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CAPÍTULO 2

Abril de 2019

PONTO DE VISTA DA BIANCA

Fechei o zíper da parte de trás do meu vestido e dei uma volta de três e sessenta em frente ao espelho. Sorri satisfatoriamente ao ver meu reflexo no espelho. Era o dia de Amara, mas era muito engraçado como eu estava mais preocupada com minha aparência.

— Você já está perfeita, Bianca! — Mamãe balançou a cabeça em descrença, enquanto entrava em nosso quarto. — Ocupe-se em ajudar sua irmã. — Ela ordenou, e eu assenti. Amara deu uma risadinha do outro lado do quarto e eu dei um sorriso envergonhado. Ela esperou que mamãe saísse, antes de me provocar.

— Pensei que fosse só a minha convocação. Você tem um encontro?

— Sério? Amara, de verdade?

— O quê?! — Ela jogou as mãos para o alto, e eu a olhei com cara de — Está falando sério?

— Quem sabe você pode ter convidado a Kylie...

— Kyle! — Eu corrigi. — O nome dele é Kyle. E não, eu não o convidei. Ele nem viria se eu convidasse. — Murmurei a última parte, sentindo-me muito mal.

— Ah, não diga isso agora. — Ela balançou a cabeça em sinal de desaprovação e voltou totalmente sua atenção para mim. — Desculpe-me por provocar você com um assunto tão delicado.

— Kyle está longe de ser um assunto delicado. — Eu respondi com teimosia.

— Sim! Você está certo. Alguém como ele não deveria nem ser classificado como tal. Mas ele a magoou e eu não deveria fazer piadas sobre ele. Me desculpe. — Ela fez beicinho, me olhando com aquele olhar de cachorrinho.

— Ele não me machucou. Ele só me disse que estava muito acima da minha liga e, se formos honestos, ele nunca mentiu. — murmurei com tristeza. Por mais que eu quisesse me mostrar neutra em relação a tudo isso, na verdade eu havia sido magoada por Kyle. Ele foi o primeiro cara de quem eu gostei tanto quanto deixá-lo saber que eu gostava. Ser humilhada na presença de outros alunos nunca fez parte dos meus planos. Kyle vinha de uma família muito rica, mas ele era muito convencido e sempre rude. Na maioria das vezes, eu me perguntava por que havia me apaixonado por alguém como ele. Mas não era de surpreender que eu tivesse me apaixonado. Ele era o maior garoto da escola e literalmente todas as garotas o desejavam. Lembro-me de como ele ria junto com outros alunos, depois de anunciar que eu estava muito fora de seu alcance. Isso aconteceu depois de eu ter confessado meus sentimentos a ele. Eu havia conversado com ele em particular sobre o assunto, então vê-lo contar a todos sobre isso me fez sentir muito mal. Lágrimas não derramadas brotaram em meus olhos e precisei de muita força para não deixá-las cair.

Felizmente, consegui fazer com que minhas pernas andassem e saí do meu lugar de zombaria. O que eu estava pensando? Mamãe sempre me pediu para deixar os meninos e me concentrar nos livros. Na escola, eu sempre fui solitária, portanto, literalmente, não tinha ninguém para me consolar e dizer que tudo ficaria bem. Era meu último ano no ensino médio, e Amara já estava na faculdade. Eu havia guardado minhas lágrimas e minha dor para quando Amara voltasse das aulas naquele dia. Enquanto contava tudo o que aconteceu, chorei muito.

Amara me consolou e me lembrou que já eram meus últimos dias no ensino médio. Em breve, eu estaria na faculdade e todo o drama do ensino médio ficaria para trás. Concordei com a cabeça, sentindo-me bem melhor. Se ao menos eu soubesse que Kyle estava indo para a mesma faculdade que eu, não teria sentido tanta paz. Atualmente, era apenas o segundo semestre do meu primeiro ano na faculdade, mas eu havia mudado de direção, me escondido atrás de flores e literalmente corrido uma longa distância milhares de vezes, apenas para evitar esbarrar nele. Eu sabia muito bem que deveria ter superado o constrangimento que ele me causou, mas isso levaria muito tempo. Até agora, eu tinha apenas um sonho. Trabalhar tão arduamente que um homem nunca tivesse a oportunidade de me dizer que eu estava fora de seu alcance. Não me entenda mal, nunca tive vergonha de minhas raízes. Embora meus pais não fossem os mais ricos, eles garantiram que estivéssemos muito confortáveis e que nunca nos faltassem as coisas básicas. Meus pais criaram apenas Amara e eu, portanto, cuidar de nós era muito difícil. Minha família era adorável e era algo de que eu sempre me orgulharia. Mas eu sonhava em ser melhor do que meus pais.

