Capítulo 2
Capítulo 2
Vai até a cozinha fazer um café, assim que começa a beber o telefone vibra, ela olha a mensagem na tela.
"- Princesa, cheguei."
"- Estou tomando café, entra e toma comigo."
"- Certo."
Abre a porta para o amigo e se cumprimentam com um abraço e um beijo no rosto.
São amigos desde os 8 anos, passaram por muita coisa juntos.
Tomam um café reforçado antes de saírem, Lucas como será a viagem, onde irão passar até chegarem na fazenda, Érica escuta imaginando que seu dia será muito bom.
Ao saírem, Érica comenta sobre o carro novo dele:
- Por que esse carrão?
- É uma Toyota Hilux 4 x 4. As estradas são de terra, se atolamos, fica mais fácil de sair ou subir uma montanha, também trouxe corrente para colocar no pneu se necessário.
- Nossa, que homem prevenido - ela fala sorrindo.
- Aprendi com o melhor.
- Hum, e o melhor é o seu pai? — Pergunta sabendo a resposta.
- Sem dúvidas - responde devolvendo o sorriso.
Ela se endireitou no assento, coloca o cinto dizendo:
- Bom pai, bom filho e bom professor. No que mais seu pai é tão bom?
- Bom marido, bom fazendeiro, bom patrão, o cara é fera - diz sentando à frente do volante.
- Nossa, não vejo a hora de o conhecer.
Por um instante Lucas sente uma leve pontada de ciúmes, mas balança a cabeça deixando passar, afinal seu pai não namora moças jovens.
- Bom, disse que ele era um bom marido. Porque ele se separou da sua mãe então?
- Minha mãe era uma boa pessoa no início da relação, mas com o tempo começou a mudar e quando os pais dela faleceram começou a beber. Meu pai tentou ajudar, mas ela bebia cada vez mais, chegando a virar alcoólatra. Foi muito triste, vivia bêbada pelos cantos da casa eu era muito novo, mas me lembro muito bem.
- Meu Deus! — diz horrorizada, conhece a história do amigo mas não sabia dessa parte tão triste de sua vida.
- Papai, tentou levar ela para se tratar. Nunca dava certo e o casamento começou a se desgastar, na verdade já estava desgastado. Mamãe começou a sair com as amigas à noite e voltava ao amanhecer, nisso eles já não dormiam mais juntos. Meu pai cuidava de mim e da fazenda era difícil pra ele, fui várias vezes nas plantações e colheitas. Até o dia que chegou aos ouvidos dele, que ela o estava traindo. O pior de tudo, com vários homens. Pensa na tristeza do meu pai, um amor tão grande que eles tinham um pelo outro do nada virar isso.
- Que história incrível, estou chocada.
- Sim, meu pai foi conversar com o tio dela e logo mamãe saiu de casa e se divorciaram. Não foi assim fácil como estou falando, foi doloroso para todos nós.
- Coitado do seu pai. Ele namora?
Lucas sorri com gosto.
- Se namora? O cara virou um garanhão, pega todas que passa pela frente, já partiu vários corações. Não se apega a mais ninguém, o único amor dele foi minha mãe.
- Resolveu virar um canalha. Eu até entendo ele, mas com certeza as mulheres que ele saiu devem se apaixonar e ficam desiludidas — diz balançando a cabeça.
- Concordo com você, mas quem sou eu para aconselhar ele sobre isso. Deixa ele viver, quem sabe um dia isso muda?
- Quantos anos ele tem, já passou dos 50?
- Nada, ele é jovem. Parece mais meu irmão mais velho. Tenho 21 anos como você bem sabe e meu pai apenas 36.
- Sério? Nossa, ele teve você com 15 anos?
- Sim e minha mãe tinha 14. Aprontaram cedo, mas desde jovem meu pai tinha a cabeça desenvolvida e logo se casou.
- Taí, gostei da atitude dele.
Continuam conversando durante quase duas horas até saírem da rodovia.
- Você disse que seria estrada de terra, saímos da rodovia e ainda é asfaltado.
- Até a cidadezinha mais próxima é tudo asfaltado, quando sairmos dela é de terra.
Alguns quilômetros depois eles param na cidade.
- Por que paramos?
- Vou ver se meu pai precisa de algo da cidade.
- Por quê?
- Para ele não perder tempo vindo aqui. Afinal de contas estamos aqui.
- Hum, é verdade.
Ele liga para o pai, que atende quase em seguida.
- Sim, pai, já cheguei. Certo... Vai precisar do quê? Está tudo encomendado na agropecuária? Ãhn? Certo, pode deixar que eu pego tudo.
Após desligar, Lucas segue direto para a agropecuária e é atendido por Enzo, um dos garanhões da cidade.
- Olá, bom?
- Opa! Que bom que veio garoto Durant.
- Gosto da cidade grande, mas sinceramente a paz está em mim. Vim buscar as encomendas da fazenda Lírio do Vale.
- Sim, claro. Vou pegar.
Eles aguardam enquanto o atendente pega as sacas enormes de ração e milhos para o gado e o restante da encomenda.
- Agora entendi, porque você veio com esse carrão.
- Faltou apenas os animais, vou pegar, patrão. — fala o atendente.
- Que tipo de animais? — Érica pergunta curiosa.
- Galinhas, marrecos e codornas — Lucas responde.
- Seu pai encomendou um casal de avestruz, mas ainda vai demorar um pouco para chegar — diz o atendente olhando para a Érica com visível interesse.
- Não tem problema. Obrigado — agradece, mas sente um leve desconforto pela forma como ele olhou para Érica.
- De nada senhor, volte sempre — diz segurando a aba do chapéu e sorri para Érica.
Eles entram no carro e logo pegam a estrada de terra.
- Avestruz? Que medo, esse bicho corre atrás da gente — Érica diz tensa.
- Corre mesmo, mas não vai ter contato direto com as pessoas, ficam no pasto com os outros animais — Lucas explica.