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4

Nessa noite, quando Lord regressou à manada, reinava um silêncio quase doloroso na sua casa. Normalmente, àquela hora, a sua companheira estaria a andar ansiosamente à espera que ele voltasse, querendo contar-lhe o que tinha feito durante o dia e que ele lhe contasse o que tinha feito. Não era esse o caso.

O alfa deitou a cabeça para trás e suspirou. Estava cansado. Amanhã pensaria nisso e em como falar com a sua companheira. Agora só precisava de um banho e de umas boas horas de sono. Tinham visto outros caçadores, mesmo depois de pensarem que tinham ido para longe, e a situação estava tensa. Como alfa, tinha de garantir a segurança da sua alcateia.

Tomou um banho rápido e secou o cabelo. Sabia que Luna estava em casa porque o cheiro dela vinha do seu quarto. A rapariga dormia sempre na cama ao lado dele, mesmo quando discutiam. Ela tinha-lhe confessado que não conseguia adormecer se não sentisse o cheiro dele. Ela imaginava-o, afinal era o seu companheiro.

Vestida com um simples par de calças e uma toalha ao pescoço, entra no quarto e não se engana. Deitada num canto da cama, estava Luna. Apenas se via um pouco da sua cabeça a sair da colcha fofa.

Lord não a acordou, sabia pela sua respiração que ela estava a dormir e, além disso... tinha a almofada dele nos braços. Para compensar, não teve outra hipótese senão colocar o braço por baixo da cabeça dela. O seu corpo enrijeceu-se quando se deitou completamente. Estava cansado. Precisava de dormir para poder pensar melhor. As suas pálpebras pesadas fecham-se sozinhas.

Amanhã ele iria resolver as coisas com o seu companheiro. Sim, ele resolveria.

...foi a meio da noite que Lord sentiu um peso anormal na barriga. Não era normal, embora com os seus sentidos desenvolvidos, por mais cansado que estivesse, não detectavam outro cheiro que não fosse o dele e o da sua companheira. Depois, algo roçou na sua bochecha. Com um movimento rápido, agarrou o que quer que o tivesse tocado e ouviu um gemido.

Os seus olhos abriram-se com a voz familiar, mas não ao mesmo tempo. O que ele viu surpreendeu-o realmente.

Está a magoar-me, Senhor- Lara fez-lhe um beicinho, mas não o beicinho simples que a menina marota que vivia com ele lhe teria feito. O que o lobo tinha sentado em cima dele era tudo menos uma criança.

O luar que entrava pela janela iluminava o corpo jovem, magro e esguio de uma Luna vários anos mais velha. E ela olhava-o com olhos que o faziam tremer.

Mas que raio- o lobo sentou-se nos cotovelos depois de a soltar, ainda sem acreditar no que via.

Luna estava agora completamente diferente. Os lábios mais cheios, as bochechas mais coradas, o cabelo comprido caindo solto e desgrenhado sobre os ombros nus, as pestanas compridas emoldurando um olhar mais maduro. E o seu corpo esbelto, mas com curvas cobertas apenas por um vestido fino e curto que lhe deixava as coxas à mostra e que Lord sabia que poderia facilmente rasgar com as suas presas.

-Que tipo de jogo é este? Algo não deve estar bem. Ele tinha a certeza de que a sua companheira ainda era uma criança e que dormia ao seu lado, mas esse lado da cama estava vazio de momento e, além disso, o resto do quarto estava confuso.

-Porque é que estás a desviar o olhar de mim?- Luna ergueu uma sobrancelha e uma das suas mãos percorreu o peito nu dele até ao abdómen cheio de cicatrizes: -Não gostaste assim.

Dizer isso ao lobo que estava em abstinência total, esperando respeitosamente que a sua companheira atingisse a maioridade para a tornar sua, era quase apunhalá-la pelas costas.

-Tenho de provar se gosto ou não?

Um sorriso de satisfação surgiu agora nos lábios de Luna enquanto ela avançava. Uma das alças finas da sua roupa escorregou para a frente, expondo o início do vale de um dos seus seios.

-Gostava de o fazer- roçou os lábios no pescoço do alfa.

