Capítulo 156
-Veio te procurar uma garota que está pronta para te comer inteiro... como faz isso, maldito...? Passa na mamadeira né...? Ou você está carregando cabelo de coiote...? Eu sei, você dá a eles uma boa dor de cabeça...
-Ah, não seja palhaço, esse carnalillo... -Alexis respondeu, dando-lhe um tapinha na cabeça- O que aquele jainita disse...? ele perguntou sem imaginar quem era.
-Bem, ele disse... conta pras Mamães, que a Rosa veio procurá-lo, porque a Maricela precisa vê-lo com urgência... ele me deu uns ferros e aí aquela bunda grande que caramba foi mexendo... a moça olha bom...
Ao ouvir essas palavras, Alexis ficou inquieto, o que a senhora iria querer? Procurou algumas moedas no bolso da calça e as ofereceu a Cheo.
-Nel... melhor me ensinar uns passos de dança... né... esse?
-Você vai... abra bem os ilhós para pegar o movimento...
Alexis moveu os pés de forma estética, cruzou-os, virou-se e depois repetiu o primeiro movimento, Cheo viu e começou a se mover tentando imitá-lo.
-Pratique para que você acerte... aqui estamos nós...
Sem esperar resposta, dirigiu-se a San Juan de Letrán, aquela mensagem o deixou inquieto, porque Maricela o havia mandado chamar com Rosa, era porque ela precisava dele, então caminhando sem pressa chegou ao prédio dos correios e procurou nas sombras até quem a viu
-Aqui estou... patrinho... para que eu sirvo...?
-Pelo que você propõe e você sabe disso melhor do que ninguém... -disse o fantasma do correio, sem sair das sombras e fumando o charuto entre os lábios.
-Bem, sim... Acho que sim... bem... Do que você precisa...?
-Um favor... sem muitas perguntas...
-O que eu quiser... quem eu tenho que matar...?
-Ainda não sei... embora espero que ninguém... vou te contar uma história, não me interrompa até eu terminar, então... veremos... o que vem a seguir ... ou o que vier a sua mente...
Tudo começou com um conhecido cirurgião do Hospital Geral, Alberto Flores, 40 anos, casado, com dois filhos, trabalhador, bom no que faz e melhor amigo das pessoas, além de muito direto e leal, bem , acontece que uma noite, ele foi a um congresso médico, aqui mesmo na cidade.
Ao final da reunião com os colegas, resolveu tomar um drink, então foi ao bar do hotel Reforma, daqueles bem elegantes. Ele estava terminando sua bebida quando Yolanda, uma bela mulher, de cerca de 30 anos, morena, com bom corpo, cabelos curtos e bem penteados, maquiada, elegantemente vestida, aproximou-se de sua mesa e…
-Posso me sentar com você-? -perguntou com um gesto embaraçado- é que quando veem uma mulher sozinha em um bar começam a pensar mal dela e...
-Não se preocupe... pode sentar... não tem problema...
Eles começaram a conversar enquanto bebiam dois drinques, ela flertava com ele discretamente, e ele se sentia como raramente, nunca havia imaginado que uma mulher como a que agora tinha à sua frente pudesse gostar dele.
E foi assim que uma coisa foi levando a outra, até que eles se beijaram umas duas vezes antes dela convidá-lo para ir a sua casa, na rua do Jalapa no bairro Roma, o médico achou que oportunidades assim não aparecem. vida… ele decidiu ser ousado e ter uma aventura apaixonante e foi com ela.
Ao chegar à casa em questão, Yolanda ofereceu-lhe mais uma bebida e beberam sentados na sala, foram mais beijos, carícias até que no final decidiram ir para o quarto onde se entregaram à paixão.
Quando estavam no auge do momento e a união estava prestes a ser consumada, a porta do quarto foi escancarada e um homem furioso, empunhando uma pistola, entrou gritando:
-O que diabos é isso…!
-Julho…! Meu marido…! ela gritou, empurrando o nu Alberto para o lado.
