Capítulo 3 Eu Deveria Casar-me Com Você
Depois de trocar de roupa, Natália saiu e olhou para o provador ao lado de novo, a porta já estava fechada.
- Combina muito com o seu estilo.
A atendente teve bem gosto. Bastava um olhar para a cliente e já sabia escolher a peça ideal. O vestido azul claro destacou sua clara pele e a amarração na cintura ressaltava ainda mais sua cintura fina, talvez até fina demais, mas seus traços eram muito delicados.
Santiago parecia satisfeito, em seguida foi pagar pela roupa. Só no momento de pagamento viu que o preço era mais de 6 mil, mas valeria a pena já que serviria para conhecer a família Marchetti. Rangeu os dentes enquanto pagava.
- Vamos.
Natália já havia visto sua rispidez antes, mas mesmo assim a frieza em sua voz ainda a magoava.
Ela abaixou a cabeça e o seguiu para o carro.
Logo o carro parou em frente ao portão da residência de família Ribeiro.
O motorista abriu a porta para Santiago, logo saiu e Natália o seguiu.
Em frente à casa, ela ficou em transe por alguns segundos. Quando ela e sua mãe passavam por um péssimo momento por causa da doença de Nicolas, seu pai e a amante estavam felizes vivendo e se divertindo nesta mansão.
Suas mãos estavam rígidas de raiva.
- Por que parou aí? - Santiago não sentiu ninguém o seguindo e, quando olhou para trás, viu sua filha em pé em frente à porta.
Natália logo o seguiu pela casa. Uma empregada informou que o pessoal da família Marchetti ainda não tinha chegado, então Santiago pediu que ela esperasse na sala de estar.
Perto de uma janela bem alta, ficava um piano Seidel, fabricado na Alemanha. Era muito caro, comprado para ela por sua mãe em seu quinto aniversário.
Ela amava o piano desde pequena e começou a aprender a tocar aos quatro anos e meio, mas ela nunca mais tocou depois de ter sido mandada embora.
Ela não conseguiu evitar tocá-lo, alegre com a lembrança.
Ela passou o dedo indicador pelas teclas e as pressionou, tocando uma nota nítida e ressonante. Seus dedos estavam muito mais rígidos porque ela não tocava há muito tempo.
- Quem deixou você tocar minhas coisas?! - Uma voz claramente irritada soou atrás dela.
Suas coisas?
Natália virou-se e viu Larissa Ribeiro atrás dela, furiosa. Lembrou que ela era um ano mais nova, com idade de dezessete. Herdou os méritos de Fátima Lima, além de muito bonita.
Mas quando sentia raiva, era horrorosa.
- Seu piano?
Elas acabaram com o casamento da mãe, gozaram o dinheiro, até o presente que recebera de sua mãe se tornou dela?
Natália lentamente cerrou seus punhos e disse a si mesma várias vezes que devia se controlar, e não se precipitar, porque agora ela não seria capaz de pegar de volta o que pertencia a ela.
Ela deveria resistir!
Ela não era mais a menininha que foi mandada embora por seu pai há oito anos e só chorava. Agora ela cresceu!
- Você que é a Natália Ribeiro?! - Larissa reagiu, hoje foi o dia em que a família Marchetti veio e o pai buscou a ex-esposa e filha dela de volta para país.
Larissa ainda lembrou que quando Santiago enviou Natália para exterior, Natália ajoelhou-se e abraçou as pernas de Santiago, implorando-o para que não a mandasse embora.
- Ficou muito feliz por retorno, não ficou? - Larissa dobrou os braços a volta do peito, olhando para ela com desprezo.
- Não se entusiasme. Pai quer que você volte somente para casar com Jorge Marchetti. Dizem que aquele homem...
Falando, Larissa desatou um sorriso malicioso.
Ocorreu a ela que Natália se casaria com uma pessoa que era impotente nem conseguia andar.
O casamento é um evento ímpar, o que seria de sua vida se casando com um homem desses?
Natália franziu as sobrancelhas.
Em seguida, uma empregada anunciou:
- Sr. Jorge Marchetti chegou.
Santiago recebeu-o pessoalmente na porta.
Natália virou-se e viu um homem em uma cadeira de rodas sendo empurrado para dentro. Tinha características marcantes, boa aparência, além de imponente.
