Prólogo
Gabriel Fernandes
Desde que me tornei adulto minha vida havia se tornado um fiasco, crescer era terrível, mas crescer sem uma mãe por perto era ainda pior. Meu pai deu a vida por mim e Emma abandonou seu cargo de chefe da pediatria para se dedicar a nossa criação e eu sou grato por cada esforço que ele fez, mas ainda assim não anula o espaço ou melhor buraco que dona Melissa Fernandes deixou ao partir. O garoto de 8 anos que um dia sonhou viver um romance igual ao dos pais e ter uma família foi engolido por um homem frio, solitário e arrogante, um homem obstinado por sua profissão e nada acima dela.
Quando vi as lágrimas escorrerem pelo rosto do meu pai assim que mamãe não voltou daquele hospital eu jurei nunca amar alguém em minha vida, afinal como poderia amar um ser humano e ele nos fazer sofrer dessa forma, era inadmissível para mim e continua sendo mesmo agora que tenho um pouco mais de consciência sobre os fatos. Hoje com trinta anos eu tornei minha profissão minha prioridade, afinal ela não me deixaria nunca e depende apenas de mim para ter sucesso e reconhecimento, tenho os meus casos passageiros e as doidas que acham que podem ter um relacionamento comigo e por isso meu endereço é privado e mulher nenhuma pisou em meu santuário pessoal, amo o prazer de ter a mulher que quero aos meus pés e defender alguns corruptos independente ou não da sua inocência.
- Gabriel - Gritou Isabela assim que estoquei mas forte a preenchendo
Sai de dentro daquela mulher em direção ao banheiro, precisava tirar o cheiro dela do meu corpo e assim que saí do banheiro ela estava deitada me esperando. Olhei o corpo que me satisfez por alguns segundos e por fim me vesti o mais rápido que consegui a fim de sair logo daquele local.
- Deveria passar a noite comigo - Disse ela tentando me seduzir a voltar para a cama e eu me esquivei
- Não fode porra - respondi abotoando os últimos botões da minha camisa - Preciso ir
- Podemos sair amanhã? - insistiu e eu neguei a ignorando
- Você sabe que é só uma foda Bela - bradei já me irritando com a situação - Sempre deixei claro para não esperar mais que isso de mim
- Mas você sempre volta Gabe - rebateu sentando-se sem a menor insinuação de cobrir o corpo nu
- Você sabe que gosto de te foder - disse e uma magoa surgiu em seus olhos
- É apenas para isso que eu sirvo? - perguntou com pesar e eu assenti
- Sempre foi apenas isso, nunca prometi relacionamento ou ser carinhoso - relembrei e ela fez um bico chateada - sem essa carinha gata - falei e ela me olhou feio
- Não quero viver assim Gabriel - disse e eu sorri irritado
- Então acabamos por aqui - disse e ela pareceu surpresa, a mulher achou que depois de algumas noites poderia simplesmente me dizer o que fazer e ter um relacionamento comigo.
- Eu não vou voltar se você sair por essa porta - anunciou quando me viu segurar a maçaneta e eu sorri com tamanha audácia
- Encontrarei outra para colocar no seu lugar - respondi e me virei para olha-la tão vulnerável naquele momento - Não vai ser difícil - pisquei e vi um vaso ser arremessado
- Você é um grande filho da mãe Gabriel Fernandes - gritou furiosa e eu sorri fechando a porta atrás de mim, deixando a garota furiosa para trás sem pensar duas vezes.
Apesar de ser um bom conquistador e ter aos meus pés a mulher que eu quisesse, sexo fácil e sem apego era o que mais me interessava, odiava ter que iludir uma idiota qualquer e depois ter que me livrar dela, geralmente as garotas das baladas queriam mais que uma noite e as minhas garotas aceitavam o que eu oferecia a elas, sexo e dinheiro. E foi assim que construí minha lista de garotas, nela havia as melhores garotas, desde modelos, juízas, cantoras e tudo o que eu queria. Fui direto pra casa e provavelmente passaria a noite trabalhando em algum caso enquanto enchia a cara até perto do sol nascer, minha rotina era de noites mal dormidas e muita cafeína sempre que havia um processo grande a se resolver, eu amo o meu trabalho, mas odeio ter que ficar longe da minha família para protegê-los. Minha vida vivia no automático desde que comecei a me importar apenas com trabalho achando que ele solucionaria o vazio que havia em mim, assim que deixei de ser o filhinho do papai por não escolher a medicina e sim o direito, comecei a dar duro para ser “Gabriel Fernandes, o poderoso tubarão criminalista”, adoro ser o centro das atenções dos jornais e com isso coleciono uma lista de pessoas que me odiavam algumas por não serem tão boas quanto eu, outras por terem parado na cadeia por minha causa, algumas recusei representar, e por fim algumas mulheres carentes e maridos furiosos prontos para me matarem.