-Cadela infeliz…! Você me engana com essa porcaria…! - gritou o ofendido
-N-não... espera... não é o que parece... você está confuso... eu só... - o médico tentou explicar, vendo a arma que segurava na mão direita de forma ameaçadora.
Julio, o marido enganado, não parou, foi até Alberto, e deu-lhe uma forte pancada na têmpora com o cano da arma, que o deixou atordoado e sua testa sangrou, o médico se sentiu confuso e não sabia o que fazer .
A mulher tentou defendê-lo puxando o marido pelos cabelos, o corno esbofeteou-a algumas vezes e atirou-a violentamente para o lado enquanto lhe dava pontapés.
O médico não aguentou e pulou em cima dele, eles caíram no chão brigando, bateram-se várias vezes durante a luta, o médico estava sangrando no rosto e sua mente não estava mais coordenando bem e de repente, o marido começou para sufocá-lo, Alberto, tentando desesperadamente se livrar daquelas mãos que o sufocavam tentando matá-lo.
As mãos do médico encontraram a arma, que havia caído para um lado de onde eles estavam lutando, ele a segurou com firmeza e sem tempo para pensar, sentindo que estava com falta de ar, agarrou a arma e puxou o gatilho e Júlio foi jogado fora, para trás e caiu morto.
Com muita falta de ar, confuso, atordoado, quase cego pelo sangue que lhe escorria pelo rosto, Alberto levantou-se cambaleante, ainda com a arma na mão, a mulher estava ao lado do marido e olhava-o nervosa, o peito de Júlio estava cheio de sangue, certamente do homem morto.
-Está morto…! ela disse a ele, levantando-se com as mãos ensanguentadas.
"Deixe-me examiná-lo... Sou médico e talvez eu possa fazer algo por ele... podemos salvar sua vida antes que seja tarde demais..." Flores disse, profissionalmente enquanto tentava se controlar.
-Não... não... é melhor você ir... não adianta ter mais problemas por minha causa, ele já está morto e não há nada que você possa fazer para ajudá-lo... - disse ela assustada.
-Não... tem que avisar a polícia e explicar o que aconteceu... foi em legítima defesa e...
-E você acha que eles vão acreditar em você...? Você estava na casa dele, na cama com a mulher dele, todo mundo vai pensar que combinamos de matá-lo... e enquanto a verdade é apurada, você vai para a cadeia...
Se você tem família, vai perdê-la... seu emprego vai desmoronar... seu prestígio... e não quero te contar o que vou passar... não... sem polícia... eu posso consertar isso... então é melhor você sair...
O que ela lhe contava era verdade, haviam matado Júlio, no quarto dele, tudo indicava que eram amantes e talvez concordassem em matar o marido dela, enquanto investigavam, ele iria para a cadeia...
Mesmo que, no final, a verdade fosse provada, nada lhe seria igual, nem a nível pessoal nem profissional, tudo ruiria e a perda de prestígio seria total. Era uma realidade que não podia ser escondida.
-Enfim, ele é seu marido e eu acho... -disse o médico tentando encontrar uma solução.
-Ele era um maldito... Garanto-lhe que vou ver como você não se machuca com tudo isso, afinal, aquele infeliz merecia isso e mais, miserável, até que houve um homem que soube colocá-lo em seu lugar.
-É que não posso te deixar sozinha com tudo isso... não é justo que seja você quem tem que mostrar a cara enquanto eu fujo como um covarde... -disse ele, procurando um saída que lhes permitiria acabar com tudo isso.
-Olha, Alberto... falando claro... eu tenho um primo de muita confiança que tem uns amigos que fazem de tudo por dinheiro... eu não tenho muito pra dar, mas...
-Quanto seria necessário para resolver o problema...?
-Bem, não sei... Acho que com uns cinco mil ou dez mil pesos...
-Não tenho essa quantia comigo... Trago uns três mil pesos... Vou te dar e te passo um cheque para que tenha o dinheiro que precisa... Vou também deixo meu cartão caso precise de mais alguma coisa...
-Tudo bem... com isso será mais fácil encontrar ajuda... te garanto... eu cuido disso...
"Você tem certeza disso...?"
