Prólogo
Minha cabeça está girando sem parar, eu realmente não sei o que fazer nessa situação. Olho novamente para meu filho aninhado em meus braços e penso o quanto Margareth está sofrendo. O melhor médico está cuidando dela. Não era para ser assim, era para ser um dia feliz, um dia glorioso. O nascimento de Otávio, tão aguardado e amado.
— Senhor — a parteira me chamou e entreguei Otávio para minha mãe segurar.
Entrei no quarto sem fazer barulho algum, eu não queria assustá-la. Margareth estava mais branca que o normal, seus olhos mal se abriam, mas ela sorriu a meu ver e eu tive um fio de esperança de que tudo ficaria bem.
— Onde ele está?
— Otávio?
— Sim, quero ver meu bebê — ela falou e pedi para a parteira ir buscá-lo.
Nosso filho estava enrolado no cueiro branco que ela tinha mandado fazer com todo o cuidado do mundo. Sua pele era macia e da mesma cor que a da mãe. Não havia quase cabelos e eu poderia apostar com quem quisesse que ele seria tão ruivo quanto ela.
— Ele é tão lindo — ela sorriu segurando-o da forma que podia.
— Ele é perfeito, meu amor — ela olhou para ele por um tempo contemplando a beleza que Deus acabava de nos dar.
— Antônio, me prometa uma coisa — olhei sério para ela, esperando o que poderia sair.
— Qualquer coisa, querida, é só falar — vi que seus braços começavam a pender com o peso de Otávio e o peguei de seus braços e entreguei para a parteira.
— Me prometa que se eu morrer, você nunca mais irá se casar — me assustei com seu pedido — Prometa Antônio, por favor! — seus olhos se encheram de lágrimas.
— Você não vai morrer — falei mais rápido que pude — Você está sendo bem cuidada.
— Eu só quero que você prometa — ela apertou meus dedos com as poucas forças que tinha — Eu não quero que nosso filho seja maltratado por mulher nenhuma — minha cabeça estava dando voltas, eu não conseguia me ver em um futuro sem ela. — Prometa Antônio que serão apenas vocês dois.
— Mas porque está falando essas coisas, deve estar delirando — olhei para a parteira que embalava meu filho e depois para o médico e nenhum dos dois sustentou meu olhar por muito tempo.
Então era isso, era o fim para ela, o fim das nossas vidas juntas, de ver crescer o fruto do nosso amor.
— Não quero que desista de viver querida, quero que continue lutando por nós.
— Mas eu não tenho mais forças — e eu podia sentir a vida se esvaindo dela da mesma forma que a mancha de sangue aumentava em nossa cama.
— Tem sim, você é a mulher mais forte que eu conheço.
— Prometa Antônio, eu só irei em paz quando você me prometer isso. Me diga que nunca irá deixar ninguém separar você do nosso filho. Que ninguém tomará o meu lugar em sua vida. — Eu sentia que ela estava indo. Sua voz estava mais fraca a cada frase.
— Eu prometo!