Eu sonhava em atingir muitos objetivos que meus pais provavelmente não conseguiriam alcançar. Eu queria fazer um nome. Queria construir um legado duradouro para meus filhos e para as gerações futuras. Eu queria um grande império, e eu o conseguiria. Eu não tinha certeza de como faria isso, mas com certeza sabia que teria de trabalhar duro. O primeiro passo era me formar com um diploma incrível na faculdade. Eu já estava trabalhando nisso.

— Você poderia me ajudar a trançar meu rabo de cavalo? — perguntou Amara, tirando-me de meus pensamentos.

— Sim, claro. — Dei um pequeno sorriso e fui em frente para fazer meu trabalho em seu cabelo.

— Hpheew! — Ela exalou, olhando para o espelho diante dela, enquanto eu trabalhava em seu cabelo. — Se eu tivesse tanto cabelo quanto você? — Ela disse sonhadora, fazendo-me zombar.

— Todo mundo sabe que meu cabelo não é nem um pouco desejável. É excessivamente cheio e nunca pode ser domado. A cor é bastante horrível. — Franzi a testa, olhando para a cor estranha do meu cabelo no espelho. Não era a primeira vez que eu pensava em genes mutantes quando me olhava. Minha mãe tinha um tom de cabelo castanho muito bonito. Meu pai tinha cabelos pretos, que se tornaram o reflexo de Amara. Então, de onde exatamente vinha a cor do meu cabelo laranja queimado? Parecia uma mistura de laranja, vermelho, marrom e... nada agradável.

— Eu sei o que está em sua mente agora. — Amara olhou para mim. — É normal que as crianças tenham cores de cabelo que são alguns tons diferentes das cores de seus pais. A cor do seu cabelo é apenas alguns tons mais clara que a da mamãe. — Ela deu de ombros.

— Mas eu não gosto dele.

— Mas é lindo. — Ela insistiu, tentando me fazer entender o que eu simplesmente não conseguia. — Eu realmente nunca vi outra pessoa com um cabelo tão bonito quanto o seu. — Seus olhos se iluminaram com sincera admiração, e eu me perguntei o que era preciso para que eu visse as coisas da mesma forma que o resto da minha família. Para mim, eu parecia apenas uma boneca barata.

— Pare agora.

— Você sabe... — Ela começou. — O problema com você é que você não aceita sua singularidade. Você falou muito sobre como deseja realizar muitas coisas e construir um grande império para sua futura família. Para alguém com sonhos tão grandiosos, sua mentalidade não é legal. — Ela deu um sermão. — Você não valoriza sua singularidade. Olhe para si mesmo. — Ela ordenou, e eu olhei. — Quantas garotas você já viu com a mesma cor de cabelo que a sua? — Eu não queria entrar em um longo debate com ela porque já havia encontrado muitas, então fiquei quieta. — Seu silêncio diz tudo. Você é linda, minha doce irmãzinha. Aceite isso!

— Sabe, você deveria se abster de ter esse tipo de discussão com sua irmã.

Voltamos para trás e vimos minha mãe parada na porta, parecendo não estar impressionada.

— Eu me pergunto qual é a obsessão dela com a cor do cabelo. Além disso, a vida é mais do que a cor do cabelo. Fico triste quando você perde seu tempo tentando convencer Bianca de que o cabelo dela é bonito. Ela provavelmente deixará de se preocupar com a cor do cabelo quando o pai dela me mandar embora da casa dele, sob a alegação de infidelidade. — Mamãe riu, mas suas palavras me afetaram mais do que ela imaginava. Tudo o que ela havia dito era a verdade. Eu tinha que parar de me preocupar com isso. A propósito, isso nunca me ajudou em nada. — Chega dessa conversa. Amara, você definitivamente não quer se atrasar. Todos estão prontos e esperando por você. — Mamãe sorriu e eu tinha uma ideia do motivo. — Carlos também está aqui. — Ela acrescentou. Eu pensei o mesmo. Observei quando Amara corou de rosa e olhou para baixo timidamente. Seu noivo tinha vindo de Florença só para estar com ela hoje. Isso foi muito gentil.

— Quando ele chegou aqui? — Ela perguntou.

— Há mais de uma hora.

— E você não disse nada? — Ela disse em tom de desaprovação, fazendo mamãe suspirar cansada.

— Acalme-se. Você ainda não estava vestida naquele momento. — Raciocinei. — Além disso, ele não está fugindo. Ele passaria o dia inteiro com você. — Eu sorri.

