CAPÍTULO 6
PONTO DE VISTA DO MANUEL
— Arrghhh!!! Sim!! — Ela gemeu alto antes de cair para o outro lado da cama. Oh, isso foi bom. Inclinei-me para lhe dar um beijo nos lábios, mas ela claramente tinha outros planos, pois virou o rosto e se levantou da cama.
— Por quê? — Perguntei simplesmente, um pouco irritado.
— Desculpe-me, mas tenho que ir embora agora. — Ela murmurou, dando-me aquele sorriso simpático que eu tanto odiava.
— Acabamos de chegar aqui.
— Eu sei! — Ela suspirou, levantando as mãos em sinal de frustração. — Eu sei, mas tenho que comparecer a um jantar com meu pai. — Ao mencionar isso, fiquei em silêncio, tentando afastar o sentimento de irritação que estava se instalando lentamente.
— Você ao menos conversa com seu pai sobre isso? Sobre nós? — Finalmente, não consegui mais me conter.
— Confie em mim, amor... — Ela deu uma risadinha. — Eu falo, mas ele nunca está interessado em qualquer conversa que tenha a ver com você. Estou tentando.
— Então talvez você não esteja tentando o suficiente! — gritei, finalmente deixando transparecer minha raiva. — Você simplesmente não está tentando!
— Manuel — ela suspirou, sentando-se na cama de costas para mim. — Você não precisa gritar sempre comigo para passar uma mensagem. Sou sua noiva e não sua funcionária ou um de seus homens.
— Oh, por favor! — Eu zombei. — Você sempre se concentra mais no meu tom do que na mensagem que estou tentando passar para você. É muito estressante ter essas discussões! É irritante! Você fala sobre ser minha noiva. Estamos noivos há mais de dois anos, mas não podemos nem nos casar porque seu pai não gosta de mim! Você nem mesmo usa sua aliança quando está em casa. Tudo isso é uma piada para você? Eu sou uma piada para você?
— Não, Manuel. — Ela balançou a cabeça, com aquele olhar característico de decepção em seu rosto. Francesca estava sempre decepcionada comigo. Típico dela. — Eu é que deveria lhe perguntar isso. Você age como se esse relacionamento não exigisse esforços conjuntos. Estou dando o meu melhor! Talvez se seus homens não tivessem quase ferido meu pai e os homens dele durante a missão fracassada de duas semanas atrás, ele não estaria tão bravo com você. Que diabo! Nós nem estaríamos vindo para um hotel só para passar um tempo juntos, se sua mãe gostasse de mim e fosse realmente gentil comigo! A culpa não é inteiramente minha. Você claramente tem áreas que precisa melhorar também! — Ah, não, lá vêm as lágrimas!
— Você sempre tem que chorar?! — gritei exasperado. — Você pode passar sua mensagem sem chorar! — Deus sabe o quanto eu odiava ver as lágrimas de uma mulher. Aliás, as lágrimas de qualquer pessoa.
— Você se importa em ferir meus sentimentos?! — Ela gritou de volta com raiva enquanto se levantava da cama para vestir o resto de suas roupas. Que droga!
— Me desculpe. — Saí correndo da cama e a segurei pela cintura, mas tive outra surpresa quando ela me afastou.
— Você só está se desculpando porque não quer que eu vá embora, não porque realmente se importa por ter magoado meus sentimentos. Você é apenas um idiota!
Por que ela sempre tinha um jeito de estragar o clima? Ela pediu um pedido de desculpas, eu o fiz. Agora ela acha que o pedido de desculpas não é verdadeiro o suficiente. E o que está acontecendo com o insulto?
— Quer saber? — Perguntei, afastando-me dela. — Apenas vá embora. Vá conhecer seu pai. — murmurei irritado. Ela olhou para mim incrédula e balançou a cabeça várias vezes.
— Sério?
— Vá embora. Você me dá dor de cabeça com suas reclamações incessantes. Se não fosse pelo fato de eu amá-lo, você não teria coragem de dizer certas coisas para mim. Muitas pessoas que tiveram, estão mortas. — Afirmei de forma objetiva.
— Ah, é mesmo? — Ela se aproximou mais de mim, cobrindo o espaço entre nossos rostos. — E se você realmente me amasse, essa bobagem nem passaria pela sua cabeça. — Ela deu uma risada seca, antes de pegar sua bolsa na beirada da cama.
— Boa noite. — Com isso, ela saiu do quarto, deixando uma sensação não muito agradável em meu coração. Então, tudo bem. Minha noite estava oficialmente fodida.
Fiquei na cama durante toda a noite, pensando em uma maneira de seguir em frente. Eu queria tanto acabar com Francesca, já que nada estava funcionando, mas não conseguia.
...
2 semanas depois.
— E por que você não consegue? — Alexander perguntou do outro lado da linha. — Por que você não pode simplesmente terminar tudo isso com ela?
— Eu não sei. — Dei de ombros. Afinal, não era como se ele pudesse me ver. — Talvez seja assim que eu saiba que estamos destinados a ficar juntos.
