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Capítulo 4

— Shh, tente ficar quieto — - ouvi alguém sussurrar sem conseguir entender se eu ainda estava sonhando. —Não faça barulho ou você vai acordá-la—. Naquele momento percebi que não estava sonhando, mas que tudo era real. Abri os olhos, tentando ajustá-los à luz do dia. Estiquei-me bem e só então notei o pequeno grupo de Radurai que se reuniu ao meu redor. Sentei na minha rede e olhei para eles perplexo. As crianças olharam para mim como se estivessem observando um milagre vivo e não tiraram os olhos de mim por um segundo. Eles eram um pouco perturbadores. - Ei! Pessoas feias e presas, voltem ao trabalho imediatamente! — . Os meninos começaram a fugir assustados. Eu vi Alby vindo em minha direção. — Mara está bem acordada. Peço desculpas pelos olhares anteriores, mas a maioria deles nunca viu uma garota dormindo e decidiu tirar vantagem disso. "Ah, entendi", eu disse, ainda com sono. — Vamos, comece a trabalhar hoje. Mas primeiro você tem que vir fazer algo comigo. Prepare-se. Esperarei você do lado de fora da casa da fazenda em alguns minutos - - disse ele saindo pela porta. Não precisei que me dissessem duas vezes. Pulei da rede e me espreguicei bem. Depois disso, calcei rapidamente as botas e saí da fazenda. Vi Alby sentado à sombra de uma árvore a poucos metros de distância. Alcancei-o e ele seguiu na frente. Chegamos às paredes do labirinto. —Então Mara. Para se tornar um Glader completo, há uma última coisa que você deve fazer... Alby pegou minha mão e me entregou uma pequena adaga. — Grave seu nome na parede — . Peguei a adaga e girei-a entre os dedos. Aproximei-me da parede e vi uma série interminável de nomes gravados, alguns dos quais riscados com linhas horizontais profundas. — Alby, por que alguns nomes foram removidos? — - perguntei curioso. Alby hesitou por um segundo e então começou a falar. — Nem sempre tudo foi fácil aqui em Glade. Tivemos alguns momentos difíceis. Muitas crianças morreram de medo, mas ainda assim conseguimos passar. Senti um arrepio percorrer minha espinha e percorrer cada centímetro do meu corpo. Ignorei-o e olhei novamente para a parede, concentrando-me nos nomes que ainda estavam intactos, até que um instantaneamente me empalideceu e chamou minha atenção: BEN. Encostei a palma da mão na parede e passei os dedos pelo nome. “Ben,” eu sussurrei. — Ben está bem? — - eu disse me virando para Alby. Ele me olhou confuso. —Sim, Ben está bem. Porque voce esta interessado? — . - Posso vê-lo? — - eu disse ignorando sua pergunta. —Ela está no labirinto com Minho agora. Voltará na hora do almoço. Ah, então Ben era um dos velocistas. Por que Minho nunca me contou sobre isso? Tenho que me lembrar de perguntar a ele sobre isso quando ele voltar. Resolvi gravar meu nome ao lado do Ben. Depois disso, Alby se despediu de mim e eu segui em direção ao refeitório. Aproximei-me do balcão. —Ei, Frito! — . - Olá Mara. Como foi seu primeiro despertar na Clareira? — . — Um pouco traumático para ser sincero — - eu disse, lembrando de ter acordado há pouco. - Eu entendo. Nada que não se resolva com um bom café da manhã - disse ele, entregando-me um prato fumegante de ovos e bacon. "Muito obrigado, Fry", eu disse, sorrindo para ele e sentando-me em uma mesa vazia no fundo da sala. - Bom Dia princesa - . Reconheci imediatamente a quem pertencia aquela voz. — Bom dia Newt — . O menino sentou na minha frente e sorriu para mim. - Pronto para começar a trabalhar? Serei muito exigente, aviso. Olhei para ele perplexo enquanto ele continuava tomando café da manhã. — Hoje você trabalhará comigo nos Jardins. Eu irei instruí-lo pessoalmente. - Uau, isso é impressionante! — . "Vamos, termine de comer e depois iremos." - Às ordens do seu chefe! — - Eu disse colocando a mão na testa como os soldados fazem. A loira riu com vontade. Terminei rapidamente meu café da manhã e fui para os Jardins acompanhada por Newt. Assim que chegamos encontrei Zart, o contramestre dos escavadores. — Bem, Mara, você pode começar plantando alfafa. Newt lhe mostrará como. Vamos pessoal, vamos trabalhar! — . Comecei a plantar alguns bulbos sob a orientação de Newt que, enquanto isso, também fazia seu trabalho. — Temos que deixá-los assim. Alguns centímetros de distância, caso contrário as raízes não terão espaço suficiente para crescer - - Newt me explicou, mostrando-me como plantar as fileiras de bulbos. - Acho que entendi. Eu aprecio isso -. O loiro sorriu para