Eu estava feliz pelo fato de minha irmã poder finalmente amar o homem que ela queria tão livremente. A história de amor de minha irmã era muito interessante, mas vamos deixá-la para outro dia. Neste momento, estava na hora de ir para a arena de convocação.

— Podemos ir agora? — Ela perguntou com impaciência. De certa forma, eu sabia que sessenta por cento de suas razões para se apressar de repente era para ver Carlos.

— Claro que sim. Não temos mais nada a esperar. — Mamãe concordou com um sorriso conhecedor. — Vamos lá! — Ela acenou para que a seguíssemos e o fizemos em uma fila reta. — Bianca, não quero ver um lenço ou chapéu em seu cabelo. Deixe esse cabelo respirar! — Eu já esperava por isso. Sentindo-me desautorizada a cobrir meu cabelo como eu adoraria, segui a contragosto. No meio do caminho, percebi que havia esquecido meu protetor labial e voltei rapidamente para dentro de casa para pegá-lo. Sempre achei difícil estar fora de casa. Eu sempre achava difícil sair sem ele. Eu odiava lábios rachados. Eu literalmente não suportava! Peguei meu protetor labial e corri para me encontrar com minha mãe e minha irmã. Chegando à sala de estar, vi todos completamente vestidos e prontos para sair. Todos, exceto minha prima, Mila.

— Mila? — Eu a chamei e ela se virou para me olhar com um pequeno sorriso em seu rosto. — Por que você ainda está com suas roupas casuais? Já está na hora.

— Querida, sua prima não vai participar da cerimônia de convocação junto com vocês.

— Junto com 'nós'? Presumo que você também não viria.

— É claro. Alguém precisa ficar lá atrás com o zucherro. — Era assim que mamãe chamava minha prima.

— Mas por que ela vai ficar lá atrás? A Mila parece ser forte o suficiente para mim. — Fiz beicinho, não querendo ir sem a Mila.

— Ela insistiu em preparar os pratos para a comemoração de hoje. — Mamãe murmurou, parecendo um pouco irritada. — Não sei por que ela está tão determinada a fazer um trabalho tão extenuante em sua condição.

— Tia... — Mila deu um sorriso de lado. — É o grande dia de Amara e isso é o melhor que posso fazer por ela. — Se eu estivesse sendo honesto, todos sabiam que Mila era extremamente talentosa quando se tratava de cozinhar. Já fiquei com água na boca ao imaginar os tipos de pratos que ela faria hoje. Mas ela estava grávida e não deveria estar tão estressada.

— Mas eu não estava reclamando. — Amara suspirou.

— Nem eu. Pense nisso como um exercício pré-natal. — Mila sorriu maliciosamente. — Aproveitem o dia, pessoal. — Ela disse, nos dispensando automaticamente, para a consternação dos meus pais, e indo embora.

— Ela sempre faz o que quer. — Meu pai resmungou.

— Eu o ouvi em alto e bom som, tio. — Mila gritou enquanto se afastava.

— Eu não disse nada! — Papai negou, olhando para mamãe e dando um risinho de culpa. — Por favor, cuide dela, meu amor. — Ele olhou para a mamãe e se inclinou para lhe dar um beijo casto no lábio. Sempre que eu olhava para meus pais, desejava poder recriar o que eles compartilhavam com alguém especial lá fora.

— Claro, Tesoro. — Ela acenou com a cabeça. — Tudo bem, vocês todos já deveriam ir embora. — Mamãe disse, já cansada de nos ver perder mais tempo. Nesse ritmo, Amara ia se atrasar para a coisa dela. Carlos. — Ela chamou. — Dirija com cuidado.

— Quem disse que ele estava dirigindo? — Papai perguntou com uma carranca de menino.

— Eu disse que sim. — Mamãe respondeu com as mãos postas, não lhe dando espaço para argumentos.

Ele se virou e foi até a porta, resmungando palavras que soavam como — ela agora está preferindo ele a mim. — Olhei para Carlos e Bianca e os vi rindo entre si. Era sempre assim quando seu pai a entregava a contragosto em casamento porque ele não tinha mais a liberdade de tomar decisões por você. Amara e Carlos haviam lutado com unhas e dentes para ficarem juntos. É muito engraçado como estamos todos aqui juntos, felizes, quando Carlos quase perdeu a vida tentando pedir Amara em casamento há apenas três meses. Esse foi um incidente engraçado, mas assustador. Acenei para minha mãe e me juntei ao resto da minha família para sair de casa. A viagem até a arena da convocação foi tristemente curta. Eu sempre gostei de ficar o máximo de tempo possível em veículos em movimento. Não sabia por que, mas esse era um hábito desde que eu conseguia entender as coisas. Sentindo-me insatisfeito com nossa viagem, saí do carro junto com minha família e entrei no grande salão. Todo o espaço estava cheio. Os chapéus azuis-marinhos dos alunos convocados desenhavam o salão inteiro.

