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CAPÍTULO CINCO — INSANIDADE

As coisas ficam muito estranhas. Darkin não consegue acreditar nas palavras do seu próprio pai, pois as mesmas não são concebíveis, ou seja, o homem do terno branco não quer acreditar nelas. A felicidade mínima estava com ele logo que viu que pelo menos há um sobrevivente e muitas questões ele tem para poder arrancar as respostas do homem que está diante dele dizendo que ele é o responsável pela morte da sua avó, onde ele somente viu uma criatura humanóide e perturbadora por conta do seu aspeto físico.

Congelado na verdade dita pelo pai, ele apenas se lembra de ter fugido quando a coisa que agora o seu pai chama de sua avó lhe perseguia com tudo para poder acabar com a sua vida. Os olhos do homem que Darkin chama de pai começam a deixar a fúria germinar nas veias que estão prestes a explodir.

— Eu não matei esta criatura. — Darkin diz mesmo tendo escutado que a mesma é sua avó paterna.

De repente ele sente as mãos do pai lhe agarrando os pulsos com pujança. Ele consegue ver num dos braços do homem uma marca, que mais parece uma ferida causada por algum tipo de mordida, no entanto ele por um momento ignora essa possibilidade.

Quando os dois mantêm o contato visual Darkin sente-se invadido e intimidado e repete novamente as palavras.

— Eu juro que não matei...

— Cala boca. Você acabou de arruinar a minha experiência... Ele se recuperaria, eu... tinha certeza, mas... — o homem derrotado com as suas feições, tendo tomado um outro tipo de reação, ele diz e de uma forma repentina solta o outro que nada entende.

Darkin sente-se como se estivesse com uma pessoa insana e não o seu pai, como se estivesse numa guerra onde a maioria perde a noção da razão e apenas aniquila um ao outro apenas porque está seguindo uma ordem de alguém que tem vontade de resolver os conflitos a força sem pensar primeiro na coisa mais sensata que é o diálogo.

— Pai, por favor, acredite em mim, eu não matei "minha avó" apenas corri...

— Desde que tudo começou eu... — o homem começa a falar com um tom de quem algo quer revelar, mas de repente interrompe a si mesmo.

Um segundo depois um riso perturbador soa proveniente da boca do homem que vira para o seu filho como se olhasse para algo qualquer, sem sentir nenhum tipo de afeto.

Darkin fica arrepiado ao escutar o riso vindo do seu próprio pai e logo de imediato algo lhe faz sentir que ele está diante de um pessoa insana.

— Eu consigo ver, olha para mim. — o homem diz abrindo um dos seus olhos com os dedos.

Os olhos do mesmo são totalmente brancos, porém com muitas veias furiosas fazendo desenhos que parecem provenientes da obra diabólica do satanás.

Darkin sente a necessidade de fazer um teste para ter certeza se é seu pai tomado pela insanidade ou seja alguma criatura com a forma do pai. Ele não acredita no que está pensando, mas usando como base o que escutou dele, dizendo que a criatura na verdade é avó do homem do terno branco, ele quer entrar na mesma visão para poder ter o mínimo de respostas.

— Quem é você?

— Eu — o homem pronuncia o pronome e ri, depois continua — sou Thomas Punkson.

Darkin pára e em silêncio, por um momento, nada diz apenas olha para o seu pai e novamente pede.

— Peço para me contar o que está acontecendo aqui, por favor eu posso te ajudar a ressuscitar a... — mentiu nas suas últimas palavras.

— Minha mãe? — o homem diz com uma alegria que mais parece de uma criança que acaba de receber um doce que mais queria.

— Sim.

— Eu vou te contar sim.

Finalmente, Darkin vai poder ouvir toda a história do que está acontecendo por ali. Ele respira aliviado e o outro homem sai do quarto lentamente até ao quarto onde vai poder sentar confortavelmente, para contar toda a história com detalhes precisos e para tirar toda a confusão que assola a mente do jovem Punkson que sofre de graves lapsos de memória.

