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Em busca de vingança

Lucca

Recuso ser escoltado por meus guarda costas. Eu acendo um cigarro e caminho lentamente seguindo o alvo dos meus desejos. Eu aperto o passo para não a perder de vista. Ela parece estar angustiada com algo, sempre olhando à sua volta, eu mantenho distância para não ser notado. Alheia a minha presença, ela entrou em lojas caras comprando algumas coisas, mas não parece estar feliz com suas aquisições.

Ela vira à esquerda e passa por uma rua quase deserta. Caminha até o terraço do pequeno restaurante, coloca suas compras em uma das cadeiras e lentamente se senta em outra. Diminuo meus passos, estudando o que farei a seguir. Eu caminho até o terraço, passo por trás dela e resolvo me sentar na última mesa ao fundo. Mantenho meu olhar nela o tempo todo.

O garçom pega o pedido dela e vem até mim, peço um "macchiato longo." Café grande com um pouco de leite. Eu poderia beber algo forte, mas já estou bastante agitado com a visão dela. Não consigo parar de observá-la, Leona minha paixão da adolescência, sempre nos pensamentos.

Puxo outro cigarro do bolso do casaco, acendo e dou um trago soltando a fumaça lentamente no ar frio e daquela tarde cinzenta de Paris.

Eu não devia estar aqui! Aliás, nem sei por que estou aqui hipnotizado observando-a. Ela nem sabe da minha existência, uma única vez ela olhou em meus olhos diretamente e eu sabia que ela jamais poderia ser minha.

Afinal, ela foi uma paixão platônica da adolescência. Eu nunca disse meu nome para ela, nunca tentei de verdade me apresentar. Mas eu sempre soube tudo dela. Não importa o que eu fizesse meu caminho sempre se cruzava com o dela, mas ela sempre estava alheia a minha presença.

Talvez no passado, eu poderia ter tido a chance de ter algo com ela, e eu tenho uma maldita vingança para realizar. Agora é tarde demais, sou um boss da Máfia italiana, a diversão me acompanha, mulheres fazem fila para saírem comigo.

E eu entendo todas virem atrás de mim, mesmo eu não me envolvendo emocionalmente com nenhuma delas! Além de ser modéstia parte bom em dar prazer, posso proporcionar uma bela vida financeira e social.

Eu, além de poder, tinha uma vasta coleção de belos carros. Muito dinheiro para viagens exóticas e alucinantes, tanto quanto a cocaína mais potente que vendíamos.

O que me que falta é a porra de um coração! Não escolhi ser assim! Minha posição, minha família, as coisas aconteceram e teve que ser assim. Estou cansado da violência desde que perdi meu pai e meu irmão Francesco! Mas não é fácil sair de tudo isto sem se colidir com as consequências. A máfia não perdoa!

Estou administrando negócios fora de tudo isto e estou me saindo muito bem, transformando meu império em algo "legal". Eu ainda estou lutando para encontrar um jeito de deixar tudo de ilegal e proteger minha família. Mas primeiro tenho que me vingar dos malditos que mataram meu irmão mais velho na frente das minhas sobrinhas. Elas agora vivem escondidas sob a proteção de gente da minha confiança em outro país.

Eu estudo Leona, ela continua linda. A vi se transformar durante todos estes anos, do corpo de menina ao corpo de mulher. E agora ela estava realmente deslumbrante, cheia de curvas sinuosas e com seus longos cabelos soltos em suas costas. Eu daria tudo para me aproximar, para falar com ela, para poder conseguir uma chance sequer de um encontro.

Bebo meu café e a observo falar ao telefone. Não consigo entender o que ela diz. Droga! Estou muito longe! Em questão de segundos ela desliga o telefone. Quando tenta colocá-lo na bolsa, ainda com as mãos trêmulas, ela o deixa cair no chão, se abaixa e o pega em seguida.