Lord engoliu em seco, fechando os olhos por um momento enquanto um delicioso arrepio percorria o seu corpo. Só podia estar certo se estivesse.

-Estou a sonhar?- perguntou ela, enquanto Luna lhe percorria a face com um rasto de beijos.

-Pode ser. Mas tenho de parar de pensar nisso e aproveitar a oportunidade.

Lord abriu bem os olhos e uma das suas mãos agarrou os cabelos da nuca dela e puxou para trás o que não pretendia magoá-la. Ela soltou um gemido baixo e os seus olhares cruzaram-se.

Não gosto que brinquem comigo- avisou-a e depois passou a língua pelo seu pescoço arqueado, provando o sabor da sua companheira. O corpo dela moveu-se por vontade própria.

-Não estou a brincar- disse ela, com um pequeno bufo na garganta, e foi o que bastou para que a linha entre a razão e a sanidade do lobo se rompesse.

Num movimento rápido, tinha-a debaixo do seu corpo e ele em cima dela, entre as suas pernas. A sua boca tomou imediatamente a dela, saboreando os seus lábios ao contacto que se revelou selvagem. Beijou, chupou e mordeu a boca da sua companheira como se tivesse sede dela. As suas presas raspavam a pele sensível, sentindo-a gemer debaixo dele, o que só aumentava a fricção e o seu desejo por ela. A língua dele deslizava para dentro da cavidade dela, procurando a sua para se emaranhar e brincar com ela, sabendo que nunca se iria fartar dela.

Uma das suas mãos percorria a pele quente do seu companheiro. Cada toque, cada carícia parecia estar na glória. Ele não se importava que fosse um sonho, uma ilusão, ele só precisava de desfrutar daquele momento. Que a sua fome crua fosse saciada. Mas a felicidade para ele não durou muito.

Em breve o calor que o acompanhava desapareceu juntamente com o sabor da sua companheira e, quando voltou a si, encontrava-se na cama com as mãos vazias à sua frente e o sol da manhã a bater-lhe na cara.

Sentou-se de repente, com o corpo encharcado de suor, e sabia o que tinha nas calças. Raios, o que é que tinha sido aquilo? Passou a mão pela cara. Tinha sido rápido, mas ele ainda conseguia sentir o peso do seu companheiro sobre ele, bem como o seu calor e sabor.

E tinha sido apenas um sonho. Mas se tinha chegado a esse ponto, isso só indicava uma coisa. O seu cio estava próximo e isso não era uma coisa boa.

Imerso nos seus pensamentos e preocupações, sentiu a cama ao seu lado mexer-se e apareceu uma pequena cabeça com cabelos muito mais curtos do que a que estava a invadir os seus pensamentos naquele momento.

-Luna esfregou os olhos, meio sonolenta.

O lobo cerrou os maxilares. Depois do acontecimento e no estado em que se encontrava, não queria que ela o visse assim. É por isso que ele não controla a força com que fala.

-Foi um grunhido que lhe saiu dos lábios.

Luna ficou tão rígida e pálida que os seus lábios tremeram, um tremor que se espalhou por todo o seu corpo. Os seus olhos encheram-se de lágrimas. Era a segunda vez que o lobo lhe gritava e desta vez tinha sido pior do que a primeira e ela não sabia porquê. As lágrimas corriam-lhe pelas faces antes de se levantar da cama e fugir a soluçar.

Lord de praguejou e cerrou os maxilares com tanta força que as presas lhe magoaram as gengivas e os lábios. Franziu o sobrolho. Que manhã estava a ter e, ainda por cima, teria rosnado à sua companheira sem que ela desse por isso. Desta vez seria difícil convencer a rapariga a fazer os passes de novo.

Tinha de ir atrás dela, quanto mais demorasse, pior seria, e detestava tê-la feito chorar. Por isso, respirou fundo, numa tentativa de se acalmar. No entanto, o seu beta entrou a correr no quarto. Lord pensou que tinha acontecido alguma coisa ao seu companheiro e ficou alarmado.

-Alfa, alfa - suspirou o beta - temos problemas. Os caçadores estão de volta.

Lord grunhiu. Parecia que Luna teria de esperar um pouco mais,

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