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Capítulo 4

- Espere um pouco, a noite ainda não acabou. - Ele me puxou para dentro.

- Vou trabalhar bem cedo amanhã de manhã e não gosto de ir com ressaca. - Ele apertou meu braço e aumentou a força. Ben não olhava para mim, ele queria gritar.

- Vou levá-lo para Mar... Qual é o seu nome? - Eu já podia sentir o cheiro de álcool em seu hálito. - Você tem um apelido?

- Eu, garotinha. - Não. Eu gosto que as pessoas me chamem pelo meu nome, e me desculpe Andreas, eu realmente preciso ir. - Ele ficou sério e se levantou.

Naquele maldito momento, procurei por Ben e, para minha surpresa, ele havia desaparecido. Ele saiu sem mim e levou a prostituta com ele. Andreas percebeu e olhou na mesma direção. Aproveitei a oportunidade e saí correndo, com o celular na mão trêmula, tentando chamar um táxi. Senti o vento da porta se abrindo, minhas pernas se transformaram em gelatina quando passos se aproximaram e o dono dos passos me puxou pelo ombro.

- Onde você acha que está indo? - Andreas tinha um olhar malicioso e perverso no rosto. - Você está sozinho, deveria aceitar uma carona.

- Aprendi a não aceitar carona de estranhos. - Ele simplesmente me deixou ir e riu.

- São três da manhã, ninguém virá buscá-lo, criança.

Deus me ajude. Ela se virou e estalou os dedos, um homem saiu das sombras, pegou suas chaves e caminhou em direção ao estacionamento do hotel.

- Eu não vou com você. Não o conheço. - Ele virou o rosto para me olhar e eu me arrependi imediatamente.

- Eu deveria ter pensado nisso antes de entrar nessa vida querida.

De repente, achei minhas roupas muito vulgares, minha maquiagem muito chamativa e tudo fez sentido. Aquele bar, como os outros, era frequentado por prostitutas, as mais caras.

- Você está se enganando, eu não sou uma... Uma, você sabe. - Eu até ri.

- Não foi? - Sua expressão passou de confusa para irritada. - Mesmo assim, venha comigo.

- Ela não está indo com ninguém. - Andreas me assustou até a morte.

Benjamin estava com a camisa desabotoada, as mãos nos bolsos e um olhar severo tanto para mim quanto para o homem. Eu o vi lutar na universidade e, acredite, foi ruim.

- Manuela, você está bem? - Ben me puxou para perto dele e olhou para cada parte visível de mim. Eu apenas acenei com a cabeça. - Ótimo, agora vamos para casa.

- Espere um pouco... Você simplesmente apareceu do nada, pegou e foi embora? - Andreas cambaleou em direção a ele e cerrou os punhos.

- Desculpe, senhor, se quiser, posso chamar a polícia e acusá-lo de ameaçar a garota, pelas marcas nos ombros dela, de atacá-la e, finalmente, de assediá-la sexualmente. Agora, deixe-me ser franco. Eu não pedi para levar a garota. Eu a peguei e pronto. Agora vá para casa e tome um banho, quando o álcool baixar, pense sobre isso.

Ben me puxou e praticamente me jogou no carro, se jogou em seu assento e disparou com tanta força que senti meu corpo ir para trás. Ele estava tão furioso que bateu no volante, além das curvas bruscas que fez, que parecia que eu ia sair voando do carro, e ainda por cima eu estava tão nervosa que não conseguia colocar o cinto de segurança. Ele não parava nos semáforos, eu me convenci a fechar os olhos e só abri-los quando o carro parasse. E quando ele parou, eu me senti parcialmente assustado e parcialmente feliz.

-Ben. - Apontei para a casa dele.

- Cale a boca. Vamos ter uma conversa séria quando você entrar.

- QUE PORRA FOI ESSA? - Ben bateu a porta com tanta força que um pequeno quadro perto da porta caiu no chão.

Sentei-me no sofá e fiquei olhando para ele. Aprendi a esperar a pessoa se acalmar e a ter uma conversa de adulto. Benjamim continuou andando de um lado para o outro, abrindo as mãos, fechando-as em punhos, socando o ar ou alguma parede pobre.

- Aquela vadia. Foi tudo culpa dela, se eu não tivesse....

- Não foi culpa de ninguém. - respondi.

- Dê-me um bom motivo para não ligar para seu pai agora mesmo. - Ele pegou o telefone e esperou minha resposta.

A pior parte de tudo isso era saber que ele realmente ligou e, se eu não lhe desse esse bom motivo, meu pai não seria tão legal e, Deus me livre, meu pai interviria.

- Eu estava observando você, você me disse que não aconteceria muita coisa. O homem chegou e começamos a conversar. Benjamin entende que estou solteira desde que terminei a faculdade. E você estava lá, lindo, conversando com ela. Eu me deixei levar pelo momento. Mas depois de alguns drinques, ela se transformou e, quando tentei fugir, ela não me deixou. Talvez você tenha pensado que eu era alguma coisa....

- Eu entendi, não precisa dizer nada. - Ela deixou cair o celular. - Se eu não a tivesse levado para o estacionamento, você não teria para onde fugir.

-Mas eu sempre tive. Você não estava lá, só isso.

- Por que não me ligou? - Eu estava brincando com o cabelo dela.

- Posso fazer uma pergunta? - Levantei-me e esfreguei as mãos uma na outra.

- Ele sabe. - Ben ficou tenso.

- Por que tudo isso? Esse seu escândalo, as ameaças, por quê?

- Porque tenho de protegê-lo. Porque somos tudo o que o outro cara tem. Você não entende, garotinha, eu acordo todos os dias pensando no que vou fazer, em meus objetivos e realizações. E em todas elas é você quem as compartilha comigo. Aprendi que você é minha família. Então, por favor, não me faça ter esse medo maldito de perder você. - Ben se aproximou mais de mim.

Minha respiração estava acelerada. Não era impressão minha, ele estava muito quente, seu coração também estava acelerado, seus olhos estavam lacrimejantes e, com uma mão trêmula, ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Ah, Ben. - Eu o peguei de surpresa. Eu me joguei em seus braços fortes e afundei até não conseguir mais ouvir. - Perdoe-me, não farei mais isso.

- Ah, vá embora. Você sempre vai, mas eu estarei por perto. - Ele exalou bem alto. Acho que foi um alívio. - Agora deite-se um pouco, pode dormir no meu quarto e pegue algumas camisas limpas do meu guarda-roupa.

- E quanto a você? - Apenas virei a cabeça para o lado e olhei para ele.

-Eu durmo na sala de estar.

- Mas uma casa desse tamanho não tem um quarto de hóspedes?

- Eles estão vazios. Tenho pavor de camas vazias.

- Podemos dormir na mesma cama, se você não me pisar enquanto dorme. - Eu contive uma risada.

- Não sei, não sei. Agora vá logo. - Ben me deu um beijo rápido no alto da cabeça e me empurrou para fora.

Eram cinco da manhã e eu estava na casa do meu amigo, tomando um banho maravilhoso, ouvindo-o cantarolar uma música brasileira ou tentar cantar. Eu o ensinei a cantar porque a cantora tinha o mesmo nome que o meu. Manuela Estiano. Desde então, ele nunca mais esqueceu a letra.

Ela deixou a porta encostada na porta e uma camiseta na cama. Só tive tempo de vestir minhas roupas e me recostar no travesseiro, meus olhos se fecharam sozinhos.

- Bom dia. - Senti os dedos puxarem as cobertas para fora de mim.

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