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Capítulo 2

Capítulo 2: O Preço do Silêncio

O frio da noite gelou meus ombros enquanto me afastava da mansão. O som ensurdecedor dos meus saltos na calçada parecia uma contagem regressiva. Com a bolsa apertada contra mim, dei uma última olhada por cima do ombro antes de desaparecer em um beco escuro onde um carro preto com vidros escuros me esperava.

Deslizei para o banco de trás e coloquei a bolsa no colo. A porta se fechou com força e o carro partiu imediatamente. Ninguém falou durante o passeio. O motorista, um dos homens de Jonas, foi instruído a permanecer em silêncio. Eu preferia repassar a noite repetidamente em minha cabeça. A voz de Samuel, seu olhar intrigado…

— “Ele está impedido, Nina. Você fez a coisa certa.”

O carro parou de repente em um armazém abandonado. Os faróis iluminaram o interior empoeirado, revelando Jonas sentado casualmente em uma cadeira, um cigarro entre os dedos. Ele me observou aproximar com um sorriso predatório, cercado por seus capangas.

— “O melhor ladrão da cidade”, disse ele, com a voz cheia de satisfação. "Então, minha querida, você fez isso?"

Coloquei a bolsa na frente dele. O zíper rangeu levemente quando ele o abriu para examinar o conteúdo. Seus olhos se arregalaram ao ver as notas, relógios e joias brilhando na luz neon amarela.

— “Você conseguiu, Nina Como sempre”, disse ele, fechando a sacola. “Moretti nem vai entender o que aconteceu com ele.”

Permaneci impassível apesar de seus elogios. Jonas não deu nada de graça. Ele enfiou a mão no bolso da jaqueta de couro e tirou um maço de notas que jogou para mim.

- “Sua parte é bem merecida.”

Agarrei-o com um movimento rápido, meu coração ainda acelerado. Não, obrigado. Em nosso mundo, o reconhecimento era medido pelo pagamento. Jonas me encarou por um momento, como se tentasse ler meus pensamentos.

— “Você parece em outro lugar, Nina, está tudo bem?”

— “Perfeitamente”, menti, enfiando o dinheiro na bolsa. "Eu vou voltar."

- “Descanse bem. Você não está pronto para o que acontecerá a seguir.”

Eu fiz uma careta, mas não disse nada. Com Jonas, fazer perguntas era como abrir uma porta que você preferiria manter fechada.

Voltei para casa de madrugada. O apartamento era pequeno, desgastado pelo tempo, mas era o nosso refúgio. Abri a porta com cuidado, tomando cuidado para não fazer barulho. Na escuridão, caminhei até o pequeno quarto no final do corredor.

Lá, dormindo pacificamente sob os lençóis amarrotados, estava Léo, meu filho. Seus cachos loiros caíam sobre sua testa e sua respiração estava calma. Meu mundo inteiro cabia nesta cama.

Ajoelhei-me ao lado dele, acariciando suavemente sua bochecha. Um sorriso involuntário esticou meus lábios.

— “Estou aqui, meu anjo”, sussurrei.

Ele se mexeu um pouco, mas não acordou. Dei um beijo em sua testa antes de me levantar. Por mais forte que eu agisse, era por ele que eu colocava tudo em risco todos os dias. O dinheiro do Jonas permitiu-nos sobreviver. Mas a que custo?

Tomei um banho rápido, deixando a água escaldante lavar os últimos vestígios da noite. Quando saí, vesti jeans e blusa preta. O telefone vibrou na mesinha de centro: uma mensagem de Clara, minha melhor amiga.

- “Venha para o clube. Estamos comemorando esta noite!”

Olhei para Leo. Ele dormiria por mais horas. Meu corpo gritava de cansaço, mas eu sabia que depois de uma missão bem-sucedida, a pressão precisava ser aliviada.

- “Por que não?”, pensei.

A música ensurdecedora me cumprimentou assim que abri as portas do clube. Luzes vermelhas e azuis brilharam, lançando sombras em movimento sobre a multidão frenética. Encontrei Clara perto do bar, uma vodca na mão e o sorriso radiante de sempre.

— “A estrela da noite!” ela chorou quando me viu.

Eu me juntei a ela, pegando o copo que ela me entregou.

— “Então, missão cumprida?” ela perguntou, curiosa.

— “Como sempre”, respondi com uma piscadela.

Clara ri antes de me levar para a pista de dança. O ritmo da música vibrava sob meus pés, carregando consigo o peso da noite. Dancei como se nada mais existisse. O riso irrompeu ao nosso redor, corpos colidiram e, por um momento, me senti livre.