O filho segue o pai caminhando no mesmo ritmo até a sala de estar para de fato começar a conversa que ele tanto precisa para entender o que está acontecendo para se possível, em seguida, fazer algo como forma de ajudar os que podem ter sobrevivido além do seu estranho pai.

A criatura no quarto continua definhando mesmo estando morta, com os seus olhos brancos ficando cada vez mais dominados pelas veias vermelhas que parecem engolir a cor branca em traços que fariam qualquer um achar que a criatura ainda está viva.

— Pode levar uma garrafa de uísque ali, por favor? — Thomas diz para o seu filho que este de imediato vai até ao local indicado para levar o líquido para poder ouvir o que o pai tem a dizer.

— Aqui tem. — Darkin diz entregando o copo ao outro e segurando o seu próprio com outra mão.

Thomas recebe e aos poucos sorri e o seu sorriso não demora para se transformar num riso tão excêntrico que por um momento Darkin tem flashback de um mostro olhando para si com a intenção de lhe atacar. Automaticamente ele levanta do sofá com a sua respiração acelerada.

— Calma garoto, a sua esposa está segura. — de repente depois de ter parado por um momento de rir, Thomas diz dando um gole em seguida do seu copo.

— O quê? — Darkin naturalmente sabe que as palavras do homem tem uma grande probabilidade de significar algo contrário. — O que quer dizer com isso. O que você fez com a minha esposa.

— Bem, ainda não fiz nada. Agora senta aqui vou te contar a história do mundo. Tudo está acabando meu jovem.

— Pai, eu sou o seu filho... porquê que está me tratando desse jeito?

— Seu hipócrita. Eu colocaria uma questão idêntica. E uma pessoa como você que abandonou o seu pai quando mais precisava poderia ser tratado de uma outra forma.

— Eu... — Darkin envergonhado tenta dizer, mas as palavras morrem na boca.

— Você teve a coragem de me deixar, doente e definhando no hospital de Orge com a sua justificação inútil. "Não posso por conta do trabalho". A história de todo esse caos começou assim e todos nós já estamos sofrendo. MALDITO.

Darkin não consegue segurar as lágrima e balança a cabeça como se não quisesse acreditar no que um dia fez. As verdades vindas do seu próprio pai queimam como lava.

— Eu... — diz o pai amargurado — não tenho filho. O meu filho morreu para mim, no dia que me amaldiçoou. — acha que depois daquilo um simples "me perdoe" pode resolver as coisas?

— Tem razão, pai. Eu simplesmente lhe decepcionei. — diz Darkin olhando para TV que está ligado e que volta a exibir o que ele viu quando estava sendo perseguido pela criatura que acaba de saber que na verdade é sua avó.

As suas feições ganham novos traços, ele se concentra na TV.

— Olha para mim. — diz o senhor Thomas. — olha bem no fundo dos meus olhos.

Darkin vira e olha para os olhos do pai e quase os narizes grandes e pontudos dos dois se tocam.

— Eu fui um idiota. — diz Darkin.

— Foste um idiota mesmo, mas agora já é tarde demais. Eu te odeio.

O filho sente uma sensação muito desagradável, como se uma flecha tivesse lhe perfurado o coração. Nada consegue pronunciar apenas olha para o seu pai que o mesmo de repente começa a piscar os olhos de uma forma repetitiva num curto espaço de tempo e, em seguida os olhos dele começam a ser abraçados pelas veias vermelhas e famintas.

— Pai, pai!! O que está acontecendo consigo?

Thomas empurra o seu filho com uma força sobre-humana que espanta o homem de terno branco. Antes de cair no chão Darkin se choca contra a cristaleira que deixa cair muitas garrafas de uísque que felizmente ele consegue esquivar e evitar ser machucado gravemente.

