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##### Capítulo 2 Traumas de uma dançarina

Lara

Na manhã seguinte só iria trabalhar às 18h, então deixei Julien na escola e fui fazer compras. Consegui encaixar ela no ballet e ambas ficamos felizes. Mesmo me apertando um pouco com as contas, valia a pena. É por minha irmã que eu me sacrifico todos os dias, então fazê-la feliz é minha base.

No entanto, os meses passaram rápido demais, e a grana começou a faltar. Minha mãe não voltou a trabalhar e só vivia dentro do quarto.

Cheguei no trabalho estressada, trombei nos chefes mais novos e pedi milhares de desculpas. Corri para me trocar e subi para meu primeiro cliente, ele era mais novo e não sabia muita coisa.

Quando acabou, a porta abriu e ele saiu. Eu já estava recolhendo minhas coisas quando Gustavo entrou.

–O que foi? Eu ainda estou aqui dentro, você tem que esperar virem limpar –Avisei, sem muito contato visual.

–Nós não temos nojo.

Parei por um momento e olhei para ele, que dava mais passos para dentro da cabine, atrás dele vinha o Fred.

Eu não sabia que clientes pediam serviços com dois homens, nem sabia que meus colegas aceitavam. A porta fechou e eu corri.

–Droga, por que está fechando se eu ainda estou aqui?

–Porque nós somos seus clientes.

Virei e olhei para eles, que estranhamente começaram a rir.

–Ou, ou. Como assim?

–Hoje você será nossa.

Apavorada me afastei, mas não rápido o suficiente. Um me agarrou pelos cabelos, e o outro começou a tirar a roupa. Eu tentei fugir, realmente tentei, mas o aperto dele era forte.

Fred se aproximou e começou a tirar minha roupa, enquanto Gustavo me apertava sem pena. Foi horrível ser invadida por eles, e parecia durar uma eternidade.

–Por favor, para.

–Ah não, você é tão gostosinha.

Eu gritei, chorei e implorei para ele parar. Quanto mais eu sofria, mas ele gostava. Por mais que estivesse chorando, eles não mudaram suas atitudes. Uma vez que eles se afastaram para pegar brinquedos, eu levantei com as penas doloridas e fui até a porta.

Bati e gritei, Gustavo agarrou meu cabelo e me pressionou contra a porta.

–Eu vou comer sua deliciosa bunda.

Com as mãos na porta tomei impulso e empurrei ele, ele foi pra trás e quando voltou dei uma cabeçada nele e chutei seu saco.

–Filha da puta. –Ele caiu de joelhos se curvando de dor. –Quando eu levantar vou te matar.

O outro ficou rindo e sentou no sofá, eu fiquei na porta arrependida de ter batido nele.

Quando ele levantou me deu um tapa no rosto e me levou pra cama, prendeu minhas mãos e tirou algo de sua calça que estava no chão.

Era um estilete, ele se aproximou sorrindo.

–O que vai fazer?

–Foder sua vida para sempre. –Ele enfiou o estilete abaixo do meu peito.

–Aaaah!

–Isso, grita. –O estilete rasgou minha pele, desceu passando por minha barriga, quadril e coxa.

–Caralho, você está maluco? –Fred gritou desesperado.

Olhei meu corpo e gritei, era pior do que eu imaginava. Minha pele estava aberta, isso deixaria uma cicatriz monstruosa.

Gustavo disse alguma coisa e começou a se vestir, então com um cartão que ele não devia ter, conseguiu abrir a porta.

–Se contar isso pra alguém mato sua família.

–Merda. Onde você vai? –O Fred se vestiu enquanto Gustavo se mandava.

–Meu Deus. –Fechei meus olhos.

–Eu não tive nada haver com isso. –O Fred se aproximou e me libertou da corrente, me cobriu com o roupão e saiu correndo.

Fodeu, minha vida esta acabada. Levantei cheia de sangue, peguei meu celular e sentei no sofá. Liguei para a única pessoa que poderia me ajudar.

–Sam, venha para a cabine doze com panos e curativos.

–O que aconteceu? você está chorando?

–Estou ferida, é bem sério.

–Estou indo agora mesmo.

Uns minutos depois ela entrou e ficou chocada com o que via. Ela sabia muito bem os primeiros socorros e com algumas coisas improvisou.

Depois limpou o quarto e me ajudou a sair, e me cobriu mentindo para Lucca me deixar ir embora. Os chefes eram legais, e por ser boas no trabalho, não era difícil conseguir uns favores.

Eu fui para o hospital e depois de muitos pontos tive que mentir para a polícia que fui atacada na rua, como os exames acusaram violência sexual eles acreditaram. Como eles usaram caminha, não restou muito para a polícia trabalhar.

No dia seguinte me preparei para ligar para Lucca, para então mentir e conseguir um tempo para me recuperar e voltar a ativa. Como eu faria isso? eu não sei.

–Estou doente, não sei quando vou poder trabalhar.

–Tudo bem, você é uma funcionária exemplar. Tire o tempo que for preciso.

Respirei aliviada quando desliguei o celular. Eu não fazia ideia do que seria da minha vida agora, mas era melhor ter garantido um emprego, do que viver igual minha mãe.

...

Quase um mês e uma semana depois, eu voltei a trabalhar, com a ajuda da Sam descobrimos como usar maquiagem para enganar.

O problema seria quando tocassem minha pele, eles iam sentir e estranhar. E ainda tinha o fato de estar traumatizada, mas eu tinha que alimentar minha mãe e irmã.

–Vai conseguir. –Sam me abraçou.

–Eu não sei...estou com medo.

–Quando sentir que vão tocar a cicatriz, você pega na mão deles e coloca no seu seio.

Ela se afastou de mim, e me deu um olhar gentil. Balancei a cabeça e respirei fundo.

–Tá. –Fui andando para a primeira cabine.

O cliente pediu luzes de néon, isso me deu alguma vantagem. Porque quando sentei em cima dele eu chorei, era horrível a sensação. Quando ele tocou minha cintura fiz o que Sam disse e levei suas mãos até meus seios.

Agora...

Hannah estava bem e a tal Joana morta, uma víbora a menos na sociedade.

Os chefes ficaram um tempo no hospital, quando tiveram alta nós todos fizemos uma surpresa pra eles. Com balões, bolo e muita bebida.

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