Livre para não pensar mais em Samuel Moretti. Livre para não ver mais seu olhar em minha mente. Mas, apesar do álcool e da euforia, uma vozinha sussurrou para mim que tudo isso era apenas uma pausa temporária.

Me deixei levar, rindo com Clara, girando na pista. Os ingressos estavam seguros no meu apartamento, Leo dormia tranquilamente e, por uma noite, eu poderia esquecer.

O PONTO DE VISTA DE Samuel

Acordei com uma dor surda na cabeça, como se um martelo estivesse batendo dentro do meu crânio. A luz fraca do meu quarto pareceu me cegar e levei alguns segundos para recuperar os sentidos. Minha garganta estava seca e meu corpo estranhamente pesado.

A cadeira de couro rangeu sob meu peso quando me sentei. Aos poucos as lembranças da noite vieram à tona: a festa, essa mulher misteriosa… Jade Delacroix.

Fechei os olhos por um momento, tentando entender. Algo estava errado.

Minha mão instintivamente encontrou o copo na mesinha de centro. Vazio. Mesmo assim, eu tinha certeza de que não tinha bebido o suficiente para desmaiar daquele jeito.

E foi então que vi: a pintura moveu-se ligeiramente, como se alguém a tivesse vasculhado.

Um arrepio gelado percorreu meu corpo.

— “Não...” sussurrei, levantando-me abruptamente.

Afastei a pintura, revelando o baú escondido na parede. Meu coração batia forte quando digitei o código. Uma luz vermelha brilhou.

- “Não, não, não!” Eu rosnei.

Repeti o código, mas o resultado foi o mesmo. Alguém havia arrombado o porta-malas.

Quando finalmente consegui abri-lo, a verdade me atingiu: vazio. Os ingressos, as joias, os relógios… tudo se foi.

Cerrei os punhos, minha raiva fervendo por dentro como um vulcão pronto para explodir. Esta mulher... Esta maldita mulher me drogou e me despiu como um amador.

- “Nunca mais.”

Atravessei a sala num piscar de olhos, abrindo a porta. Os guardas postados no corredor levantaram-se instantaneamente, surpresos com minha aparência furiosa.

— “Você não a viu sair?” Eu lati.

O mais alto dos dois, Marco, balançou a cabeça, parecendo desconfortável.

— "Não, chefe. Ela ficou no quarto com você e não vimos nada de anormal depois disso."

— “Nada visto?! Você quer que eu acredite que uma mulher solteira conseguiu sair dessa casa com uma sacola cheia de coisas minhas sem ninguém perceber?”

Eles trocaram um olhar nervoso. O outro, um jovem moreno chamado Luca, gaguejou:

— “Achamos que ela ainda estava com você, senhor. Ela parecia… normal.”

Normal. Essa palavra ecoou na minha cabeça. Eles foram enganados tão facilmente quanto eu.

Passei a mão pelo rosto, tentando conter minha fúria. Tudo naquela noite tinha sido uma armadilha, e eu pulei nela como um idiota.

— “Traga os outros”, ordenei com a voz fria. "E verifique as câmeras. Quero saber como ela escapou e para onde foi."

— “Agora mesmo, chefe”, Marco respondeu enquanto se afastava.

Voltei para o meu quarto, minha cabeça zumbindo de raiva e humilhação. Eu não conseguia acreditar que um estranho tivesse me manipulado daquele jeito.

Inclinei-me sobre a mesa de centro, olhando para o copo vazio. O gosto amargo da traição foi mais difícil de engolir do que o comprimido para dormir que ela me deu.

– “Jade Delacroix,” eu sussurrei. “Ou qualquer que seja o seu nome verdadeiro… Você não vai escapar impune.”

Ela conseguiu me fazer dormir, me roubar e desaparecer. Mas ela ainda não sabia com quem estava lidando.

Peguei meu telefone e liguei imediatamente para meu contato de segurança.

— "Tony, verifique todas as gravações desta noite. Quero um rosto, um rastro, uma trilha. E encontre para mim tudo o que puder sobre essa mulher. Agora."

Desliguei antes que ele pudesse responder.

Havia uma regra neste mundo: ninguém me traiu sem pagar o preço. Jade ou qualquer que fosse seu nome verdadeiro assinou sua sentença de morte. Eu faria qualquer coisa para encontrá-la, para entender como ela conseguiu me enganar.

E quando eu coloco minhas mãos nela...

Sorrio apesar de tudo, um sorriso cruel, cheio de promessas sombrias.

— "Vamos ver quem joga melhor o jogo de mistério, Nina."

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