Thomas começa a gritar de um modo contínuo feito um louco e em seguida cai no chão, desmaiado. Silêncio se instala na casa e Darkin levanta com uma grande desconfiança.

— Aqueles olhos possuídos — ele pensa enquanto hesita em se aproximar do seu próprio pai. Nenhuma resposta ele conseguiu do seu pai, a situação apenas ficou ainda mais complicada para ele. Dá passos incertos até ao pai e consegue ver uma marca no braço esquerdo, bem visível.

Ele começa a raciocinar, buscando algo que explique pelo menos o que está acontecendo e é aí que se lembra de ter visto uma marca de mordida num dos braços do seu pai.

— Será que se trata de algum tipo de zumbi? — Darkin coloca a questão a si mesmo.

Ele, mesmo sentindo o seu coração doendo imensamente, tira a sua pistola dourada e aponta para o homem inconsciente no chão. Ele sabe que é seu pai, mas tem que fazer algo para poder se salvar, tem que fazer uma escolha, matar ou morrer.

— A mordida faz sentido se for o que estou pensando, espera, ele foi mordido pela... Não pode ser, ele estava dizendo a verdade, vovó foi mordida por alguém e por sua vez mordeu o meu pai. Os corpos deles estão portando algum tipo de vírus. — Darkin pensa e organiza a sua arma para atirar contra o seu próprio pai.

O silêncio que chega a ser áspero continua. Aproveitar o momento para fugir seria uma das melhores ideias e isso passa pela cabeça do homem que segura a arma de uma forma que lhe soa familiar, porém por conta dos lapsos graves de memória não faz nenhuma ideia do porquê aquilo lhe parecer algo bem familiar.

O poder do amor o faz fazer a coisa que parece ser sensata, ele abaixa a arma, desiste de acabar com o seu pai, além do sentimento forte por ser o seu pai, também tem medo de sofrer um equívoco. Ele não quer repetir os erros do passado.

De repente os olhos do senhor Thomas voltam a ficar totalmente brancos e a sua pele fica muito pálida até o homem não parecer mais um indivíduo de uma pele escura. Darkin percebe, mas algo lhe prende ali, ele não consegue sair dali e apenas olha para o seu progenitor e novamente um flashback lhe atinge a mente como se algo tivesse lhe mostrando algo muito importante que ele tem que prestar muita atenção para resolver tudo o que está acontecendo por ali.

Ele, com as suas mãos passeiam em busca de mais algum charuto, no entanto nada consegue encontrar além do seu isqueiro.

O Senhor Thomas começa a tossir repentinamente e Darkin fica alarmado com a arma atrás e com o seu dedo preparado no gatilho.

— O que houve comigo? — pergunta o homem. — Não... eu não consigo ver, eu não consigo ver!!

Darkin fica em silêncio, e tenta não se mexer e é aí que tem uma grande surpresa quando o seu pai novamente ri e gargalha de uma forma insana.

Lentamente os braços do homem barrigudo começam a queimar e deixar a carne exposta com todos os caminhos das veias. Darkin coloca a sua arma na cintura na parte do seu cinto e de imediato corre até a garagem da casa para poder ver se tem algum carro para poder escapar do seu pai sem precisar acabar com a sua vida.

Quando chega na garagem não acredita nos seus olhos. Muitos carros estão lá e a mesma garagem é bem grande com carros diferentes de luxo e no lado direito muitas armas de fogo e laser de diferentes estilos.

— Uau, que porra é isso tudo? — ele diz antes de correr até um Lamborghini Tron Light.

Mas antes que algo faça, ele escuta um riso que mais parece um rugido de um monstro do que de um ser humano. Darkin não tem como abrir o carro pois não tem nenhuma chave. De imediato ele se deita se escondendo ao lado do carro e preparando a sua pistola dourada na mão.

Ele respira fundo e tenta se controlar quando de repente...

Continua

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