Não era o homem que ela viu no provador, flertando com uma mulher?
Seria ele mesmo o jovem mestre da família Marchetti?
Mas no provador, ela claramente viu que ele era capaz de se levantar, e também abraçou a mulher, não havia visto problema nenhum em suas pernas.
O que aconteceu?
Ela não tinha entendido por que este homem fingia ter uma deficiência quando Santiago a chamou:
- Natália, venha logo, este é Sr. Jorge Marchetti.
Santiago se curvava, até sua postura demonstrava bajular aquela presença imponente:
- Sr. Jorge, esta é Nati.
Santiago lamentou profundamente que ele era tão digno mas havia ficado paralisado desta forma.
O olhar de Jorge pousou sobre Natália. Era uma garota jovem, bastante magra, parecia desnutrida. A expressão do Jorge era bastante séria.
Este é o casamento arranjado por sua mãe, que faleceu. Como um bom filho ele não pôde quebrar o acordo. Por isso espalhou a notícia que se alimentou fruta venenosa enquanto viajava e que ficou paralisado e impotente, para que a família Ribeiro desistir de tudo.
Ele não esperava que a família Ribeiro não rescindiu o casamento.
Jorge, em silêncio, aparentava não estar satisfeito. Santiago, que percebeu seu descontentamento, logo explicou:
- Ela ainda é pequena, acabou de fazer dezoito, logo que ficar mais madura ficará mais bonita.
Jorge zombou no coração, não viu a beleza mas viu algo incomum, que o pai queria que a filha se casasse com um aleijado.
Com uma expressão de frieza, a tristeza em seus lábios exclamou:
- Fui ferido enquanto viajava ao exterior ao trabalho. Temo não pisar mais no chão com minhas pernas, e eu não poderei executar os deveres como marido.
- Não me importo - Natália respondeu de imediato.
Santiago prometeu-lhe que devolveria o dote de sua mãe assim que se casasse com Jorge. Mesmo se casasse no primeiro dia e se divorciasse no segundo, ela concordaria.
Depois de ligar os pontos, Natália entendeu tudo. Obviamente ele podia se levantar, mas veio à casa Ribeiro em uma cadeira de rodas. Jorge não queria cumprir o acordo provavelmente por causa daquela mulher, e queria que a família Ribeiro cancelasse o casamento.
O que ele não esperava era que Santiago estaria disposto a sacrificar sua filha menos amável para confirmar o noivado.
Jorge olhou para ela, apertando os olhos.
Natália sentiu um calafrio perante seu olhar. Amargurada, seria que ela decidiu em se casar com a Jorge Marchetti por sua vontade?
De que outra forma ela poderia retornar ao seu país e recuperar o que ela tinha perdido se não o fizesse?
Ela fez um sorriso relutante, apenas ela sabia a amargura e o sofrimento.
- Nosso casamento foi arranjado desde crianças, não importa o que o Sr. se tornou, eu devo me casar com o Sr.
Jorge a olhou com ainda mais atenção, não esperava que ela falou muito bem.
Santiago não achou nada estranho, perguntou:
- Sobre a data do casamento?
A cara de Jorge mudou num instante, mas logo ficou calmo e respondeu:
- Claro, este é o acordo, organizado pelas duas famílias há muito tempo, não há como quebrá-lo.
Natália olhou para baixo, não conseguia olhar para ele neste momento. Era óbvio que ele estava igualmente insatisfeito com este arranjamento.
Somente concordou pois era o acordo.
- Ótimo. - Santiago se alegrou. Seria ótimo unir-se com a família Marchetti como parentes usando uma filha que não era valorizada.
Embora a família Ribeiro também estivesse rica, não era nada em comparação com a família Marchetti. Não, na verdade, a diferença entre as duas famílias é da água para o vinho.
A comparação não era justa!
Santiago se inclinou e disse em uma voz baixa:
- O jantar está pronto, fique aqui e janta conosco.
Jorge franziu, odiou esta atitude lisonjeada que Santiago demonstrava o tempo todo.
- Não será necessário, estou muito ocupado hoje - Jorge recusou. Quando Lucas o levou para fora e passou por Natália, Jorge sinalizou para o assistente parar, disse:
- A Sra. Natália está disponível?