Ela está visivelmente nervosa. Ela deixa o dinheiro na mesa, pega suas coisas e sai apressada. Eu espero uns segundos. Jogo o dinheiro na minha mesa e saio rapidamente, algo me diz para continuar a seguindo.

A neve começa a cair lentamente. Ela caminha apressada, mas em um momento ela cessa seus passos como se tivesse visto algo, seu olhar está fixo, logo abaixo nas escadas do fim da rua.

Eu me afasto e me escondo atrás de uma coluna, mas ainda posso vê-la. Ela continua parada enquanto a neve cai intensamente. Ela petrificada, continua à espera de alguém.

Alguns segundos e ali está ele! Dimitry! Bastardo! Eu já sabia que ela estava casada com ele, coisa que nunca pude entender como aconteceu. Mas soube que ela tinha ido embora dele, se separado, que ele tinha deixado ela ir, mas ele provavelmente estava procurando por ela. Me surpreendeu ver Leona pelas ruas de Paris, por isto fiz meu motorista parar e a segui até aqui.

Ele está falando com ela e ela não se move. Algo me diz que isto não acabará bem. Eu não desvio meu olhar da cena, tiro o celular do meu casaco e faço uma mensagem mandando minha localização exata para Pietro, meu braço direito. Seria questão de minutos, pois eles estavam perto de mim, esperando minhas ordens caso eu precisasse.

Leona e Dimitry discutem, mas não tenho a possibilidade de ouvir tudo, consigo compreender apenas a informação de que ele a localizou através do celular, que usou seu sistema de rastreio de chips. Ela tenta se virar e ele a pega pelo braço. Ali entendo que ela tinha fugido deste bastardo, provavelmente ela conseguiu algum tipo de proteção, ninguém escapa da máfia russa assim. Ou ela era muito corajosa ou inocente demais para entender que mesmo comprando sempre novos chips seria questão de tempo até encontrar ela. Ela precisava de documentos para ativá-los e provavelmente usou os verdadeiros, facilitando ser descoberta.

A briga continua, a neve cai forte agora, em um momento ele desfere um soco nela e ela se defende, mas perde o equilíbrio. Ele, ao invés de segurá-la, a golpeia novamente, mas desta vez ele a acerta com muito mais força. Ela cai e não se move. Eu aperto meus punhos. Mas tenho que esperar a hora certa para agir.

Fora uma feliz coincidência encontrar ele aqui e os motivos para acabar com ele aumentavam a cada segundo. Eu sabia que ele tinha algo com os espanhóis e com certeza tinha as mãos sujas do sangue do meu irmão Francesco.

Eu ligo rapidamente para apressar os meus homens, alertando sobre a presença dos russos. A adrenalina estava explodindo em mim, nem a mais potente das drogas me causaria tanto efeito quanto o ódio que em mim crescia ao ver aquele filho da puta do Dimitry, vulgo Russo, machucar Leona.

O observo lentamente verificar se ela está viva. Ele tem a porra de um sorriso sádico no rosto quando chuta seu corpo inerte. Debaixo dos grossos flocos de neve vejo as luzes de farol se aproximarem dele. Alguns dos seus capangas descem do carro, ele entra tranquilamente no banco da frente, a ignorando, jogada no chão coberto pela neve.

Pego a minha arma no coldre. Respiro pesadamente. A minha vontade de atirar e desencadear um inferno aqui mesmo, se torna convidativa, mas tenho que pensar! Tenho que manter a calma para ir até o fim.

Os seguranças dele se aproximam dela e colocam-na no carro, eles entram em seguida, olhando em volta. Eu me escondo. Escuto o barulho de um carro se aproximando atrás de mim ao mesmo momento que os russos partem acelerando. Eu salto para dentro da Roover de Pietro e conferindo as balas da minha pistola ordeno:

- Siga os russos! O inferno está próximo, mas eles não entrarão lá se o diabo aqui não chegar para conduzi-los para queimarem nas chamas!

Pietro apenas sorri e acelera. 

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