— Você acha? — Ele deu um risinho. — Posso lhe dizer o que acho que é isso?
— Eu já sei que não é algo positivo, mas diga, mesmo assim.
— Você está tão obcecado com a ideia de acabar com a rixa entre os Ferraris e os Russos.
— Naturalmente. — murmurei. — Isso é o que acontece quando você realmente quer estar com alguém.
— Pelo contrário. — Ele disse. — É o que acontece quando você nem sabe mais por que está com uma pessoa.
— O que isso quer dizer?
— Isso é o quê...? — Ele perguntou retoricamente. — A quinta vez que vocês dois estão tendo um grande mal-entendido no espaço de três meses. Vocês ainda se entendem ou estão interessados em fundir suas famílias? — Eu não tinha resposta para suas perguntas, então fiquei quieto. — Manuel, você não acha que está perdendo seu tempo? Talvez ela só precise de um empurrãozinho. Um pouco de espontaneidade para fazê-la sair de sua zona de conforto.
— Ok, agora eu não entendo você. — Suspirei.
— Você já disse que é difícil para ela desafiar o pai. Que tal colocá-la em uma situação? Dessa forma, você saberia se ela defenderia o relacionamento de vocês ou se escolheria o pai em vez de você.
— O que você sugere que eu faça? — perguntei, pois suas palavras finalmente despertaram meu interesse.
— Há muitas coisas que você pode fazer. Você poderia até mesmo aparecer na casa dela para jantar e se apresentar como noivo dela para o pai dela.
— Ah, não!!! Isso não seria apenas perigoso, mas também hilário!
— Perigoso em que sentido? — Alexander perguntou, e então comecei a ouvir alguns barulhos do outro lado da linha.
— Você ainda está aí?
— Claro que estou. — Ele respondeu, embora sua respiração parecesse um pouco superficial. — Eu estava perguntando o que poderia ser perigoso? Francisco Ferrari sabe que não deve infligir nenhum tipo de dano a você. Desde que você não represente uma ameaça para ele, ele não retaliará. No entanto, eu não descartaria completamente a ideia de que isso poderia ser perigoso.
— Exatamente! Pode ser perigoso, então isso está fora de cogitação.
— Então, o que você faria? Posso dizer que você está bastante incomodado com o silêncio entre você e Francesca.
— Sim, estou. Mas não se preocupe, eu pensaria em algo o mais rápido possível. Algo bem espontâneo. — Eu dei uma risadinha. — Amanhã é sexta-feira, o início de um fim de semana. Deveríamos visitar o cassino. — Sugeri, mas não obtive resposta dele. — Alex?
— Hummm... — Ele soltou um gemido abafado e eu estava bastante incomodada até ouvir o som de beijos. Oh, Deus, de novo não! Era sempre assim. Eu preferia conversar com Alex pessoalmente porque era quase impossível deixá-lo sozinho em casa. Bella era como uma fera que sempre atacava quando você menos esperava. Com um assobio baixo, encerrei a ligação e entrei no banheiro. Era em dias como esse que eu realmente sentia falta de Francesca. Agora, eu estava com tesão, sem ninguém para cuidar dele! Sempre fui o tipo de homem de uma mulher só, portanto, dormir fora nunca foi meu estilo. Dei um suspiro profundo ao mergulhar meu corpo na banheira de água fria. A sensação também era relaxante, então fiquei lá o máximo de tempo possível. Quando saí, a água já estava morna. Enxuguei meu corpo e vesti algumas roupas, depois pensei em ligar para ela. Será que ela atenderia? Já fazia duas semanas que não nos víamos nem nos falávamos. Depois de mais alguns minutos pensando, finalmente cedi ao impulso e peguei o telefone para ligar para ela. Quando eu estava prestes a discar o número do celular dela, recebi sua ligação. Eu poderia jurar que fiquei chocado. Não perdi mais tempo e atendi a ligação imediatamente.
— Juro que eu estava prestes a discar seu número. — Eu me apressei, fazendo-a rir do outro lado da linha.
— Sinto sua falta. — Ela murmurou, fazendo-me sorrir para mim mesmo.
— Eu também sinto sua falta. Você pode vir até aqui?
— Estou a caminho. — Ela sussurrou, antes de desligar a chamada. Tá bom, o universo estava praticamente do meu lado hoje. Eu estava grato.
...
Cheguei ao trabalho bem tarde hoje porque estava exausto da maratona de sexo que Francesca e eu tivemos na noite passada. Ficamos nisso até as primeiras horas da manhã, o que me fez dormir até mais tarde do que o normal. Sem falar nos intermináveis minutos de brigas com minha mãe. Ela sempre não foi fã de Francesca. Risque isso! Ela nunca foi fã de todas as minhas ex-namoradas. Agora, o mesmo acontecia com Francesca. Embora sua desculpa fosse o fato de Francesca fazer parte de outra família rival. Depois que terminei de conversar, ou melhor, de discutir com minha mãe, fui para o trabalho com Francesca a reboque. Nós sabíamos que deixá-la ficar em casa não era uma boa ideia. Mamãe não ia aceitar isso.