— Venha, querida! — Papai chamou Amara, entregando-lhe o roupão, que ela rapidamente pegou e vestiu por cima do vestido.

Observei feliz enquanto ele colocava o chapéu na cabeça dela. Papai parecia tão orgulhoso de Amara e eu só esperava ver esse tipo de orgulho em seus olhos quando fosse o meu grande dia também. Meu pai sempre nos amou como seus filhos, mas não era novidade que Amara era sua favorita. Essa também era a razão pela qual ele achava difícil deixar Amara se casar tão cedo. Dei um suspiro enquanto prometia a mim mesma deixá-lo duas vezes mais orgulhoso. Ele terminou de colocar o chapéu na cabeça dela e pediu que ela fosse correndo. Suas companheiras já estavam sentadas na primeira fila, esperando o início do evento.

— Vamos, Bibi. — Papai pegou minha mão e nos levou para outra fileira com assentos vazios, com Carlos atrás de nós. Nós nos acomodamos e, depois de alguns minutos, uma das personalidades convidadas subiu ao pódio.

— Lindo! — A mulher de meia idade disse com um sorriso igualmente lindo no rosto. — Todos vocês estão magníficos. — Ela elogiou e todos os alunos convocados aplaudiram em retorno. — Hoje é um dia maravilhoso para todos vocês e, por isso, somos imensamente gratos a Deus. Dou as boas-vindas a todos os nossos pais e convidados a esta cerimônia com um coração alegre. Como todos vocês já sabem, eu sou Bernice Fernandez, a diretora de assuntos estudantis desta grande instituição.

— Uau!!! — Alguns alunos aplaudiram enquanto os demais batiam palmas. — Eu estaria chamando uma pessoa muito renomada.... — O resto do discurso dela não foi ouvido enquanto eu entrava em um mundo só meu. Mila teria gostado desse evento, se tivesse vindo conosco. Talvez se ela estivesse aqui para testemunhar esse evento pessoalmente, ela se sentiria mais encorajada a voltar para a Itália para fazer faculdade. Se eu estivesse sendo sincero comigo mesmo, já sentia falta da minha prima. Ela ainda estava aqui conosco, mas a ideia de que iria embora em breve não me agradava nem a mim nem a nenhum membro da minha família. Ela tinha acabado de chegar à Itália há sete meses, e eu já estava preso a ela pela cintura. Tentei passar o máximo de tempo possível com Mila porque não tinha ideia de quando ela nos deixaria. Talvez ela fosse embora depois de ter o bebê. Além disso, ela sentia muita falta do noivo e voltaria correndo para ele quando tivesse certeza de que a costa estava livre. Sentindo uma vontade repentina de ir ao banheiro, pedi licença e saí do corredor. Encontrei um porteiro de aparência jovial e pedi informações sobre o banheiro. Assim como eu havia imaginado, ele era bastante jovial.

— Você é tão bonita! — Ele sorriu, fazendo-me dar uma risadinha.

— Obrigada.

— Sim. — Ele olhou para o meu cabelo, com um olhar mais concentrado nele. Imediatamente, me senti muito desconfortável porque tinha uma ideia do que viria a seguir. Meus colegas do ensino médio sempre me chamaram de anormal. A cor do meu cabelo não era agradável aos olhos, e sempre me perguntei por que minha família se preocupava em tentar me fazer acreditar que ele era bonito. Eu sempre me considerei muito bonita e agradável aos olhos, mas uma cor de cabelo menos dramática teria me deixado mais bonita. — Bela tintura. — Ele sorriu, fazendo com que eu olhasse para ele confusa.

— Desculpe? — murmurei.

— Seu cabelo. É uma bela escolha de cor.

— É.... linda? — perguntei surpreso. Essa foi a primeira vez que alguém, além da minha família e dos gentis membros da igreja, elogiou meu cabelo. Genuinamente.

— Sim. É.... raro? — Ele olhou para mim, um pouco inseguro. — Essa é a palavra certa?

— Não sei. — Dei de ombros preguiçosamente com um sorriso inacreditável no rosto. Talvez o fato de ser elogiada por pessoas que não se sentiam na obrigação de me fazer sentir melhor comigo mesma tenha sido diferente.

