou um olhar zombeteiro. Hope não entendia como ela estava - por que diabos ela estava tirando as garras para fora e sendo uma cadela agora?

-Você não entende nada. Você não é minha filha. Eu nunca a carreguei em meu ventre. Na verdade, você é minha sobrinha, mas nunca lhe contaram a verdade. Por sua causa, minha irmã morreu. Mesmo assim, eu estava disposto a acolhê-la e a cuidar de você. Mas durante todo esse tempo eu vivi vendo você como ela. Minha pobre irmãzinha deveria estar aqui, não você", disse ela sem filtro ou cautela, lançando uma bomba que deixou Hope atordoada. Ela não conseguia acreditar que tudo o que Marie havia dito era verdade.

Como não lhe contaram a verdade antes? Ela queria correr e procurar abrigo, mas agora não conseguia nem pensar direito. O que Marie havia lhe contado a deixou arrasada.

Saber da notícia não filtrada tocou seu coração e a deixou em estado de choque. Tudo isso a atingiu como um balde de água fria. Ela olhou para Marie enquanto tentava processar todas as informações que havia recebido. Parecia um pesadelo ou um sonho ruim.

Embora Marie nunca tivesse sido uma mulher má, agora que ela estava mostrando seu outro lado, a alma de Hope estava caindo aos seus pés. Esse motivo parecia doloroso, pois lhe dizia que a culpa pela morte da irmã era dela. Ela não sentia mais apenas raiva, mas também um grande desejo de chorar, como se fosse uma garotinha que precisasse de alguém ao seu lado para se sentir segura, braços para se apoiar e protegê-la. E ela ansiava por ouvir que tudo ficaria bem, embora parecesse que tudo estava tomando um rumo bestial e levando-a a um caminho completamente diferente daquele a que estava acostumada.

Ela não sabia como Marie havia escondido a verdade dela por tanto tempo, o que ela estava fazendo ou o que ela estava esperando para confessar a ela que não era sua filha. Ele havia esperado anos para lhe dizer isso, pois simplesmente não podia ser verdade. Sem se importar com o fato de Marie estar ali, ele se sentou no sofá mais próximo da sala e começou a chorar sem parar. Precisava tirar tudo de sua alma para se sentir melhor, pelo menos mais aliviado. Teria sido difícil para qualquer pessoa processar tudo aquilo. Era uma verdade, e não uma verdade qualquer, mas uma que explodiu e a deixou em ruínas.

Daquele momento em diante, ela começou a se sentir diferente. Ela não se conhecia mais, tudo parecia encenado e sua vida parecia uma paródia.

-Isso não é verdade, isso não é verdade", ela se recusava a aceitar. Sofria por saber que estava no meio de tudo aquilo, que era culpada pelo fato de alguém ter morrido? E não apenas alguém, mas sua mãe. Era pior do que levar um soco no estômago. Ela estava vivendo em uma mentira absurda todo esse tempo e, de alguma forma, sentia-se presa nela.

Ela cobriu o rosto com as palmas das mãos. Não conseguia parar de chorar. Seu coração se encheu de um mar de lágrimas que deve ter escorrido pelo seu rosto. Ela estava arrasada com a ideia de que a mulher à sua frente não era sua mãe verdadeira. Agora ela entendia a indiferença que, tolamente, havia ignorado durante toda a sua vida. Durante todo o tempo em que esteve perto de sua mãe, ela não percebeu ou simplesmente não se importou.

Depois de descobrir a verdade, ela agora parecia estar sob o mesmo teto que uma estranha. Seus olhos não viam mais aquela mulher como a mãe que um dia foi, apenas o reflexo de uma pessoa que a odiava e que não merecia nem uma fração do afeto que ela tinha por ela. Ao mesmo tempo, ela pensou em seu pai e o viu como um mentiroso. Ele nunca estava disposto a lhe contar a verdade, talvez por medo, vergonha ou qualquer outro motivo. Ele poderia nem mesmo ser seu verdadeiro pai biológico, a menos que sua tia não se importasse em manter o homem de sua irmã depois que ela perdeu a vida. Essa era outra pergunta que não parava de rondar sua cabeça, e ela ansiava por uma resposta. Agora que os segredos estavam sendo revelados, era hora de ela saber a resposta para essa pergunta também.

E, além disso, Marie, sua tia, ainda não havia terminado de contar tudo. Era apenas o começo de uma realidade que a esmagaria e a deixaria quebrada como nunca estivera antes. Nesse estado de desolação, Marie não se importou em continuar a contar o que havia acontecido, o que a deixou ainda mais impotente e culpada por um evento passado que provavelmente poderia ter sido evitado.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.