Recebi uma notícia que me deixou de mau humor no momento em que entrei em meu escritório. Há muito tempo, os Russos fazem negócios com Marco, então eu não conseguia entender o motivo de seus lapsos ultimamente. Decidi que a melhor coisa a fazer era conversar com Alexander sobre o assunto. Ele conhecia bem esse grupo específico de pessoas.
Quando entrei no escritório de Alexander, fiquei surpreso ao ver alguém diferente sentado na cadeira de seu assistente pessoal. Ah, isso me lembra! Ele havia mencionado a contratação de um novo assistente pessoal.
— Bom dia, senhor! — Ela gaguejou, o que me fez dar uma risadinha. Será que eu a deixei desconfortável de alguma forma?
— Bom dia. Eu sou...
— Sr. Manuel.... Russo. — Ela murmurou a última parte, fazendo-me sorrir.
— Ok, você já me conhece. Importa-se de se apresentar? — A meu pedido, ela acenou vigorosamente com a cabeça.
— Bibi!
— Desculpe?
— Desculpe. Meu nome é Bianca. — Ela se corrigiu imediatamente.
— Bianca, seu chefe está aqui?
— Sim, ele está. Por favor, entre. — Ela fez um gesto em direção à porta e eu murmurei meu agradecimento. Mas, pouco antes de entrar, eu me virei para ela e sorri. Não pude deixar de lhe fazer aquele único elogio.
— Seu cabelo. Está maravilhoso. — Ela pareceu ficar surpresa com meu elogio, mas eu lhe dei um pequeno sorriso e entrei para ver Alexander. Quando entrei em seu escritório, ele parecia estar bastante ocupado.
— Oi, primo.
— Manuel! Você não disse que viria.
— Desde quando eu tenho que fazer isso? — Dei de ombros, sentando-me em um lugar vazio na frente dele. — Você parece bastante ocupado, mas definitivamente não está ocupado demais para ir ao cassino comigo hoje à noite.
— Você vai ao cassino hoje?
— É claro, NÓS vamos ao cassino hoje.
— Mas você nunca mencionou isso antes. Estou muito chateado...
— Eu me lembro de ter falado sobre isso pouco antes de você decidir que o melhor momento para fazer amor com sua esposa era durante uma ligação comigo.
— Ah, sim, sobre isso. Sinto muito, cara.
— É claro que você sente. Você poderia me mostrar o quanto está arrependido me acompanhando ao cassino hoje.
— Tudo bem! Se você insiste.
— Sim! E acabei de ver sua nova secretária.
— Sim. Bianca.
— Então, como está o desempenho dela?
— Oh, excelente! Ela é muito eficiente. Na verdade, ela reduz a quantidade de trabalho que recai sobre meus ombros.
— Isso é bom, então.
— E ela também é inteligente. Se seu desempenho no trabalho continuar assim, talvez eu seja ganancioso demais para deixá-la ir embora tão cedo.
— Hummm. Impressionante. — murmurei, bastante surpreso. Alex dificilmente elogiava sua equipe. Isso era novo.
— Chega de Bianca, como você está? Já pensou em algo espontâneo? — Ele perguntou, fazendo-me sorrir.
— Acho que não haveria necessidade disso, irmão.
— Por quê?
— Nós resolvemos nossas diferenças ontem à noite. Com muito sexo, se é que posso acrescentar. — Sorri, fazendo-o dar uma risadinha.
— É sempre esse ciclo para vocês dois. — Ele balançou a cabeça enquanto ria. Terminar, fazer as pazes, terminar. Espero que vocês dois fiquem por mais tempo sem mais problemas desta vez.
— Tanto faz. Apenas fique feliz por mim. — Eu zombei. — Enquanto isso, vamos falar de negócios.
— Sobre o quê? — Ele perguntou, sua atenção totalmente voltada para mim enquanto fechava o arquivo à sua frente.
— Os Marcolinis têm mexido com minhas importações ultimamente.
— Como? — Alex me encarou com um olhar de morte.
— Eles não estão cumprindo a parte deles do acordo. Nós pagamos a eles, mas não recebemos o pedido exato.
— Droga! Pensei que Marco já tivesse superado esse hábito. Eu deveria ter uma conversa com ele. Isso se você não se importar.
— Mas por que eu me importaria?
— Provavelmente não quero fazer parecer que você não consegue lidar com algumas questões. Você pode pensar que estou prejudicando sua posição como Senhor. — Ele suspirou, encolhendo os ombros.
— Alex, é bobagem você ter esses pensamentos passando pela sua cabeça. Eu sabia que não seria fácil quando aceitei esse cargo. Por favor, resolva essa bagunça imediatamente. Se houver algum traidor do nosso lado, algumas balas em seus crânios devem ser suficientes.
— Esse é o espírito. — Ele deu um sorriso maligno. — Sim, chefe.