2 -Raissa
Depois de vinte minutos, estou em frente à mansão dos Hajid. Os seguranças me conhecem, quando me veem abrem sem pegar minha identidade e checar em sua lista.
Do portão até a entrada segue um caminho de paralelepípedos iluminados por postes de luz até uma área verde coberta de grama seguido por um grande bolsão que serve para estacionar os carros.
Logo encontro um lugar vago. Vaga que não falta para estacionar, mediante a grandiosidade da área externa.
De onde estou já posso ouvir o som de música árabe, bem animada. E, pelo enfeite de lenços coloridos na entrada, já imagino o que me espera.
Insegura, olho meu vestido.
Será que estou usando o vestido certo? Ou deveria ter colocado um mais colorido e leve?
Eu entro no hall da mansão e sigo até a sala, depois até o grande salão de baile, lindamente decorado em estilo oriental. Embora eu já tenha ouvido histórias sobre as festas extravagantes dos Hajid, o glamour do lugar é de tirar o fôlego. Essa porta sempre esteve fechada. Nunca entrei aqui, é a primeira vez.
O pé-direito é alto e está coberto por um tecido branco, e me lembra uma tenda. A iluminação vem de candelabros nas laterais e de um lustre que projeta luz da mesma cor das velas.
No centro do salão dançam algumas dançarinas de dança do ventre, todas cobertas por véus coloridos. Uma delas dança no meio coberta por véus vermelho forte.
As pessoas, contagiadas pela dança, batem palmas. Toda a casa está enfeitada por folhagens e véus coloridos. As pilastras, decoradas por fitas douradas.
Os convidados são um mar de homens com roupas típicas árabes, muito elegantes.
As mulheres, glamorosas. Há muitos jovens. E adultos de todas as idades.
Percebo que a maioria é de origem árabe. As mulheres são exóticas. Os cabelos longos e negros.
Então percebo que estou na maior concentração de pessoas atraentes que já vi.
Embaraçada, passo as mãos pelos meus cabelos. A mãe de Raissa, Helena Hajid, quando me avista dá um sorriso. Ela caminha em minha direção com a leveza e beleza de um lindo cisne.
A comparação que fiz é devido ao seu longo vestido branco, brilhante. Ela está ornamentada com várias joias. Isso faz parte da cultura árabe, as mulheres valorizam muito as joias, os ornamentos; embora ela seja inglesa, parece ter assimilado parte da cultura do marido. Ela é uma senhora alta, os cabelos são pintados de castanho escuro, os olhos, azuis. Ela deve ter uns 65 anos, mas aparenta bem menos.
Os árabes costumam preservar a cultura e a religião muçulmana com bastante rigor. Segundo Raissa, eles esperavam que o pai dela, Rashid, se casasse com uma moça árabe escolhida por eles, preservando o costume e a cultura. Mas Rashid Hajid contrariou a todos da família egípcia ao casar-se com Helena. Ele acabou saindo do Cairo e se mudou para a Inglaterra, deixando todos os seus familiares em nome do amor.
Sim, o amor de Rashid por Helena foi tão grande a ponto de ele assumi-la, sem se importar com as dificuldades e seu distanciamento da família; embora eles valorizem muito a família, o amor de Rashid transcendeu a tudo isso.
Helena Hajid se aproxima de mim e diz alto, por causa do volume da música árabe da festa:
— Karina, que bom que você veio. Raissa já vai descer. Gostou da decoração?
Eu sorrio e passo os olhos por tudo. Dou um suspiro e digo alto:
— Está tudo tão lindo! Eu amei a decoração.
Raissa nessa hora aparece ao lado da senhora Hajid.
— Aí está ela. Vocês agora me dão licença — Helena Hajid, sorrindo, se afasta.
— E então, gostou? — Raissa pergunta, sorrindo.
— Meu Deus, eu gostei muito, por isso suas festas são tão faladas — falo em tom alto.
— Eu sempre te convidei. Você é que nunca veio.
Eu dou um sorriso.
— Raissa, você sabe que eu me formei agora. Quando eu te conheci, eu estava fazendo as provas finais.
Raissa sorri e rodopia na minha frente.
— Reconhece este vestido?
Eu abro meu sorriso. Sim, ela usa um vestido que eu desenhei para ela. Branco e leve. Cheio de véus coloridos presos a ele.
— Ficou lindo em você. Parece que quando desenhei esse vestido eu estava prevendo esta festa.
Raissa ri, com gosto, jogando os cabelos negros para trás.
— É verdade. Vem, quero te apresentar a algumas primas minhas por parte da minha mãe.
Eu assinto e a sigo, pensativa.