3- Lua e edmon
Minutos depois.
Estou andando há um bom tempo, o clima está bom hoje: está fazendo um pouco de sol, as flores estão tão lindas, floridas, a grama bem verde, o cheiro então, nem se fala, amo sentir esse contato com a natureza.
Fico admirando o lugar. Começo a seguir a trilha que é de uma fazenda de uma amiga de minha mãe.
Chegando perto, vejo uma pessoa caída perto de uma árvore, usando um casaco preto. Ele está do outro lado da fazenda. Fico olhando de modo suspeito. Quem será?
Chego perto da tal pessoa.
Quando me aproximo, me agacho e toco na pessoa, ela não tem reação nenhuma.
Vejo que está de capuz, me atrevo a baixá-lo, faço isso com muito cuidado e vejo que é um rapaz, um homem na verdade.
Cabelos longos até a nuca de cor preta, seus olhos estão fechados, ele está suado, toco lentamente em seu pulso e sinto que ele está com a respiração irregular, bem lenta. Fico apavorada.
Começo a lhe chamar.
— Senhor? Está tudo bem?
Repito várias vezes e nada…
Céus e agora ??
Toco nele de novo e começo a olhar se ele tem vestígio de algum machucado, não vejo nada, não tenho coragem de ver sua barriga ou costas, seria invasor demais.
Mas crio coragem de algum modo e me agacho mais, levanto seus braços e os coloco em meus ombros, agarro sua cintura com força e consigo o levantar com certo esforço.
Rapidamente coloco suas mãos sobre meu pescoço. Com uma das mãos, seguro seus braços e com a outra seu quadril para ele não cair.
Ele é…. Pesado… nem sei como ainda não caí com ele.
Consigo olhar bem para seu rosto.
Ele aparenta ter mais de vinte anos, é bem mais velho que eu, e atraente, paro de pensar nisso e tento o chamar mais uma vez:
— Senhor? Por favor, acorde.
Imploro mais uma vez, esse Senhor deve estar doente, pode ter problemas do coração, eu não sei o que fazer.
Ele é pesado, não vou conseguir segurar por muito tempo.
Fico fitando-o e vejo que devagar ele abre os seus olhos.
Seus olhos são grandes e verdes... Igual ao do lobo que sempre vejo à noite.
Por um segundo um pavor me consome quando ele me olha intensamente, de um modo estranho, me intimida.
Levo um susto soltando o homem, me desequilibro e tombo para trás, mas ele me segura antes que minhas costas atinjam o chão. Ele me pegou rapidamente e me puxou para ele.
Nossas testas se tocam.
Estamos muito perto. Sua respiração está acelerada, eu consigo escutar o som do seu coração. Ou será que é o meu?
Nossos olhos não desgrudam uma vez sequer.
Olho para sua boca entreaberta, esse homem é misterioso e muita lindo. E tem um cheiro muito bom. Nunca estive perto de um homem assim, ele parece ser bem forte…
Continuamos a nos olhar, e pisco algumas vezes saindo do transe e me afasto dele.
Sinto seus braços me soltarem, até que enfim.
Recupero o fôlego e digo:
— Ehh. Você está bem? Você… estava desmaiado. Precisa de um médico?
Falo toda atrapalhada olhando para ele.
O homem me olha do mesmo modo, me deixando desconfortável.
Ele então arruma sua postura, limpa o suor de sua testa e de sua nuca, respira fundo e diz dando um leve sorriso.
— Obrigado por me ajudar moça, tenho um problema de saúde, não é nada grave, me sinto um pouco melhor. Só preciso tomar meus remédios quando chegar em casa. Eu moro ali. — Ele diz com a voz bem baixa, parece meio cansado.
Ele aponta para uma fazenda bem pequena à direita. Mesmo sua voz estando cansada, ele até parece estar bem, é super estranho encontrar um cara desmaiado assim, bom, eu achei.
Como alguém tão jovem como ele pode ter problemas de saúde?
Olho para seu lar e retorno a olhar o homem.
Sua voz rouca é sexy e grossa… não é tão estranha para mim, parece que já ouvi antes, mas… eu nunca vi esse homem desde que me entendo por gente, e já passei várias vezes aqui, mas nunca conheci ninguém que mora na fazenda dele. Enfim, isso é estranho, certo?
Paro de pensar nisso e o respondo:
— Ah, sim, bom, cuide-se, viu? Eu fiquei sem saber o que fazer, nunca passei por uma situação dessas. Você é novo aqui?
Sou ousada e faço a pergunta.
Ele sorri para mim, um sorriso lindo, admito.
Ele arruma seus cabelos lisos e diz:
— Me mudei há pouco tempo, era de outra cidade. Me desculpe se a preocupei. Bem, pode me chamar de Edmon. E você é?
Ele fica curioso, arrumo meu capuz escondendo minha face dizendo.
— Sou Lua, foi um prazer te conhecer. Sinta-se à vontade aqui. Bom, eu vou indo, tenho coisas para fazer em casa. Até mais.
Aceno para ele, assim que me viro escuto sua voz:
— A gente se vê, Lua. Obrigado pela ajuda.
Não consigo me virar para encará-lo, esse homem me faz sentir sensações estranhas como Déjà vu, mas nunca o vi antes, isso é mais estranho ainda.
Eu respondo ainda de costas.
— Não foi nada. E se cuide.
Digo começando a caminhar indo para minha casa.
Relaxo os ombros e sigo adiante sem olhar para trás.
Esse cara é bastante estranho, mas não tenho que me preocupar. Penso comigo mesma seguindo em direção a minha casa.
Caminhando até meu lar, fico respirando esse ar fresco e gostoso, fico pensando em como em esses oitos anos que se passaram foram ótimos, entre elas um mistério aconteceu, esse lobo que sempre vejo durante a noite, me pergunto, o que ele quer?
E esse homem que acabei de conhecer, ele é bastante misterioso, deve ser novo por aqui, tudo isso é bastante interessante, e como adoro mistérios e essas coisas, fico querendo descobrir.
Pareço louca, mas essa sou eu. Meu pai Frederick e Louris jamais poderão saber, como eles são preocupados e temem por esse lobo a anos, é melhor eu não contar a ninguém. Eu não acreditava no lobo da história, mas a partir do dia em que o vi quando era criança, passei a acreditar.
Penso comigo mesma caminhando mais rápido colocando as mãos no bolso da capa, penso confiante de que vou descobrir em breve sobre esse lobo e esse Edmon.