— É porque já encontrei muitas pessoas com essa cor de cabelo. Mas a tonalidade do seu é simplesmente ...., é hipnotizante. Único. Onde você fez isso? Poderia sugerir algo assim para minha namorada. — Seu sorriso se alargou, assim como o meu.

— Ohhh. — murmurei.

— Sim. — Ele acenou com a cabeça. — Parece que você não está tão pressionado, afinal de contas.

— Eu estava, até alguns segundos atrás. — Dei um pequeno sorriso. — A propósito, é a cor natural do meu cabelo. Adios. — Acenei e caminhei em direção ao banheiro. Depois de me aliviar, olhei-me no espelho e senti um sorriso pequeno, mas feliz, surgir em meu rosto. Afinal, talvez eu diminuísse o uso de cachecóis e bonés. PODERIA! Dei uma risada de como estava sendo boba e corri de volta para o corredor. No caminho, cruzei com uma certa pessoa, mas não consegui evitá-la dessa vez.

— Ei, aberração!

— Eu não sou uma aberração. — murmurei quando ele finalmente ficou cara a cara comigo.

— O que você disse? — Ele fez uma careta, fazendo meu coração bater forte no peito. Engolindo com dificuldade, olhei em seus olhos e repeti.

— Eu disse que não sou uma maldita aberração! — Gritei com raiva reprimida.

— Nunca mais me chame assim. Eu sou único, nada menos que isso. — Seus olhos se arregalaram no que parecia ser um choque, mas não esperei que ele dissesse qualquer outra palavra, antes de passar por seu ombro e ir embora. A propósito, o que ele estava fazendo aqui? Esta era a faculdade da minha irmã, não a nossa. Será que ele também tinha um irmão ou membro da família que estava se convocando aqui também? Sinceramente, esse poderia ser o menor dos meus problemas porque, pela primeira vez, eu o enfrentei. Pode não ter sido tão bom, mas foi algo importante para mim. Por um momento, eu me preocupei mais em deixar alguém saber que eu não tinha vergonha da minha aparência. Ou, no mínimo, estava começando a não ter vergonha. Com um suspiro baixo, voltei para o corredor e fui até onde eu estava sentado ao lado do meu pai.

— Por que você demorou tanto? — ele sussurrou.

— Desculpe-me. — murmurei, fazendo-o soltar um suspiro. Ficamos atentos enquanto assistíamos a todo o processo de apresentação da equipe sênior da instituição. Logo, eles passaram para a parte de entrega de prêmios da cerimônia. Eles apresentaram diferentes convidados importantes para entregar os prêmios aos alunos homenageados. Até o momento, Amara havia recebido um prêmio, e o papai parecia muito orgulhoso. Depois de algum tempo, o reitor se adiantou para apresentar outra pessoa que apresentaria a próxima categoria de prêmios. Eram os prêmios para os alunos que estudavam Administração de Empresas.

— Em seguida, vou chamar uma personalidade muito importante no mundo dos negócios da Itália e nas comunidades internacionais como um todo. Ele é o CEO do império Russo. — Russo Russo Russo. — Império Russo— me chamou a atenção. Eu já tinha ouvido isso muitas vezes quando estava no ensino médio. Eu não sabia muito, mas sabia que era um dos impérios mais fortes da Itália. Houve um silêncio absoluto enquanto ela falava.

— Por favor, dêem as boas-vindas a Manuel Russo. — Ela havia chamado o nome dele de forma tão casual, o que contradizia o nível de aplausos vindos da congregação. Eram muitíssimo altos.

Em pouco tempo, houve uma ovação de pé e os trompetes também soaram. Senti arrepios em minha pele. Quem era esse homem? Também me levantei, em uma tentativa de vê-lo, mas pessoas muito mais altas bloquearam o caminho. Decidi me sentar calmamente, até que todas as outras pessoas também se sentassem. Como eu imaginava, os aplausos logo diminuíram e todos se sentaram. Finalmente consegui vê-lo e, por Deus, o homem estava ótimo! Ele era..... jovem! Não era da minha faixa etária, mas era mais jovem do que eu esperava. Muito jovem, mas liderava um império próspero. Jovem e poderoso. Esse sempre foi meu objetivo. Ao olhar para o homem com tanta admiração, senti meus batimentos cardíacos acelerarem agressivamente. Eu sabia que não era apenas por admiração, pois meu estômago começou a parecer gelatina. Minhas pernas também formigavam. Isso estava acontecendo por causa de um homem que eu tinha visto pela primeira vez. Outro homem que estava muito acima da minha liga. Manuel Russo.

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