mim e voltou ao seu trabalho. Passei o resto da manhã plantando bulbos e alfafa sem parar. — E esse foi o último — - eu disse, plantando o último bulbo. Coloquei as mãos na cintura e sorri, satisfeita com meu trabalho. — Bem, quem tiver terminado pode ir embora — - disse Zart. "Excelente trabalho, Mara", disse ele, erguendo bem a palma da mão. Eu dei a ele e ele bagunçou meu cabelo de maneira amigável. — Obrigado Zart — - dito isso abordei Newt que ainda estava terminando seu trabalho. —Ei, você ainda sente muita falta? — . —Não, estou quase terminando. Só preciso terminar de arrancar essas últimas ervas daninhas. — Vamos, eu te ajudo, para terminarmos mais rápido — . —Quão esperta é minha camponesa—. — Bem, obrigado meu pequeno agricultor — - disse agarrando a primeira erva daninha, tentando arrancá-la do chão, mas a tarefa acabou sendo mais difícil do que o esperado. Era como se aquela erva não tivesse intenção de sair de lá. - Oh vamos! — - eu disse tentando puxar com mais força. De repente, como se quisesse zombar de mim, a grama se soltou do chão, fazendo-me perder o equilíbrio. Fechei os olhos, me preparando para o impacto, mas, estranhamente, isso não aconteceu. Assim que abri os olhos, me vi a centímetros do rosto de Newt. O menino conseguiu me pegar a tempo. — Nossa, que reflexões — - comentei espantado. "De nada, princesa", disse ele, ajudando-me a ficar de pé. "Por que você não descansa um momento enquanto espera eu terminar?" Eu não gostaria que essas ervas daninhas tomassem conta de você. Mostrei a língua para ele, fazendo o loiro rir genuinamente. Fui e sentei-me à sombra de um grande carvalho esperando por Newt. Enquanto esperava, tentei tirar o máximo de sujeira possível. Eu não conseguia mais sentir minhas pernas e meu rosto estava encharcado de suor. Depois de um tempo, Newt se juntou a mim e sentou-se exausto ao meu lado. —Então, o que você achou do seu primeiro dia de trabalho? - - ele me perguntou. —Acho que estou exausto e preciso desesperadamente de um banho—. "Eu te levo lá, se você quiser." “Ainda temos algum tempo antes de irmos almoçar”, ele ofereceu. — Mas não tenho camisa sobrando — - contestei. —Posso te emprestar um dos meus, devo ter um par limpo—. - Está bem - . Newt foi buscar uma camisa, me deu e me acompanhou até o chuveiro. — Newt, você poderia apenas... garantir que ninguém entre enquanto eu estiver no banho? — . O menino corou de repente. — Hum... sim, claro — - ele gaguejou, coçando a cabeça de vergonha. Entrei no chuveiro, tirei a roupa e liguei a água. Eu estava congelado. Rapidamente me lavei e me enrolei em uma toalha. Coloquei a calça novamente e depois coloquei a camisa do Newt, molhando-a um pouco com o cabelo. Estive lá três vezes então resolvi amarrar na frente. Saí do chuveiro. Newt se virou para mim, permaneceu em silêncio e me encarou por alguns segundos. - Bom? O que você acha? — - perguntei ajeitando um pouco minha camisa. "Acho que combina melhor com você do que comigo, princesa." Corei um pouco e desviei o olhar envergonhado. O loiro colocou o braço em volta dos meus ombros. “Vamos, vamos, estou morrendo de fome”, disse ele, esfregando a barriga. Eu o abracei de volta e caminhamos em direção à cantina. Newt e eu fomos buscar nossas porções de comida no Frypan e nos sentamos à mesa com outros Clareanos. Pouco depois, Minho também se juntou a nós e sentou-se à nossa frente e a Newt. —Então linda, como foi seu primeiro dia de trabalho? — . —Muito bom, eu diria. Eu tive um bom professor - Newt sorriu e piscou para mim. - É afortunado. Estou realmente exausto. Hoje o labirinto parecia ainda maior que o normal - - disse ele, comendo avidamente sua porção de comida. Naquele momento lembrei que precisava perguntar a ele sobre Ben. — Olá Minho, por acaso entre os velocistas existe um menino chamado Ben? — . — Sim, por que você me pergunta isso, linda? — - ele perguntou me olhando com uma expressão curiosa. - Onde agora? Eu gostaria muito de conhecê-lo — - perguntei impacientemente. — Acho que ele foi descansar em algum lugar como sempre — . Sem esperar mais, agradeci a Minho e fui procurar o menino, sem nem terminar o almoço. Depois de caminhar um pouco pela clareira, finalmente vi um menino encostado no tronco cortado de uma árvore. O momento que ele esperava havia chegado. Eu teria a chance de descobrir algo sobre minha vida passada ou assim esperava. Respirei fundo e caminhei em direção a ele.

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