-Sim... é o mínimo que posso fazer para te meter nessa encrenca... juro que nunca pensei que meu marido voltaria antes da viagem de negócios... ele deveria ter chegado até amanhã...
-Não importa mais... obrigado por ter me defendido e por me ajudar a sair desse problema...
Entregou-lhe o dinheiro e o cheque, depois saiu de casa apressado, nervoso, olhando para todos os lados, pensou que a qualquer momento a polícia poderia aparecer e tudo desmoronaria, começou a descer a rua, prometendo a si mesmo nunca mais voltar, deixar que a beleza de uma mulher o fizesse perder a cabeça como aquela bela dama.
Passaram-se duas semanas e pouco a pouco Alberto voltou à sua rotina diária, embora não se esquecesse completamente de ver aquele homem sangrando, morto no chão, não conseguia tirar da cabeça as próprias roupas cheias do sangue daquele infeliz, roupas que tiveram que jogar
Passava-se a quarta semana desde aquele incidente quando, certa manhã, ao chegar ao seu escritório, encontrou um envelope com o seu nome, que o seu assistente lhe disse que tinha sido entregue por um mensageiro.
Alberto abriu o envelope e viu uma série de fotos, as primeiras eram dele e Yolanda, nus na cama prestes a fazer amor, depois Julio apareceu na frente deles, Alberto e o marido brigando no chão, o médico nu, arma na mão mão ao lado de Yolanda, nua, vendo o corpo ensanguentado de Júlio, estendido a seus pés, e outra onde se trocava dinheiro.
Ele não podia acreditar no que estava vendo, eram provas irrefutáveis de seu assassinato.
Por um momento pensou em ir procurar Yolanda, descartou de imediato a ideia, ir à polícia não era uma opção, por isso teve de esperar para saber porque lhe tinham enviado as fotografias.
Naquela mesma tarde, Yolanda apareceu em seu escritório, ela parecia mais bonita do que nunca, apesar da expressão de profunda preocupação que se desenhava em seu rosto.
"Nós temos que conversar", ela disse a ele sem sequer cumprimentá-lo.
-Sim, e aí...?
-Olha… –ele disse e entregou-lhe algumas fotos.
O médico empalideceu ao ver as fotos, eram as mesmas que lhe haviam enviado, ainda mais de diferentes aspectos do que acontecia naquela câmara. Ele não quis mais ver as outras fotos e, completamente pálido, perguntou:
-E isso significa...?
-Um homem, um vizinho, pegou e me pede dinheiro para não levar para a polícia... Eu já dei tudo que eu tinha pra ele... não sei mais o que posso fazer... Eu não quero ir para a cadeia...
-Calma... quanto esse infeliz quer...? perguntou o médico.
-Vinte mil pesos...
-É muito dinheiro e eu não tenho tanto...
-Vão nos mandar para a cadeia... temos que fazer alguma coisa...
-Olha... tenho dez mil pesos no banco... vou te dar um cheque e pedir uns dias para cobrar o resto...
-Vou tentar convencê-lo a esperar... embora ele tenha me dito que se eu recusasse... ele viria te ver...
E para não prolongar muito a história, minhas boas mamães, nos últimos seis meses tiraram dele quase quarenta mil pesos... o pobre médico está endividado até a sola do sapato, deve dinheiro em todo lugar e não sabe mais o que fazer, suas preocupações afetaram seu casamento e seu trabalho, ele quer acabar com tudo isso, o problema é que ele não sabe como.
Maricela deu outra tragada em seu charuto e Alexis entendeu que ela havia encerrado sua história.
-E o que você quer que eu faça... chefe? ele perguntou, pegando um cigarro e acendendo-o.
-Não sei… que você fale com o chantagista, que ele te diga uma quantia definitiva para que lhe paguemos e paremos de causar problemas, ou que você o assuste dando-lhe uma madriza… tudo que eu quero é que você ajude ele... que você dê um jeito de livrá-lo desse problema... -disse ela com voz lenta e serena- Vou te dar o nome dele e o endereço do escritório dele, tenho certeza que algo vai te ocorrer.